PROPOSTA de SÍTIO GEOLÓGICO DO BRASIL PARA REGISTRO NOPATRIMÔNIO MUNDIAL(WORLD HERITAGE COMMITEE - UNESCO)

 

COMISSÃO BRASILEIRA DE SÍTIOS GEOLÓGICOS E PALEOBIOLÓGICOS (DNPM-CPRM-SBG-ABC-SBP-IPHAN-IBAMA-SBE-ABEQUA)

 

PROPONENTE:

Nome: Pedro Angelo Almeida Abreu

Endereço: Rua Pedro Paulo Seabra, 91

39100-000 Diamantina-MG - Brasil

Fax: 55 38 35311030

Telefone: 55 38 35313719

email: pangelo@fafeid.edu.br

Data: 29 de julho de 2004

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1) SUGESTÃO DE AUTOR(ES)PARA DESCRIÇÃO DO SÍTIO :

-1a) AUTOR PRINCIPAL:  Pedro Angelo ALMEIDA-ABREU, Faculdades Federais Integradas de Diamantina (FAFEID), pangelo@fafeid.edu.br

 

-1b) CO-AUTORES:  Friedrich Ewald RENGER, Centro de Pesquisa Manoel Teixeira da Costa-IGC-UFMG, frenger@dedalus.lcc.ufmg.br

Lúcio Mauro Soares FRAGA, Faculdades Federais Integradas de Diamantina (FAFEID), luciofraga@fafeid.edu.br

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2. NOME do SÍTIO:  Vale Glacial do Galvão, Diamantina-MG

(2a) SUGESTÃO DE TÍTULO DO ARTIGO A SER ESCRITO:  O Vale Glacial do Galvão:

 

(2b) SUGESTÃO DE SUBTÍTULO DO ARTIGO A SER ESCRITO (um vale tributário da glaciação alpina proterozóica do centro-norte de Minas Gerais

 

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3. TIPO DE SÍTIO: ____[ ]Espeleológico _______[ ]Paleontológico ______[X]Geomorfológico

 

[X] Paleoambiental ____[ ]Ígneo ______________[ ]Sedimentar ________[ ]Metamórfico

 

[ ] Mineralógico ______[X]Estratigráfico _______[ ]Tectono-estrutural ___[ ]Metalogenético

 

[ ] História da Geologia [ ]Astroblema _________[ ]Outro:___________________________

 

[ ] Marinho-submarino______________ Obs.[ ]Inclui vestígios arqueológicos

 

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4. LOCALIZAÇÃO

4.1. Município(s)/UF: Distrito de Inhaí, Diamantina/MG

4.2. Coordenadas geográficas: Lat/Long (centro da área): 17º 56’ 23” / 43º 34’ 58”

4.3. Nome do local: Fazenda Galvão

 

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5. JUSTIFICATIVAS para a inclusão como PATRIMÔNIO MUNDIAL:

 O Vale Glacial do Galvão representa, provavelmente, o único vale de natureza glacial de idade precambriana preservado na superfície terrestre. Segundo a literatura geológica internacional disponível, p. ex., Harland et al. 1989 (Cambridge University Press, 263 p.), Eyles 1993 (Earth-Sci. Rev., 35:1-48), o registro dos depósitos e feições morfológicas glaciogênicas precambrianos são escassos e geralmente precários. A raridade ou mesmo a exclusividade que o Sítio proposto encerra em termos de feições morfológicas, incluindo os depósitos glaciogênicos associados, relativos a ambientes glaciais terrestres antigos, pode ser entendido pelas observações de Eyles (1993: 8): "The long term preservation potential of terrestrial glacial facies is low, especially in areas of active tectonism and high relief …", assim como pelas observações de Reineck & Singh (1980: 206, Springer-Verlag, 2. Ed., New York, 549 p.): “the characteristics of glacially influenced landforms have little chances to be preserved and recognized.” No entanto, o Vale Glacial do Galvão destaca ambos, tanto o grau de preservação das formas de relevo, quanto dos depósitos glaciogênicos. O registro de atividade glacial do Sítio proposto integra unidades estratigráficas do Grupo Macaúbas, que são relacionadas a um evento glacial ocorrido entre 1,05 Ga e 0,95 Ga (D'Agrella-Filho et al. 1990, Palaeogeogr., Palaeoclimatol., Palaeoecol., 80: 255-265; Almeida-Abreu & Renger 2002, Rev. Bras. Geociênc. 32:1-14), e que acha-se amplamente reconhecido em domínios das partes central e norte do Estado de Minas Gerais, assim como na área central e centro-norte do Estado da Bahia, quase que exclusivamente sobre ou nas imediações das exposições de rochas paleo-mesoproterozóicas do Supergrupo Espinhaço. O Vale Glacial do Galvão representa também um registro estratigráfico valioso, pois como o vale escavou rochas do Supergrupo Espinhaço já estruturadas tectonicamente, evidencia uma orogênese anterior ao evento glacial, indicando assim um Ciclo Tectônico de idade Mesoproterozóica. O evento glacial de cerca de 1.0 Ga deve representar, segundo as idades de registros de glaciações apresentados por Eyles (1993), o primeiro evento glacial pós-Huroniano. Por outro lado, considerando a pronunciada incisão mostrada pelo Vale Glacial do Galvão nas rochas do Supergrupo Espinhaço, revelando pois um pronunciado nível de base local ou regional, sugere a efetiva “emersão continental” nos termos propostos por Moores (1993, Geology, 21:5-8). Pelo exposto, o Sítio ora proposto trata-se de um monumento natural espetacular e de notável significado científico e cultural.

 

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6.BREVE DESCRIÇÃO DO SÍTIO:

O Vale Glacial do Galvão acha-se assentado no flanco nordeste da Serra do Espinhaço Meridional a 750 m acima do nível do mar, no Distrito de Inhaí, distando cerca de 70 km de Diamantina para o norte. Integra o vale do Rio Caeté-Mirim, que representa um afluente de primeira ordem da margem esquerda do Rio Jequitinhonha. O Vale Glacial do Galvão apresenta-se, atualmente, como um pequeno tributário da margem esquerda do Rio Caeté-Mirim no trecho desse rio conhecido como Galvão. O vale é linear, de direção 110º Az e mostra fluxo “glacial” e fluvial para sudeste. Sua largura varia de 200 a 250 m e exibe uma extensão não superior a 1600 m, encravado em rochas quartzíticas do Supergrupo Espinhaço que definem paredes subverticais com 80 a 150 m de altura até a saída para o talvegue do Rio Caeté-Mirim. O substrato do vale acha-se completamente coberto por sedimentos recentes, predominando material arenoso, com concentrações maiores ou menores de sedimentos argilosos (geralmente saturados em matéria orgânica) e cascalhos. No seu limite a montante, uma rampa de forte inclinação (45º ou maior) une os dois flancos do vale até uma altura superior a 100 m desde a base, e que representa o topo do relevo local. Os depósitos que revestem o fundo do vale aparentemente são pouco espessos pois 3 pequenas lagoas indicam um substrato impermeável a poucos metros de profundidade e não trata-se do nível superior do lençol freático da área considerando que o nível do Rio Caeté-Mirim encontra-se a poucas dezenas de metros mais baixo que o nível das lagoas. Na primeira visita, o vale chama a atenção pela exuberância da paisagem de pronunciadas escarpas ruiniformes limitando um vale estreito de relevo suave, amplamente recoberto por relva, nalguns trechos dominado por aglomerados de plantas típicas do cerrado e localmente por tufos de vegetação densa, de médio porte, que margeam porções mais úmidas. A despeito das suas dimensões e da pluviosidade média anual da região (cerca de 1300 mm), a vazão fluvial desse vale é desprezível, mesmo durante as períodos de chuvas intensas no local. Portanto, e considerando os tipos de rocha que sustentam o relevo, é pouco provável, ou mesmo impossível, que essa drenagem fluvial tenha esculpido o vale descrito. Por outro lado, não há qualquer indicação de que uma drenagem maior (p. ex., o Rio Caeté-Mirim) tenha utilizado esse pequeno trecho no seu curso em tempos passados, considerando a morfologia local e, principalmente, a ausência de depósitos tipicamente fluviais coerentes com as dimensões do vale. O vale tem uma clássica configuração em “U” sendo suas paredes laterais sustentadas por diamictitos laminados, compostos por fragmentos quase que exclusivamente de quartzitos, raramente com clastos de pelitos. A cabeceira do vale também é sustentada por diamictitos e sua forma rampada abraçando ambos os flancos íngremes do vale culmina com a formação de um amplo anfiteatro suspenso configurando um desenho típico dos cirques glaciais. Os diamictitos, nos flancos do vale, exibem espessuras de vários metros a poucas dezenas de metros, mostrando contato brusco e de forte inclinação (superior a 50º) com os metarenitos de atitudes subhorizontais do Supergrupo Espinhaço, sendo os mergulhos desses contatos convergentes para o centro do vale. A laminação associada aos diamictitos têm orientação paralela às paredes do vale (~ 110º Az) e que não coincide com a orientação das foliações tectônicas conhecidas da região. O processo de cisalhamento determinado pelo movimento contínuo das geleiras junto aos depósitos de tills basais e às morenas laterais leva ao desenvolvimento de foliações paralelas ao movimento Brodzikowski & van Loon (1987: Earth-Sci. Rev., 24: 297-381), e está de acordo com as observações no Vale do Galvão e em outros depósitos glaciogênicos da região. As dimensões dos elementos do Vale Glacial do Galvão, incluindo largura, altura, extensão, espessura dos depósitos glaciogênicos (morenas laterais) estão de acordo com as dimensões de vales glaciais tributários do Sistema Glacial dos Alpes Suiços e Franceses (Vivian, 1975: Les glaciers des Alpes Occidentales; étude géographique. Imprimerie Allier, Grenoble, 505 p.). A situação de vale glacial tributário é definida também pela altitude do seu pavimento de fundo relativo ao vale do Rio Caeté-Mirim, onde um desnível de mais de uma dezena de metros é ressaltado. Por sua vez, nas margens do Rio Caeté-Mirim, incluindo a margem junto à desembocadura de Vale Glacial do Galvão, os clastos dos depósitos galciogênicos mostram grande variedade litológica, i. e., quartzitos, pelitos, quartzo, gnaisses, granitos e rochas metamórficas xistosas, sendo estas três últimas litologias de rochas exóticas em um raio superior a 100 km, evidenciando, juntamente com a configuração morfológica do conjunto, tratar-se de depósitos de morenas de vale glacial tronco, ou seja, o vale do Rio Caeté-Mirim acha-se assentado sobre um antigo vale glacial de 1ª ou 2ª ordem, no entanto a atividade fluvial quaternária desfigurou quase que completamente suas feições morfológicas, erodindo a maior parte dos depósitos glaciogênicos. O mapeamento geológico de detalhe da região (cerca de 250 km2, parte na escala 1:40.000 e parte na escala 1:25.000) por graduandos (Lindenberg, S. F., Góes, H., Lanna-Silva, M. de F., 1997, Geologia da região de Domingas, Couto Magalhães de Minas-MG, Trab. Geol. de Graduação, IGC – UFMG, 58 p.) e mestrando (Lúcio Mauro Soares Fraga, 1999, O Supergrupo Espinhaço e o Grupo Macaúbas no nordeste da Serra do Espinhaço Meridional, região de Inhaí-Domingas, Diamantina-MG, Diss. Mestrado UFMG), sob a orientação dos dois primeiros proponentes deste sítio geológico, permitiram reconhecer a presença frequente de depósitos glaciogêncios no talvegue e nas margens das drenagens dessa área, seja no vale principal (Rio Jequtinhonha), seja nos seus tributários de primeira e segunda ordens e isto foi confirmado no mapeamento de áreas contíguas (Wander Pawlowski Queiróz, 2002: O Grupo Macaúbas nos arredores de Couto Magalhães de Minas, Minas Gerais – com ênfase na caracterização litológica e faciológica dos depósitos glaciogênicos. IGC-UFMG. Área mapeada, cerca de 300 km2), manifestando-se pois como uma feição regional. Isto sugere que pelo menos parte da rede de drenagem atual acha-se assentada sobre a malha de vales glaciais da “Glaciação Macaúbas” o que se pode entender como um processo lógico, a exemplo da atual situação da rede de drenagem fluvial dos Alpes que aproveita toda a malha de vales glaciais das últimas glaciações cenozóicas.

 

"Figuras enviadas por emails o dia 20/12/2005 sem texto explicativo associado:
Figuras: 01, 02, 04, 05, 06, 07 e 08, 09,10, 11,12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 25, Perfis
(obs - os numeros são os indicados nos emails e podem não coincidir com o indicado em legenda;  as figuras foram transformadas em pdf em tamanho pequeno)"

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7. SITUAÇÃO ATUAL DE CONSERVAÇÃO E ÓRGÃO RESPONSÁVEL P/PROTEÇÃO:

A situação de conservação do Sítio “Vale Glacial do Galvão” pode ser considerada como boa ou satisfatória, onde os flancos e os patamares acima das paredes que definem o vale estão virtualmente intactas em termos de intervenções antrópicas. A superfície do vale sofreu ou vem sofrendo pouca intervenção, sendo utilizado como pastagem natural para bovinos e equinos. Possui também uma trilha para cavaleiros e pedrestres que passa através do vale desde as proximidades da sua desembocadura até uma saída lateral, após superada a metade de sua extensão longitudinal, que segue rumo noroeste para encontrar com a estrada carroçável de acesso à Inhaí. Na área de desembocadura do vale ocorreu uma intervenção significativa, considerando que parte da estrutura da Fazenda Galvão acha-se assentada nesse domínio (curral, moradia de caseiro e outras instalações), cuja sede situa-se a várias dezenas de metros a esquerda dessa desembocadura. O Rio Caeté-Mirim, este sim (talvegue e margens) acha-se intensamente degradado pela atividade mineradora de diamantes e ouro ocorrida nos últimos 30 anos, no entanto não compromete a preservação do vale glacial em questão, exceto na sua desembocadura, conforme mencionado anteriormente. A Fazenda Galvão e terras circunvizinhas, incluindo o Vale Glacial do Galvão, pertence ao Sr. José Coelho de Moura, pessoa física que tem residência na cidade de Diamantina. Portanto não existe ainda uma proteção formal ao Sítio em discussão, embora o proprietário já tenha sido cientificado acerca do monumento que situa-se na sua propiedade e da importância para mantê-lo sem maiores intervenções.

 

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-8) BIBLIOGRAFIA

                A área do sítio geológico ora proposto, assim como a Glaciação Macaúbas como um todo, vem sendo objeto de pesquisa dos autores sugeridos para descrição detalhada do sítio em apreço, conforme algumas referências mencionadas a seguir:

 

PFLUG, R. & RENGER, F. E. (1973): Estratigrafia e evolução geológica da margem sudeste do Cráton Sanfransciscano. XXVII Congr. Bras. Geol., anais, v. 2: 5-19.

RENGER, F. E. (1979): Evolução dos conceitos geológicos da Serra do Espinhaço. I Simp. Geol. Minas Gerais, anais, 9-28.

ALMEIDA-ABREU, P. A. (1993): A evolução geodinâmica da Serra do Espihaço Meridional, Minas Gerais, Brasil. Doct. Diss., Univ. Freiburg, 150 p., Freiburg.

ALMEIDA-ABREU, P. A. & PFLUG, R. (1994): The geodynamic evolution of the southern Serra do Espinhaço, Minas Gerais, Brazil. Zbl. Geol. Paläont., H1/2: 21 - 44.

ALMEIDA-ABREU, P. A., PFLUG, R., RENGER, F. (1995). The Serra do Espinhaco: A Mid-Proterozoic Collisional Orogen In: Intern. Conf. Tect. Metall. Early/Mid Precamb. Orogenic Belts, Abstr.: 145, Montreal.

ALMEIDA-ABREU, P. A.; RENGER, F. E.; LINDENBERG, S. F.; LANNA SILVA, M de F. & GÓES, H. (1997). A Bacia Macaúbas no nordeste da Serra do Espinhaço Meridional, Minas Gerais. Anais 9º Simp. Geol. Minas Gerais (Ouro Preto), p. 12 - 13.

ALMEIDA-ABREU, P. A., RENGER, F. E. (2000). Paleogeography and significance of the Late Mesoproterozoic mountain glaciation within the Serra do Espinhaço, Minas Gerais, Brazil In: International Geological Congress, 2000, Rio de Janeiro. Abstracts of the 31st Intern. Geol. Congr.

ALMEIDA-ABREU, P. A. & RENGER, F. E. (2000): Discussion of “Neoproterozoic glacial and gravitacional sedimentation on a continental rifted margin: The Jequitaí-Macaúbas sequence (Minas Gerais, Brazil)“ by Uhlein, et al.. J. S. Am. Earth Sci., 13: 693-696.

RENGER, F. E., ALMEIDA-ABREU, P. A. (2000). The southern Espinhaço range: Its geodynamic evolution and diamond mineralization, Minas Gerais state, eastern Brazil. Excursion Guide, (Aft 19), 31st Intern. Geol. Congr., 2000, 36 p.

ALMEIDA-ABREU, P. A., QUEIROZ, W. P., RENGER, F. E. (2001). Arcabouço tectônico da Serra do Espinhaço Meridional no final do Mesoproterozóico com base no registro dos depósitos glaciogênicos do Grupo Macaúbas, Anais do VIII Simpósio de Estudos Tectônicos da SBG, p. 123-126, Recife.

ALMEIDA-ABREU, P. A., RENGER, F. E., QUEIROZ, W. P., FRAGA, L. M. S. (2001). Os vales glaciais da Glaciação Macaúbas no nordeste da Serra do Espinhaço Meridional: implicações tectônicas e paleogeográficas. Resumos do 11. Simpósio de Geologia de Minas Gerais. Belo Horizonte: Sociedade Breasileira de Geologia - Núcleo de Minas Gerais, v.1.

ALMEIDA-ABREU, P. A. & RENGER, F. E. (2002): A Serra do Espinhaço Meridional: um orógeno de colisão do Mesoproterozóico. Rev. Bras. Geoci., 32(1): 1-14.

QUEIRÓZ; W. P., RENGER, F. E., ALMEIDA-ABREU, P. A. & SIAL, A. N. (2004): O Grupo Macaúbas nos arredores de Couto de Magalhães de Minas (MG): caracterização litológica e faciológica dos depósitos glaciogênicos. XLII Congr. Bras. Geol., Araxá-MG, outubro/2004.


COMENTÁRIOS & RÉPLICAS:

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De: crosiere@geol.igc.ufmg.br [mailto:crosiere@geol.igc.ufmg.br]
Enviada em: domingo, 1 de agosto de 2004 21:55
Assunto: Re: RES: Proposta de Sítio: VALE GLACIAL DO GALVÃO, DIAMANTINA-MG

 

Para um sítio ser proposto sua existência deve ser comprovada de forma inequívoca e a existência de um paleovale glacial proterozoico preservado na Serra do Espinhaço tem sido motivo de especulações e polêmicas.
Creio que é uma boa oportunidade para os autores comprovar, não através de argumentações em cima de observações próprias, mas através da demonstração que as evidências existem, por exemplo apresentando-as à comunidade . Sugiro que seja criada uma comissão de especialistas para visitar o local.
Creio que seria um dinheiro bem empregado.
abs
C. A.

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De: Pedro Angelo Almeida Abreu [mailto:pangelo@fafeod.br]
Enviada em: segunda-feira, 2 de agosto de 2004 12:32
Assunto: Réplica aos comments do Prof. Rosière - Vale Glacial d o Galvão

 

Caros Membros do SIGEP,

Como o Colega Manfredo Winge havia comentado, muitas contestações sobre o Sítio proposto deveriam ser apresentadas, a exemplo dessa enviada pelo colega C. A. Rosière.

As ponderações apresentadas pelo colega Rosière são, em parte, pertinentes, ou seja, de que qualquer Sítio para ser aprovado deve ter sua comprovação perante a comunidade científica, no que concerne ao objeto proposto ou indicado.

O Vale Glacial do Galvão "como achado", descrição, significado e implicações científicas foi apresentado em vários conclaves de geologia, incluindo apresentações orais e posters e também foi motivo de publicações e jamais recebeu uma contestação sequer, seja oral ou escrita, embora seja do nosso conhecimento de que alguns colegas falaram em corredores da impossibilidade de existir um vale glacial precambriano preservado. Por esse motivo, ainda como docente do Depto. de Geologia do IGC-UFMG, propusemos de maneira informal e formal aos colegas do Instituto de Geociências da UFMG uma visita ao Sítio em apreço, no entanto nenhum colega manifestou interesse de efetuar essa visita.

Residindo em Diamantina (dois dos proponentes - P. A. Almeida-Abreu e L. M. S. Fraga) e considerando a acessibilidade ao Vale Glacial do Galvão e a outros registros espetaculares da "Glaciação Macaúbas", incluindo outro vale glacial parcialmente preservado (O Vale Glacial do Rio Manso), convidamos a todo e qualquer colega interessado, assim como aos membros do SIGEP, para uma visita técnico-científica aos pontos e locais que sustentam a proposta apresentada.

Reforçamos, portanto, que será um grande prazer para os proponentes receberem os colegas interessados em conhecer os Vales Glaciais da Glaciação Macaúbas no âmbito do nordeste da Serra do Espinhaço Meridional, preferencialmente até meados de outubro p.v., em face das possíveis condições meteorológicas.

Prof. Pedro Angelo Almeida-Abreu

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De: noce@geol.igc.ufmg.br [mailto:noce@geol.igc.ufmg.br]
Enviada em: segunda-feira, 2 de agosto de 2004 11:39
Assunto: Re: Proposta de Sítio: VALE GLACIAL DO GALVÃO, DIAMANTINA-MG

 

A proposta possui uma série de inconsistências, tanto no que se refere ao conhecimento científico sobre o tema (a glaciação neoproterozóica e a evolução geológica regional) quanto à natureza do suposto sítio geológico. Mais especificamente:
1. O proponente afirma que o evento glacial ocorreu entre 1,05 e 0,95 Ga, ignorando o fato de que diversos trabalhos, incluindo a datação de zircões detríticos de diamictitos, posicionam o evento como mais jovem que 950 Ma.
2. Existe um amplo consenso sobre a inexistência de um ciclo orogênico mesoproterozóico na região enfocada. Não creio ser o SIGEP o forum adequado para a discussão do tema, mas acho problemático que um suposto sítio seja interpretado à luz de argumentos inconsistentes e contrários à visão da grande maioria dos geólogos que realizaram pesquisas na região. Um claro exemplo destes argumentos é a afirmativa de que a “laminação” nos diamictitos deve-se a processos de cisalhamento associados ao movimento das geleiras. Os diamictitos possuem foliação metamórfica desenvolvida durante o principal evento tectônico regional, e isto é um FATO GEOLÓGICO comprovado por incontáveis trabalhos. Desconheço qualquer outra contestação a este fato, salvo aquela apresentada pelo proponente. É como se, onde todos vêm um elefante, alguém descreve uma girafa.
Ainda mais controversa parece ser a própria existência do sítio. O proponente faz uma interessante comparação com antigos vales glaciais alpinos hoje aproveitados pela drenagem fluvial, mas esquece-se que tais vales têm não mais que milhares de anos. Tais feições poderiam, de fato, ser preservadas por 1 bilhão de anos como quer o proponente? Seria realmente algo extraordinário, contrário a tudo que se sabe sobre a dinâmica do planeta. Deste modo, acredito que a confirmação do sítio proposto teria que passar pelo escrutínio de campo por parte de outros pesquisadores antes de qualquer homologação.
Atenciosamente,
Carlos Noce
CPMTC-IGC-UFMG

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-----Mensagem original-----
De: Pedro Angelo [mailto:pangelo@fafeid.edu.br]
Enviada em: terça-feira, 10 de agosto de 2004 20:03
Assunto: Réplica aos Comentários do Prof. Carlos Noce, Ref.à proposta de sítio "Vale Glacial do Galvão,Diamantina-MG"

 

Prezados Membros do SIGEP

 

                Pelo Presente, apresentamos a réplica dos comentários trazidos pelo Prof. Carlos Noce, referente à proposta de Sítio “Vale Glacial do Galvão, Diamantina-MG”.

                Inicialmente manifestamos uma certa indignação pela maneira pouco educada do Prof. Noce para com os proponentes do Sítio em epígrafe, mas mesmo assim não iremos perder a compostura para contestar, de forma ética e científica, os argumentos por ele apresentados.

                Ainda como preâmbulo, reiteramos nossa disposição de guiar uma excursão ao Vale Glacial do Galvão e a outros locais da região nordeste da Serra do Espinhaço Meridional, quando poderemos mostrar os registros da “Glaciação Macaúbas” como uma glaciação do tipo Alpina, incluindo registros espetaculares das geleiras de montanhas e dos seus vales. Nesta excursão, além de membros do SIGEP, gostaríamos de contar com a presença dos professores C. Noce e C. A. Rosière e, se for o caso, de outros pesquisadores e docentes da UFMG e de outras instituições.

                Como indicado pelo Prof. Noce, entendemos também que o SIGEP não seja o fórum adequado para a discussão da idade e evolução do “Orógeno Espinhaço” mas considerando algumas colocações de sua parte acerca da questão, nos sentimos com o direito e dever de tecermos alguns comentários sobre o assunto.

                Mesmo entendendo que todo consenso é amplo, do contrário não é consenso, esse consenso não existe, tanto é que os proponentes do sítio em apreço defendem com dados e argumentos a existência da orogênese mesoproterozóica em artigos e palestras, (p. ex. Almeida-Abreu 1995, Almeida-Abreu & Renger 2002) e nas apresentações em congressos e simpósios contamos com o apoio de pesquisadores presentes na platéia (não citaremos nomes, pois não temos a autorização dos mesmos para referi-los).

                Ora, o fórum para estes debates é nas revistas onde os artigos foram publicados, assim como nas sessões onde nossos trabalhos foram apresentados, daí perguntamos: Por que o Prof. Noce e outros contrários às nossas conclusões não contestaram quando e onde podiam fazê-lo? Dois dos proponentes do sítio em apreço (Almeida-Abreu & Renger 1999a e b, Almeida-Abreu & Renger 2000) apresentaram contestação a trabalhos publicados, contestações essas discutidas de forma ética, científica e profissional, portanto, não nos omitimos de cumprir nosso dever de acadêmicos para o engrandecimento do conhecimento e da ciência.

                Não é inoportuno lembrar que o Prof. Noce participou da banca examinadora do Trabalho Geológico de Lindenberg et al. (1997) quando foi apresentado um mapa geológico de detalhe da área de Domingas (Vale do Jequitinhonha), que exibia rochas básicas encaixadas em rochas glaciogênicas do Grupo Macaúbas e, até que seja provado o contrário, estas rochas básicas pertencem à Suíte Metaígnea Pedro Lessa que, datadas por Machado et al (1989), mostraram idades de 906 ± 2 Ma. Sem possibilidades de contestar o mapa apresentado naquela ocasião, por que o Prof. Noce não desenvolveu trabalhos de campo naquela área ou efetuou outras análises no sentido de questionar os dados apresentados?

                Muitos mapas da Serra do Espinhaço Meridional, incluindo os do Projeto Espinhaço, em cujo projeto o Prof. Noce teve participação efetiva, mostram diques verticais ou subverticais de rochas básicas com dezenas a centenas de metros de extensão encaixados em rochas do Supergrupo Espinhaço, seccionando estruturas tectônicas de diferentes escalas, inclusive dobras e cavalgamentos e, lembrando mais uma vez, essas rochas básicas mostraram resultados de análises geocronológicas da ordem de 906 + 2 Ma, ou, em trabalhos mais antigos, idades de 1000 a 1300 Ma. Estes dados não indicam que o Supergrupo Espinhaço foi deformado ainda no Mesoproterozóico? Como o Prof. Noce gostaria que visualizássemos as relações dos imensos diques de rocha básicas com as rochas do Supergrupo Espinhaço, vendo-os como “elefantes” ou como “girafas”?

                Em partes do flanco ocidental, e especialmente no noroeste da Serra do Espinhaço Meridional, rochas glaciogênicas do Grupo Macaúbas recobrem, extensivamente, numa altitude relativamente regular, diferentes formações do Supergrupo Espinhaço mais ou menos deformadas, às vezes recobrindo estruturas tectônicas que seccionam apenas as rochas subjacentes (Renger et al. 1997), e isto é um FATO CARTOGRÁFICO. Ora, afora as relações explicitamente discordantes, a erosão de milhares de metros de rochas do Supergrupo Espinhaço antes da deposição das rochas glaciogênicas é didática e inquestionável embora não possamos considerar como um FATO GEOLÓGICO, pois se trata de uma interpretação sobre relações estratigráficas e estruturais, mas tudo isso não contribui para que tenhamos vales glaciais precambrianos preservados e sim o fato das rochas que os conformam e suas morfologias estarem efetivamente aflorantes.

                Tratando da idade do evento glacial, adentramos na polêmica dos dados geocronológicos. D’Agrella Filho et al. (1990) demonstraram, através de datação Ar/Ar versus estudos de paleomagnetismo, que o Cráton do São Francisco derivou por altas paleolatitudes norte entre 1.1 e 1.0 Ga. e propuseram, então, que a “Glaciação Macaúbas” ocorreu por volta de 1.05 Ga e esse artigo, sob um ou outro ponto de vista, jamais foi contestado. Nas áreas de Domingas e Inhaí, rochas da Suíte Pedro Lessa acham-se encaixadas em rochas glaciogênicas do Grupo Macaúbas, portanto, uma faixa de idade entre 1.05 e 950 Ma parece, rigorosamente, como uma proposição razoável. O que não entendemos como razoável é admitir que diamictitos de ambientes não definidos (diamictitos, em muitos e muitos casos, não são de origem glacial) no domínio de rochas intensamente deformadas da Faixa Araçuaí sejam, de fato, correlacionáveis ao Grupo Macaúbas s.s. porque alguns de seus zircões detríticos mostraram idades menores do que aquelas reportadas.

As nossas pesquisas na Serra do Espinhaço Meridional e áreas contíguas foram e são fundamentadas em dados de campo detalhados, devidamente integrados, ou seja, em mapeamentos geológicos de detalhe (na escala de 1:25.000 e alguns nas escalas de 1:40.000 e 1:50.000). Como nós acreditamos que FATO GEOLÓGICO pode ser entendido apenas em processos que visualizamos o seu início, desenvolvimento e término (não com base em resultados de análises com teores em ppm ou ppb), buscamos visualizar os dados fragmentários, inerentes à geologia do Precambriano, de diferentes óticas, integrando-os como um “quebra-cabeças” e buscando referências no “presente como a chave do passado” ou, pelo menos como um elemento de referência de processos algo similares. Assim pesquisamos livros e artigos que tratam do(s) temas(s) em ambientes modernos e antigos de diferentes regiões, com diferentes graus de preservação. Temos, como acadêmicos e funcionários públicos, absoluta responsabilidade sobre nossas conclusões e entendemos que as mesmas podem decidir sobre o investimento ou não como alvos metalogenéticos, que podem servir ou não para o desenvolvimento do ensino e para a cultura. Quando nós afirmamos que nos depósitos glaciogênicos do Grupo Macaúbas reconhecemos estruturas do tipo laminação gerada por processos glaciais, nós nos baseamos em diversas observações no contexto de análises de estruturas tectônicas locais e regionais, com o respaldo de bibliografias que tratam especificamente do assunto. Outras estruturas deformacionais geradas por processos glaciais acham-se preservadas em rochas do Grupo Macaúbas e encontramos também referências das mesmas em ambientes modernos e antigos, porisso fazemos questão de listar bibliografias ao final desta réplica, sendo essas, pois, algumas das principais fontes de nossas consultas e pesquisas bibliográficas. A consulta bibliográfica em um amplo espectro não serve apenas para incorporar conhecimento técnico, mas serve também para trazer “inspiração científica” no contexto do método de “multiple working hypotheses”. Creio que seja oportuno mencionar ainda que a aplicação rígida de conceitos leva ao raciocínio linear, que não favorece, em nenhuma hipótese, ao desenvolvimento científico.

A ocorrência de um vale glacial precambriano bem preservado e outros mais ou menos preservados no âmbito da Serra do Espinhaço são fatos inusitados e por isso está sendo posto como um sítio geológico importante. Mas devemos entender que feições geológicas mais antigas (Arqueanas e Paleoproterozóicas) acham-se perfeitamente preservadas, pelo menos localmente, em todos os continentes que constituem a atual crosta terrestre. Com base nisto, muitos autores já advogaram a hipótese de que as curvas hipsométrica e hipsográfica nos moldes concebidos nos últimos milhões de anos passou a vigorar no início do Neoproterozóico e/ou do Fanerozóico, ou seja, desde o Arqueano as áreas continentais estiveram, até o início do Fanerozóico, aproximadamente no nível do mar, do contrário, com as taxas de exumação/soerguimento versus as taxas de erosão recentes, a crosta continental de todos os continentes já teria sido completamente reciclada várias vezes. Na Namíbia, fjords da glaciação permo-carbonífera acham-se perfeitamente preservados e daí perguntamos: Será que toda a Serra do Espinhaço sofreu uma erosão tão mais profunda que essas áreas da Namíbia? E em caso positivo como poderíamos explicar a farta distribuição (às vezes com volumes significativos) de afloramentos do Grupo Macaúbas recobrindo – e sendo redundantes voluntariamente - em contato direto com rochas do Supergrupo Espinhaço?

Se nós entendermos que após a “Glaciação Macaúbas” toda a região foi coberta por um mar epicontinental (Grupo Bambuí – que aflora, inclusive no alto da Serra do Espinhaço na área de Santana do Riacho), temos que admitir que antes da erosão atacar o Grupo Macaúbas teria que erodir o Grupo Bambuí. Se nós entendermos que após a fragmentação do Gondwana e a abertura do Atlântico Sul a região do Espinhaço passou por longo processo de sedimentação representado pela Formação São Domingos e outros depósitos associados, temos que admitir que antes do ataque da erosão sobre o Grupo Macaúbas, aqueles sedimentos meso-cenozóicos teriam que ser erodidos. Se nós entendermos que no Vale do Jequitinhonha, na área de Domingas, afloram depósitos fluviais na cota de aproximadamente 800 metros, provavelmente deixados pelo rio Jequitinhonha que se encontra atualmente na cota de 650 metros, não se trata de nenhum absurdo supor que, a incisão de cerca de 150 metros ocorreu há cerca de 20 mil anos em conseqüência da variação eustática durante a última grande glaciação quaternária, que determinou a queda do nível de base na Costa Atlântica em mais de 100 metros, vemos que o ataque da erosão nos vales glaciais da “Glaciação Macaúbas” vem ocorrendo, a exemplo dos Alpes, nas últimas dezenas de milhares de anos e vales glaciais alpinos de cerca de 100 mil anos acham-se preservados, até os dias atuais, no âmbito da Europa Central. O Vale Glacial do Galvão e o Vale Glacial do Rio Manso (e seus depósitos) encontram-se justamente entre as cotas de 750 e 700 metros onde os respectivos vales fluviais assentam-se atualmente, e em uma borda da Serra do Espinhaço Meridional que sofreu menor movimento epirogenético no processo de compensação isostática, conforme as anomalias gravimétricas apresentadas por Blitzkow et al. (1980).

Pelo exposto até o momento, acreditamos que os seguintes questionamentos sejam pertinentes: Por que somente quatro anos após as nossas primeiras publicações acerca do Vale Glacial do Galvão o Prof. Noce manifesta contestação sobre a existência do mesmo? Será que o Prof. Noce dispõe de novos dados dessa área que contrariam nossas propostas, que teriam sido então obtidos nos últimos anos ou meses, e em caso positivo por que não os apresenta e discute?

                Talvez o fato do Prof. Noce ter mapeado, em co-autoria, a Folha Curimataí para o Projeto Espinhaço, folha essa que contem a área do Vale Glacial do Galvão, o tenha deixado desapontado pelo não reconhecimento daquele vale durante seus trabalhos de campo. Ora, mesmo sendo o vale em apreço um “paquiderme”, como o Projeto Espinhaço tratou da compilação de mapas e dados para a escala de 1:100.000 não acreditamos que o mesmo poderia ser identificado “à primeira vista” ou apenas com trabalhos de campo inerentes à escala de 1:100.000. Nossos trabalhos naquela área foram voltados para a composição de mapa geológico na escala de 1:25.000 e mesmo assim, as primeiras abordagens à área do Vale Glacial do Galvão e aos seus arredores não nos permitiram o seu reconhecimento. A elaboração do mapa geológico deixou claro que nos talvegues e/ou margens de toda a rede de drenagem atual afloram rochas glaciogênicas, o que nos exigiu trabalhos de campo adicionais na perspectiva de entendermos o significado dessa disposição das rochas glaciogênicas. Ainda assim, não conseguimos, talvez pelas limitações do nosso intelecto, visualizarmos o Vale Glacial do Galvão naquele momento. Somente após intensa pesquisa bibliográfica comparando a disposição física dos depósitos glaciogênicos versus o relevo local do Vale Glacial do Galvão com a configuração de depósitos e ambientes glaciais modernos que, de fato, nos foi possível supor a existência desse vale glacial precambriano, confirmado através de novos trabalhos de campo no local. Fica claro mais uma vez que os degraus do conhecimento são galgados pelo trabalho, pela perseverança e, porque não, pela ousadia.

        Nós temos plena convicção da nossa proposta e sabemos do significado e das consequências desse “achado”, tanto para a geologia da Serra do Espinhaço e regiões adjacentes, como para o conhecimento científico da paleoclimatologia e evolução crustal do planeta Terra. A presença de vales glaciais precambrianos sobre uma faixa orogênica mais antiga permitirá reconstituir, parcialmente, a paleogeologia dessa faixa, abrindo também uma fronteira para o estudo dos processos tectônicos/orogênicos/crustais envolvidos em bacias e orógenos precambrianos, através dos fragmentos de rochas e minerais contidos nos depósitos glaciogênicos desses vales e em outros depósitos da mesma glaciação.

        A importância científica, didática e cultural do Vale Glacial do Galvão (e do Vale Glacial do Rio Manso, este apenas parcialmente preservado) o faz candidato a monumento natural Patrimônio da Humanidade.

        Atenciosamente,

 

Prof. Pedro Angelo Almeida-Abreu

Prof. Friedrich Ewald Renger

Prof. Lúcio Mauro Soares Fraga

 

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De: Emanuel Teixeira de Queiroz [mailto:Emanuel@dnpm.gov.br]
Enviada em: sexta-feira, 13 de agosto de 2004 19:49
Assunto: RE: RES: Proposta de Sítio: VALE GLACIAL DO GALVÃO, DIAMANTINA-MG

Tendo em vista a polêmica gerada, quanto se se trata ou não de um vale glacial do Proterozóico, entendo que tal proposta deve contar com a avaliação de outros geocientistas, para dar suporte à decisão dos membros da Comissão SIGEP.

Emanuel

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-----Mensagem original-----
De: noce@geol.igc.ufmg.br [mailto:noce@geol.igc.ufmg.br]
Enviada em: segunda-feira, 16 de agosto de 2004 10:39
Assunto: Re: Réplica aos Comentários do Prof. Carlos Noce, Ref.à proposta de sítio "Vale Glacial doGalvão,Diamantina-MG"

 

Face à resposta do Prof. P. A. Abreu aos meus comentários, gostaria de acrescentar algumas observações que tornem claro aos demais colegas o real teor das divergências sobre o assunto. Estas ficam evidentes na afirmativa do Prof. Abreu reproduzida a seguir: “...Se nós entendermos que após a “Glaciação Macaúbas” toda a região foi coberta por um mar epicontinental (Grupo Bambuí – que aflora, inclusive no alto da Serra do Espinhaço na área de Santana do Riacho), temos que admitir que antes da erosão atacar o Grupo Macaúbas teria que erodir o Grupo Bambuí....” O Prof. Abreu explica assim a questão da preservação de um sítio dessa natureza, questionada por mim e os outros colegas, ou seja, o vale glacial teria sido recoberto pela sedimentação neoproterozóica e mais recente e posteriormente revelado pela dissecação em curso. Entretanto, a história é mais complicada pois, como levantado pelo colega Schobbenhaus, todo o Espinhaço Meridional foi profundamente afetado pela Orogênese Brasiliana. Acredito ser o Prof. Abreu o único a contestar tal fato (em trabalho no Basement Tectonics de 1998 este afirma que existe..."lack of geologic and geochronologic registers which confirm the existence of any orogenic belt in the eastern portion of the São Francisco Craton formed during neoproterozoic times" - isto significa que os inúmeros geólogos que estudaram a região, a começar pelo Prof. Fernando Flávio de Almeida, estavam errados!). Para sustentar esta posição, o Prof. Abreu frequentemente lança mão de afirmativas que são inaceitáveis para aqueles que conhecem bem a geologia da região. Por exemplo, no parágrafo reproduzido acima ficamos sabendo que as rochas do Grupo Bambuí aflorantes no alto da Serra do Espinhaço, em Santana do Riacho, representam remanescentes erosivos. O que acontece de fato é muito diferente; o Grupo Bambuí forma duas escamas de empurrão encaixadas na base e dentro dos quartzitos Espinhaço. Evidentemente, por envolver o Grupo Bambuí, esta deformação só pode ser a Orogênese Brasiliana. Outro exemplo encontra-se nesta afirmativa: “...O que não entendemos como razoável é admitir que diamictitos de ambientes não definidos (diamictitos, em muitos e muitos casos, não são de origem glacial) no domínio de rochas intensamente deformadas da Faixa Araçuaí sejam, de fato, correlacionáveis ao Grupo Macaúbas...” O problema aqui é que a área estudada pelo Prof. Abreu é tão parte da Faixa Araçuaí como todas as outras, pois situada a leste do front de dobramentos/cavalgamentos que marca o limite cratônico (convido os colegas a olharem um mapa geológico da região). Os diamictitos desta área estão deformados e exibem paragênese metamórfica e foliação secundária, e são parte de uma faixa mais ou menos contínua que se estende tanto para o sul, bordejando a Serra do Espinhaço Meridional, como para o norte até a Bahia. Não tenho aqui o objetivo de entrar em polêmicas estéreis e nem questionamentos pessoais. Quero apenas alertar aos colegas para quem a geologia da região não é familiar de que esta proposta de sítio geológico envolve premissas que vão de encontro ao conhecimento geológico acumulado por inúmeros pesquisadores, o que deve ser pesado na hora de se decidir sobre o assunto.

Atenciosamente,

Carlos M. Noce

UFMG

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De: Manfredo Winge [mailto:mwinge@terra.com.br]
Enviada em: terça-feira, 17 de agosto de 2004 14:00
Assunto: RES: Réplica aos Comentários do Prof. Carlos Noce, Ref.à proposta de sítio "Vale Glacial doGalvão,Diamantina-MG"

 

Prezado colega Noce,
atendendo a sistemática da SIGEP, esta TRÉPLICA está sendo disponibilizada na página da proposta e encaminhada aos proponentes do sítio.
Informo que os colegas Pedro Ângelo, Renger e Lúcio Mauro dispuseram-se a preparar uma sinopse, tipo resumo expandido com ilustrações, que comprove a origem glacial do vale proposto como sítio, onde poderão, inclusive, se for o caso, abordar os comentários ..[da tréplica]

Sds

Manfredo Winge

c/co SIGEP

-----Mensagem original-----
De: noce@geol.igc.ufmg.br [mailto:noce@geol.igc.ufmg.br]
Enviada em: segunda-feira, 16 de agosto de 2004 10:39
Assunto: Re: Réplica aos Comentários do Prof. Carlos Noce, Ref.à proposta de sítio "Vale Glacial doGalvão,Diamantina-MG

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De: Pedro Angelo [mailto:pangelo@fafeid.edu.br]
Enviada em: quarta-feira, 18 de agosto de 2004 12:31
Assunto: Re: Réplica aos Comentários do Prof. Carlos Noce, Ref.à proposta de sítio "Vale Glacial doGalvão,Diamantina-MG"

Prezados membros do SIGEP,

Em primeiro lugar informamos que o “extended abstract” acompanhado de mapa geológico do Vale Glacial do Galvão e adjacências, figuras, fotografias aéreas, seções, bloco-diagrama e fotografias de afloramentos e paisagens está sendo devidamente preparado nos termos sugeridos pelo colega Schobbenhaus (todo o material será encaminhado devidamente digitalizado). Conforme informado anteriormente, como um dos proponentes (Prof. P. A. Almeida-Abreu) estará de férias de 19 a 30 de agosto, o material será remetido na primeira quinzena de setembro do ano em curso.

No que concerne às novas colocações do Prof. Noce, gostaríamos de ressaltar mais uma vez que não nos parece correto e racional as contestações feitas a partir de um gabinete sobre vários trabalhos efetuados a partir de mapeamentos geológicos de detalhe e que adotaram conceitos geológicos vigentes. Como decorreram anos desde as apresentações e publicação desses trabalhos, o Prof. Noce poderia ter desenvolvido algum trabalho de campo nestas áreas ou outras análises para apresentar dados concretos que sirvam de base real para contestar os resultados apresentados. Por exemplo, a dissertação de Chula (1996) aprovada com “Conceito A - Com Louvor” defendida junto ao programa de Pós-Graduação do Instituto de Geociências da UFMG, mostrou um mapa geológico com notável discordância angular e erosiva entre as rochas glaciogênicas do Grupo Macaúbas e os xistos verdes subjacentes e diga-se, isto representa um FATO CARTOGRÁFICO. Esses xistos verdes foram definidos como pertencentes ao Supergrupo Espinhaço (SgEsp), considerando a datação apresentada por Machado et al. (1989) que revelou idade de 1.750 Ma, e essa idade foi confirmada recentemente pelas datações apresentadas por M. G. Hagedorn na sua Tese de Doutorado aprovada no dia 10 de Agosto próximo passado junto ao programa de Pós-Graduação em Geologia da UNESP/Rio Claro, cujos valores situam-se entre 1.7 a 1.8 Ga. Uma pronunciada clivagem de crenulação desenvolvida nas rochas glaciogênicas da área de Planalto de Minas (Chula 1996) cortam também a conspícua xistosidade dos xistos verdes (metamorfisados na fácies xisto-verde superior) cuja xistosidade, em termos de trend e recristalização metamórfica, não se acham impostas às rochas glaciogênicas sobrejacentes. Essa clivagem de crenulação é típica também nas rochas glaciogênicas aflorantes no nordeste da Serra do Espinhaço Meridional (SdEM), exibindo direção NNW e mergulho para sudoeste, estrutura essa que não se manifesta nas rochas do SgEsp no corpo desta serra, evidenciando-se como desenvolvida pelo efeito de contra-forte da SdEM que, portanto, já achava-se “estabelecida”. Neste sentido, e com base em várias relações estratigráficas e estruturais em diferentes domínios da SdEM, afirmamos, talvez de uma maneira pouco clara, de que no Neoproterozóico não ocorreu o fechamento (inversão) de uma bacia situada ao leste da SdEM a qual poderia ter sido responsável pela orogênese que edificou a SdEM. Nós nunca negamos a existência do Ciclo Brasiliano na região, afirmamos sim que este ciclo, na SdEM, causou uma reativação tectônica discreta em alguns domínios e algo mais forte em outros domínios, reportando inclusive, que essa reativação poderia ter sido causada pela inversão da Bacia W-Congolesa. Usamos de comparação, como fundamento, reativações tectônicas semelhantes, ocorridas em várias faixas orogênicas antigas em relação a colisões mais recentes fora do domínio de suas respectivas ocorrências, como o da Pré-Cordilheira do Sistema Andino, do Palmyra Fold-Belt da Síria e do Tien Shan da Ásia Central, sendo esta última uma cadeia relacionada a amalgamação do Pangea e que mesmo distante cerca de mil quilômetros da zona de colisão Himalaiana vem sofrendo forte reativação há dezenas de milhares de anos em decorrência desse tectonismo. Dizer que a tectônica Brasiliana causou deformação expressiva no nordeste da SdEM não passa de uma divagação ou de uma mera suposição pois na área de Inhaí-Domingas todos os conjuntos são autóctones, as estruturas sedimentares das rochas, incluindo granulometria, acamamento, estratificações cruzadas e marcas onduladas encontram-se quase que invariavelmente em perfeito estado de conservação. A deformação, quando presente, é discreta, em níveis ou bandas que não ultrapassam os poucos metros de espessura e, além do mais, são zonas verticalizadas ou de alto ângulo, aparentemente relacionadas a movimentos direcionais, mas sem transporte de massa significativo, desde que os controles estratigráficos não indicam qualquer movimento superior a algumas dezenas de metros. No que se refere ao Grupo Bambuí no alto da SdEM, na área de Santana do Riacho, não foi afirmado por nós que as rochas não acham-se deformadas, mas sim que evidenciam que a SdEM foi coberta por um mar epicontinental responsável pela deposição do Grupo Bambuí, senão vejamos:

1) Na tese de Almeida-Abreu (1993), na sua Fig.30, foi apresentado um bloco diagrama mostrando as relações das rochas do SgEsp com as do Grupo Bambuí, exibindo 2 lascas de rochas deste último encravada nas rochas do primeiro. Como no local não há qualquer evidência de nappes s.s., ou seja, dobras deitadas de larga escala com ou sem transposição subsequente, temos que admitir que mesmo sendo lascas tectônicas, antes da deformação as rochas do Grupo Bambuí já encontram-se sobre as rochas do Supergrupo Espinhaço.

2) Se durante a deposição do Grupo Bambuí, a SdEM constituísse uma área de relevo proeminente, como sabe qualquer iniciante no estudo de sedimentologia, um “cordão” de rochas conglomeráticas contornariam esse relevo juntamente com outros depósitos de natureza clástica e nenhuma nem outra litologia dessa natureza que seja correlacionável ao Grupo Bambuí acompanha o oeste da SdEM, ao contrário, a maioria das rochas do Grupo Bambuí nessa faixa são carbonatos mais ou menos puros.

3) Não sendo a SdEM uma área elevada na ocasião, o mar epicontinental que propiciou a sedimentação sobre a Cráton do São Francisco avançou sobre a área da SdEM e também depositou os sedimentos ora agrupados no Grupo Bambuí, inclusive as rochas aflorantes na área de Santana do Riacho, hoje aflorantes em uma altitude de cerca de 1100 metros.

4) As figuras 28 a 31 da tese de Almeida-Abreu (1993) mostra, com dados e FATOS CARTOGRÁFICOS, que a deformação da SdEM foi compartimentada, a exemplo de vários outros orógenos fanerozóicos e precambrianos, figuras essas que ressaltam de forma explícita a discordância angular e erosiva entre o Supergrupo Espinhaço e o Grupo Macaúbas.

5) Se atualmente são raros os afloramentos de rochas do Grupo Bambuí e mesmo do Grupo Macaúbas no alto da SdEM é devido aos processos de compensação isostática inerentes às faixas orogênicas, conforme demonstrado pelos dados de gravimentria de Blitzkow et al. (1980), mostrados na Fig.31 de Almeida-Abreu (1993).

6) Todos estes dados e questões foram discutidos minuciosamente por Almeida-Abreu (1993), enquadrando-os no contexto dos conceitos modernos da geologia e comparando com fenômenos e processos semelhantes de outras faixas orogênicas. Porisso e por outras proposições, a tese de Almeida-Abreu (1993) recebeu um conceito elevado da banca examinadora e foi laureada com o Gödecke Forschungs Preis – 1993, concedido pela Universidade de Freiburg e como não poderia deixar de ser, o autor tem orgulho por essa premiação, pois viu o seu trabalho ser devidamente valorizado.

Em uma excursão guiada gentilmente pelo Prof. Noce para os graduandos do TG de Lindenberg et al. (1997), com a presença de um dos proponentes (P. A. Almeida-Abreu), foi mostrado um afloramento espetacular de tilitos no leito do Córrego dos Tocos que apresenta, no local, deformação incipiente, estando os clastos desse tilito virtualmente “intactos”. Sendo este córrego um afluente da margem direita do Rio Jequitinhonha, bem próximo de sua foz, acha-se na cota altimétrica de aproximadamente 650 metros, enquanto escarpas de rochas do SgEsp na imediações acham-se elevadas a mais de 200 metros. Como o Prof. Noce entende que esses tilitos foram depositados senão por uma geleira promovendo uma incisão nas rochas do SgEsp que sustentam e encaixam esses tilitos? Muitas outras situações semelhantes são vistas no vale do Jequitinhonha para montante deste ponto até Mendanha (numa extensão de 45 km) e, sendo assim, solicitamos encarecidamente a qualquer colega que tem lido essas discussões que nos apresente uma alternativa que não o entendimento de que o Rio Jequitinhonha esteja assentado e erodindo um antigo vale glacial a exemplo da maioria das drenagens que compõem a parte da bacia do Jequitinhonha nessa região? Deve ser dito que o Rio Jequitinhonha no trecho em apreço, não escavou seu leito sobre a zona axial de um sinclinal pois nós testamos criteriosamente esta hipótese. É oportuno lembrar que vales glaciais troncos como o Aletschgletcher e outros vales dos Alpes Suiços podem ter alguns quilômetros de largura. Não queremos entrar no mérito das razões que estão levando o Prof. Noce a apresentar contestações absolutamente estéreis no contexto da nossa proposição, mas não podemos deixar de afirmar que, no momento, conforme demonstrado com dados e argumentações sólidas, o mesmo não detém o nosso nível de conhecimento da geologia SdEM (incluindo da área de Inhaí - Domingas), conhecimento esse adquirido com base em trabalhos de campo e em trabalhos de mapeamento geológico de detalhe. A ciência não avança sob a égide da acomodação e do conformismo, ao contrário, avança sob o signo da perseverança e do “Por Que?”. A documentação solicitada pelo SIGEP para uma avaliação abalizada da nossa proposição será encaminhada nos termos reportados anteriormente e reiteramos que o monumento “Vale Glacial do Galvão” não nos pertence, pertence sim a todas as pessoas que valorizam a ciência, a natureza e a cultura. Atenciosamente, Prof. Pedro Angelo Almeida Abreu Prof. Friedrich Ewald Renger Prof. Lúcio Mauro Soares Fraga

Bibliografia

Almeida-Abreu, P. A. 1993. A evolução geodinâmica da Serra do Espinhaço Meridional, Minas Gerais, Brasil. Tese de Doutorado, Instituto Geológico – Universidade de Freiburg (Alemanha), 150 p.
Almeida-Abreu, P. A. (1995): O Supergrupo Espinhaço da Serra do Espinhaço Meridional: o Rifte, a Bacia e o Orógeno. Geonomos, 3: 1 - 18.
Almeida-Abreu, P. A., Renger, F. E., Lindenberg, S. F., Lanna-Silva, M. de F. & Góes, H. 1997. A Bacia Macaúbas no nordeste da Serra do Espinhaço Meridional, Minas Gerais. Anais 9º Simp. Geol. Minas Gerais (Ouro Preto), p. 12 - 13.
Almeida-Abreu, P. A. & Renger, F. E. 2002. A Serra do Espinhaço Meridional: um orógeno de colisão do  Mesoproterozóico. Rev. Bras. Geoci., 32(1): 1-14.
Blitzkow, D., Gasparini, P., Sá, N. C. de & Montovani, M. S. M. 1980. Crustal structure of southeastern Minas Gerais, Brazil, deduced from gravity measurements. Rev. Bras. Geocie., 9: 39-43.
Chula, A. M. D., 1996. Caracterização geológica e geoquímica dos metamagmatitos e metassedimentos da região de Planalto de Minas, município de Diamantina, MG. M.Sc. Diss., Inst. Geociências-UFMG, 142p.
Fraga, L. M. S., 1999. O Supergrupo Espinhaço e o Grupo Macaúbas no nordeste da Serra do Espinhaço Meridional, região de Domingas–Inhaí, Diamantina, Minas Gerais. M.Sc. Diss., Inst. de Geociências-UFMG, 140 p.
Lindenberg, S. F., Góes, H. & Silva, M. F. L., 1997. Geologia da região de Domingas, Couto de Magalhães de Minas, Minas Gerais. Trab. Geol. de Graduação, Instituto de Geociências-UFMG and Dept. Geologia/UFOP, 58 p.
Machado, N., Schrank, A., Abreu, F. R. de, Knauer, L. G., & Almeida-Abreu, P. A., 1989. Resultados preliminares da geocronologia U/Pb na Serra do Espinhaço Meridional: 5nd Simpósio de Geologia de Minas Gerais, Belo Horizonte, Anais, p. 171-174.


De: Pedro [mailto:pangelo@fafeid.edu.br]
Enviada em: sexta-feira, 17 de setembro de 2004 12:18
Assunto: Resumo Estendido - Vale Glacial do Galvão
 
Em correspondência anterior havíamos nos comprometido a enviar a síntese da geologia (incluindo fotografias, seções, mapas e outros) do Vale Glacial do Galvão ainda na 1. quinzena do mes de setembro em curso. No entanto, ocorreram alguns imprevistos, incluindo o falecimento de um parente próximo do Prof. Lúcio Mauro. Esses imprevistos trouxeram pois algum atraso na preparação do documento em apreço e, sendo assim, solicitamos um prazo de mais umas poucas semanas para enviar a síntese em questão.
 
Contando com a sua compreensão, subscrevo-me.
Atenciosamente,
 
Pedro Angelo

De: Acsfernandes@aol.com [mailto:Acsfernandes@aol.com]
Enviada em: segunda-feira, 25 de julho de 2005 08:06
Assunto: Re: Propostas pendentes
..........
5) sobre o sítio Vale glacial do Galvão, não me sinto em condições, no momento, de tomar uma decisão a respeito, embora me pareça válida a proposta.
.........
Antonio Carlos


De: Manfredo Winge [mailto:mwinge@terra.com.br]
Enviada em: terça-feira, 11 de outubro de 2005 17:06
Para: Pedro Angelo Almeida Abreu (pangelo@fafeid.edu.br); Friedrich Ewald Renger (frenger@dedalus.lcc.ufmg.br); Lúcio Mauro Soares Fraga (luciofraga@fafeid.edu.br)
Assunto: Proposta Vale Glacial - Análise

Prezados Pedro Ângelo e co-autores,
estamos tentando "limpar" as propostas pendentes, aprovando-as ou não.
Conforme disposto na página da proposta, receberíamos um extended abstract documentando suficientemente a geologia do sítio para uma análise nossa e de colegas não envolvidos na polêmica para lastrear uma conclusão a respeito da aprovação ou não do sítio como paleovale glacial précambriano preservado.
Contando com o envio da documentação para a devida apreciação,
enviamos cordiais saudações
Manfredo
c/c SIGEP plena


De: Pedro Angelo Almeida Abreu [mailto:pangelo@fafeid.edu.br]
Enviada em: segunda-feira, 14 de novembro de 2005 15:31
Assunto: Re: Proposta Vale Glacial - Análise

Inicialmente apresento nossas desculpas pela demora em responder a sua mensagem.

Na verdade, desde o envio da proposta do Paleovale Glacial do Galvão em setembro de 2004 fizemos alguns trabalhos de campo adicionais na área do vale reportado e domínios contíguos no sentido de reunir novas imagens (fotos) e detalhes da geologia local para a elaboração de mapas e perfis detalhados.

Esse material já está quase todo devidamente reunido e "tratado", no entanto o nosso tempo nesta Instituição foi dedicado a eventos e transformações inadiáveis e relevantes para esta Casa, incluindo o processo de Auto-avaliação Institucional, considerando que estive na presidência da comissão que levantou os dados de outubro/2004 a maio/2005, preparou o relatório de maio a agosto/2005 e o enviou ao INEP no dia 30 de setembro p.p.. Nesse mesmo período, estivemos envolvido no processo de transformação da FAFEID em UFVJM (Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri), consumado no dia 6 de setembro passado e que teve suas festividades de implantação nos dias 4 e 5 do presente mês.

Também no período de junho/2004 a setembro/2005 estivemos na presidência da Comissão Organizadora do IV Simpósio Brasileiro de Geologia do Diamante / II Simpósio Sulamericano de Geologia do Diamante, realizado nesta Diamantina no período de 4 a 7 de setembro p.p.

Ademais, docentes da Faculdade de Ciências Agrárias da UFVJM, incluindo alguns convidados de instituições externas, estivemos envolvidos na elaboração de uma obra que tem como título "Serra do Espinhaço Meridional: Paisagens e Ambientes", patrocinada pela PETROBRÁS, que será lançada no dia 7 de dezembro p.v. nesta Casa. A mim e a alguns colegas coube a co-elaboração dos capítulos "Geologia", "Fisiografia" e "Hidrologia e Hidrografia". No capítulo sobre a Geologia da Serra do Espinhaço Meridional tivemos a oportunidade de tratar da "História Pós-Tectônica da Serra do Espinhaço" que inclui a "Glaciação Macaúbas" e seus vales glaciais preservados, assim os dados requeridos pelo SIGEP para "lastrear uma conclusão a respeito da aprovação ou não do sítio como paleovale glacial précambriano preservado" está bastante adiantado e, neste sentido, nos comprometemos a enviá-los nos próximos 10 dias.

Reiteramos que, sendo do interesse do SIGEP, poderemos guiar uma excursão de campo para os vales glaciais da "Glaciação Macaúbas" preservados no nordeste da Serra do Espinhaço Meridional.

Atenciosamente,

Pedro Angelo


De: Pedro Angelo Almeida Abreu [mailto:pangelo@fafeid.edu.br]
Enviada em: terça-feira, 20 de dezembro de 2005 14:56
Assunto: Vale Glacial do Galvão

(Re) Encaminho, pelo presente, a proposta do Sitio Glacial do Galvão, nos termos solicitado pelo SIGEP, para a devida avaliação. Estamos anexando 29 figuras em diferentes formatos de forma a facilitar o entendimento da geologia local e dos monumentos descritos propriamente dito. Como são arquivos relativamente pesados serão encaminhados em várias mensagens de maneira que não cause uma sobrecarga no computador.

Caso alguma das figuras não tenha a nitidez esperada ou voce não disponha do respectivo programa, nos avise que a(s) encaminharemos em outro formato.

Estarei de férias até o dia 25 de janeiro quando então posso retomar qualquer diálogo referente ao assunto ou reenviar alguma figura ou documento.

Sendo do interesse do SIGEP receber um exemplar do Livro "Serra do Espinhaço Meridional - Paisagens e Ambientes", peço para me enviar o endereço de destino.
......
Cordialmente,
Pedro Angelo


De: Manfredo Winge [mailto:mwinge@terra.com.br]
Enviada em: quarta-feira, 21 de dezembro de 2005 14:20
Para: 'Pedro Angelo Almeida Abreu'
Assunto: RES: Vale Glacial do Galvão
 
Prezado Pedro Ângelo,
recebi 12 emails seus com mais de 41 megabytes de imagens de diversos formatos (de autocad inclusive e que não tenho em meu PC). Essas figuras foram enviadas sem nenhum texto explicativo. Não posso passar esses arquivos para a Comissão SIGEP ver e apreciar visto que são muito "pesados" e alem disso, assim soltos, fica dificil entender o que os autores querem informar.
 
De acordo com a nossa solicitação era para somente enviar um texto enxuto ("extended abstract") com as provas documentais suficientes para caracterizar que realmente  se tem um vale glacial alpino com cerca de 1 bilhão de anos preservado na região indicada na proposta: https://sigep.eco.br/propostas/Vale_Glacial_Galvao.htm
 
Saudações geológicas
Manfredo
c/co SIGEP

De: Pedro Angelo Almeida Abreu [mailto:pangelo@fafeid.edu.br]
Enviada em: sexta-feira, 3 de fevereiro de 2006 10:57
Para: Manfredo Winge
Assunto: Re: Vale Glacial do Galvão
 
Prezado Manfredo,
 
Conforme informado na mensagem anterior, estive em férias até o dia 25 de janeiro p.p. e após atualizar várias coisas pendentes quando do meu retorno volto a tratar da questão do Vale Glacial do Galvão.
 
Entendo que possa ocorrer dificuldades para que alguns dos arquivos enviados serem abertos em virtude do programa ou devido ao seu tamanho e isso eu já havia reportado na mensagem enviada no dia 20 de dezembro p.p.. Porisso, e considerando as suas ponderações apostas na mensagem me enviada em 21 de dezembro de 2005, nos comprometemos a remeter o documento em apreço na forma impressa e com o número de exemplares que voce julgue necessário.
 
O que não concordamos é alterar o documento que foi preparado com a finalidade de esclarecer o solicitado pelo SIGEP, embora estejamos de acordo em colocar "captions" nas figuras enviadas que estavam sem essas explicações (mesmo considerando que as figuras acham-se devidamente explicadas-descritas no texto). Deve ser lembrado, conforme explicitado no texto, que uma "visão do todo" e o "detalhamento das partes" irá facilitar em muito a compreensão dos fenômenos e dos objetos abordados no documento em questão.
 
A "Glaciação Macaúbas" - seus fundamentos, idades, registros e consequências para o entendimento da geologia da região foi motivo da Tese para o Concurso de Professor Titular do Prof. Pedro Angelo Almeida Abreu junto à Faculdade de Ciências Agrárias da FAFEID (atual UFVJM), defendida no dia 2 de julho de 2002, perante a banca examinadora constituída pelos Profs. José Marques Correia Neves, Joaquim Raúl Ferreira Torquato, Marcos Aurélio Faria de Oliveira, Hans Daniel Schorsher e Gilberto Rocha de Melo, sendo aprovada com nota (média final) 9.7 - título da tese: "A Serra do Espinhaço Meridional (Minas Gerais) e a sua glaciação alpina do final do Mesoproterozóico". Estamos preparando (finalizando) um trabalho científico abrangente sobre o assunto e se não o enviamos para publicação anteriormente é porque estávamos bucando dados adicionais e levando o assunto (as questões mais polêmicas) para discussões em congressos e simpósios.
 
Hoje temos convicções sobre o significado de vários registros, embora  em alguns segmentos a descontinuidade (ou qualidade) de afloramentos deixe margem para diferentes interpretações. Voltamos a afirmar que os registros dos vales glaciais (reportados) são espetaculares e merecem tombamento e de serem incluídos para roteiros de excursões científicas e culturais.
 
Ficamos aguardando a informação no que concerne ao número de exemplares que devem ser enviados para a devida distribuição aos membros do SIGEP.
 
Cordialmente,
 
Pedro Angelo

De: Manfredo Winge [mailto:mwinge@terra.com.br]
Enviada em: sexta-feira, 8 de junho de 2007 16:07
Cc: Pedro Angelo Almeida Abreu (pangelo@fafeid.edu.br)
Assunto: Proposta Vale Glacial do Galvão, Diamantina-MG - Voto
 
Caros colegas da SIGEP,
   
foi solicitada ao proponente da proposta "Vale Glacial do Galvão, Diamantina-MG" uma sinopse geológica que demonstrasse a viabilidade da existência de um "vale glacial" neoproterozóico preservado nas áreas montanhosas da região de Diamantina, MG.
 
Esta sinopse não foi enviada.
 
Foram-nos enviados, ao invés da sinopse, vários emails no dia 20/12/2005 com figuras que transformei em pdf e disponibilizei na Internet:
ver na página da proposta: https://sigep.eco.br/propostas/Vale_Glacial_Galvao.htm

"Figuras enviadas por emails o dia 20/12/2005 sem texto explicativo associado
:
Figuras: 01, 02, 04, 05, 06, 07 e 08, 09,10, 11,12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 25, Perfis
(obs - os numeros são os indicados nos emails e podem não coincidir com o indicado em legenda;  as figuras foram transformadas em pdf em tamanho pequeno)"
Observo que a figura 19 mostra mapa e um perfil interpretativo com estruturação de empurrão e corte mostrando a topografia atual algumas centenas (?) de metros abaixo da topografia gerada com os empurrões para W e NW.
Isto coloca em questão a interpretação de que se tem aí um vale glacial com sua topografia original preservada.
Os tilitos poderiam até ter se originado em vales glaciais, mas os seus depósitos seriam deformados e foliados metamórficamente como está indicado nas figuras 07 e 08, caso as rochas ái representadas sejam do depósito do "vale glacial".
Isto posto e tendo em vista a firme convicção e argumentação de colegas conhecedores da área (emails apresentados), sou de parecer que a proposta não deva ser aprovada e ser, assim, cancelada.
 
Manfredo
c/c proponente
 
Manfredo Winge
Representante da SBG na SIGEP:
Comissão Brasileira de Sítios Geológicos e Paleobiológicos do Brasil

De: Pedro Angelo Almeida Abreu [mailto:pangelo@ufvjm.edu.br]
Enviada em: segunda-feira, 11 de junho de 2007 15:29
Assunto: Re: Proposta Vale Glacial do Galvão, Diamantina-MG - Voto
Prezado Manfredo e demais colegas da SIGEP,
Considerando a alegria que nos cerca desde o resultado da eleição para a reitoria da nossa Universidade, ocorrida na quarta-feira passada, não queria responder as colocações apostas abaixo, no entanto, entendo que as Instituições devam ser preservadas, desde que nós passaremos e elas devem ser perpetuadas. A SIGEP, pelo que tem feito e o que se propõe a realizar, representa uma Instituição que devemos valorizar.
 
Tratando da mensagem abaixo, temos o dever de lembrar que a sinopse solicitada foi enviada em 20/12/2005 conforme cópia dos e-mails atachados a esta mensagem, assim como o próprio texto enviado naquela ocasião (PropostaValGlaGalvao2 - igualmente atachado a esta mensagem). Como entendemos que o tema é polêmico, preferimos apresentar não uma sinopse propriamente dito, mas um documento rico em informações para fundamentar os esclarecimentos que julgávamos como essenciais ao entendimento dos objetos descritos pelos colegas que fariam a análise e por isso foi acompanhado de 29 figuras, entre mapas geológicos, perfis geológicos, esquemas e fotografias. No e-mail de 3 de fevereiro de 2006 esclarecemos isto ao colega e nos propomos a enviar o documento devidamente encadernado e organizado após o questionamento de eventuais dificuldades de abrir um ou outro arquivo das figuras, tão bem como no que se refere à falta dos captions das mesmas. O mencionado e-mail nunca foi respondido pelo colega Manfredo.
 
Daí em diante, em face das polêmicas em torno da proposta e, pricipalmente, devido ao não entendimento entre a SIGEP e os proponentes no que concerne aos encaminhamentos, decidimos não mais solicitar a publicação da proposta, tanto é que temos uma sinopse bem recente sobre os vales glaciais reportados (enviado ao Lateinamerika Kolloquium em janeiro de 2007 - cópia do documento atachado como LAK2997PostEnglishB1a) e não o enviamos à SIGEP para qualquer análise ou consideração acerca do documento como referência para "aprovação" da proposta. Ou seja, para nós a questão estava definitivamente encerrada e no sentido de cumprirmos nosso papel de pesquisadores e servidores públicos preparamos um artigo científico completo sobre os vales glaciais e a glaciação pertinente para ser publicado em revista científica, o que ocorrerá ainda no ano em curso e, desta forma, disponibilizarmos a informação para a comunidade científica brasileira e internacional.
 
Pelo exposto, entendemos que tudo por tudo fica devidamente esclarecido. No entanto, não podemos deixar da manifestar o nosso desapontamento com os comentários do colega Manfredo no que se refere "Observo que a figura 19 mostra mapa e um perfil interpretativo com estruturação de empurrão e corte mostrando a topografia atual algumas centenas (?) de metros abaixo da topografia gerada com os empurrões para W e NW". Na verdade isto não é uma mapa da geologia da região e sim um esquema da paleogeologia da Serra do Espinhaço Meridional nos idos do final do Mesoproterozóico, esquematizado a partir da distribuição dos fragmentos de rochas encontrados nos tilitos que bordejam a serra e/ou encontrados nos tilitos dos paleovales glaciais. Na verdade, nessa concepção, milhares de metros de rochas já foram devidamente retiradas da Serra pelos processos de erosão impostos desde o final do Mesoproterozóico. Deve ser dito que o detalhamento da distribuição e quantificação dos fragmentos de rochas que edificavam a Serra do Espinhaço Meridional continua a ser feito, ora com o desenvolvimento de uma tese de doutorado, e assim poderá ser feito o refinamento daquele esquema, lembrando ainda que o mencionado trabalho vem consolidando a informação de que a mencionada serra representou o centro de dispersão dos glaciares responsáveis pela sedimentação dos depósitos glaciogênicos da região.
 
No que tange a colocação "Isto posto e tendo em vista a firme convicção e argumentação de colegas conhecedores da área (emails apresentados), sou de parecer que a proposta não deva ser aprovada e ser, assim, cancelada" também entendemos como uma expressão absolutamente extemporânea, pois deve ser lembrado mais uma vez que nossos trabalhos na região foram desenvolvidos em tempo posterior aos efetuados pelos colegas reportardos como "conhecedores da área", em um grau de detalhe muito maior, incluindo trabalhos analíticos. Deve ser lembrado que o conhecimento - e muito menos a ciência - não são estanques. Ademais, nossos trabalhos, no nível apresentado em 2002, foi motivo de uma avaliação rigorosa com a defesa da minha Tese para o Concurso de Professor Titular  (membros da banca examinadora - Profs. José Marques Correia Neves, Joaquim Raúl Ferreira Torquato, Marcos Aurélio Faria de Oliveira, Hans Daniel Schorsher e Gilberto Rocha de Melo). A tese foi aprovada com nota (média final) 9.7 - tendo como título "A Serra do Espinhaço Meridional (Minas Gerais) e a sua glaciação alpina do final do Mesoproterozóico" (exemplares da tese foram doados às bibliotecas das Geociências da UnB, USP, UNESP, UFOP, UFRJ, UFMG, UFBA e Centro de Geologia Eschwege, portanto disponível aos colegas interessados em conhecer as informações nela contidas).
 
Bom, os vales glaciais da "Glaciação Macaúbas" vão continuar onde estão por uns bons milhares (ou milhões?) de anos, a SIGEP como instituição deve ter uma longa vida. Assim, com o detalhamento do conhecimento da região (como mencionado anteriormente, no momento está sendo desenvolvida uma tese de doutorado abordando a área e o assunto, inclusive com orientação de docente com experiência em sedimentologia glacial), no futuro próximo ou longínquo o assunto voltará à pauta e, quem sabe, motivo de avaliação pela douta SIGEP.
 
Aos eventuais interessados - sendo colegas da SIGEP ou de outros - reiteramos a nossa disposição de guiar excursões aos vales glaciais, seja em grupo ou individual - para tanto solicitamos apenas o agendamento com a devida antecedência.
 
Um grande abraço a todos.
 
Cordialmente,
Pedro Angelo

S I N O P S E   S O B R E   A   G E O L O G I A   D A   Á R E A

(Anexo ao email De: Pedro Angelo Almeida Abreu [mailto:pangelo@ufvjm.edu.br]
Enviada em: segunda-feira, 11 de junho de 2007 15:29)

-=-=-=-=-=-=-=-

OS VALES GLACIAIS DO RIO MANSO E DO GALVÃO: VALES GLACIAIS DA “GLACIAÇÃO MACAÚBAS” PRESERVADOS NO NORDESTE DA SERRA DO ESPINHAÇO MERIDIONAL

 

P. A. Almeida-Abreu*; F. E. Renger**; L. M. S. Fraga*

 (* Faculdade de Ciências Agrárias – Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri; ** Instituto de Geociências – Universidade Federal de Minas Gerais)

 

 

A theory is a good theory if it satisfies 2 requirements. It must accurately describe a large class of observations on the basis of a model that contains only a few arbitrary elements, and it must make definite predictions about the results of future observations. Stephen  Hawking, A Brief  History  of  Time

 

Introdução

No ano de 2004, os autores acima indicados propuseram a inclusão do “Vale Glacial do Galvão”, como um sítio “Geomorfológico”, “Paleoambiental” e “Estratigráfico” junto ao Patrimônio Mundial de monumentos naturais que vem sendo catalogado pelo SIGEP. A oposição à proposta apresentada por três colegas da comunidade científica geológica motivou o SIGEP a solicitar aos propositores a apresentação de um Resumo Expandido tratando do vale glacial em apreço, de forma que a proposta apresentada pudesse ser avaliada e julgada por uma comissão constituída pelo SIGEP para esse fim.

Sendo assim, nesta oportunidade encaminhamos o “resumo” requerido acompanhado de mapas, seções, fotografias e outras figuras que servem de suporte àquela proposta. Entendemos que parte dos questionamentos apresentados por colegas baseia-se no senso comum do baixo potencial de preservação das formas de relevo produzidas por glaciares conforme ressaltado pelos seguintes autores: “Landforms will not be discussed here, as they seldom are preserved in Proterozoic glacial sequences” (Dreimanis 1983); “The long term preservation potential of terrestrial glacial facies is low, especially in areas of active tectonism e high relief” (Eyles 1993); “The characteristics of glacially influenced land forms have little chances to be preserved e recognized” (Reineck & Singh 1980: 206).

No entanto, reiteramos que a despeito do baixíssimo potencial de preservação reportado, dois vales glaciais da Glaciação Macaúbas foram reconhecidas recentemente no nordeste do SdEM (Almeida Abreu et al. 2001).

Deve ser lembrado também que existe uma vasta bibliografia abordando a geologia da Serra do Espinhaço, incluindo a geologia dos depósitos glaciogênicos que são reunidos no Grupo Macaúbas. São muitas as polêmicas que cercam a geologia da região mencionada, embora o refinamento do conhecimento de segmentos da região, através de mapeamentos geológicos de detalhe e de trabalhos analíticos associados, tenham esclarecido várias das questões polêmicas. No entanto, alguns pesquisadores que trabalham ou trabalharam na região não querem reconhecer os resultados desses trabalhos adicionais, seja através da análise dos trabalhos apresentados, seja através da visita aos locais indicados nos trabalhos desenvolvidos.

Desde que não é escopo do “resumo” ora encaminhado discutir amplamente as diversas questões polêmicas que cercam a geologia da região, listamos, ao final, bibliografias diversas que dão suporte técnico e científico às propostas dos autores acerca da geologia da Serra do Espinhaço Meridional (SdEM), incluindo a geologia do Grupo Macaúbas, trabalhos esses desenvolvidos nos últimos 30 anos.

Neste “resumo” serão apresentados dados sucintos sobre a geologia das áreas de Couto Magalhães de Minas e do vale do Caeté-Mirim, este no âmbito da localidade da Fazenda Galvão. Nessas duas áreas acham-se preservados vales glaciais da “Glaciação Macaúbas” e as relações estratigráficas das rochas aflorantes definem, com notável segurança, relações de idades entre unidades estratigráficas maiores e menores, além de se apresentarem como marcadores de eventos tectônicos, propiciando, assim, um melhor entendimento da geologia da região.

Deve ser reforçado que as conclusões e resultados dos trabalhos dos autores desta proposta foram obtidos através de mapeamento geológico executado diretamente por nós ou sob a nossa supervisão e que, juntamente com os demais dados obtidos nesses trabalhos, foram integrados no contexto dos mapas geológicos disponíveis que cobrem as áreas de exposição do Grupo Macaúbas na SdEM e áreas adjacentes. Estatística dos fragmentos líticos contidos nos tilitos das áreas mapeadas e visitadas foi efetuada para se tentar estabelecer as áreas fontes dos depósitos glaciogênicos e visualizar a dispersão dos glaciares no âmbito da Serra do Espinhaço e domínios adjacentes.

Foi efetuada também uma análise minuciosa dos mapas integrados abrangendo toda a região, inclusive os fundamentos das interpretações de ambientes e processos sedimentares apresentados pelos autores dos mapas geológicos e dos trabalhos de campo no contexto da região abordada. Em seguida, efetuamos a análise dos dados integrados neste trabalho, cotejando-os aos modelos de evolução e paleogeografia do Grupo Macaúbas apresentados por diferentes autores, p. ex. Pflug & Schöll (1975), Karfunkel & Hoppe (1988), Pedrosa-Soares et al. (1992) e Uhlein et al. (1999).

Com base nesses estudos, foi então proposto um novo modelo paleogeográfico para o Grupo Macaúbas no âmbito da SdEM e domínios adjacentes, como também as conseqüências desse modelo na evolução geológica da região durante o Meso- e Neoproterozóico (Almeida-Abreu & Renger 2002; Almeida-Abreu 2002). Entendemos que seja importante para os consultores que analisarão a proposta conhecerem os vales glaciais abordados no contexto da geologia e da paleografia da “Glaciação Macaúbas”.

 

A Serra do Espinhaço Meridional e seu entorno

A Serra do Espinhaço, termo introduzido por Eschwege (1822), representa uma cordilheira de montanhas que se estende por cerca de 1.200 km na direção geral N-S, mostrando largura variável de alguns quilômetros até mais de 100 Km. Ao sul, começa a aflorar no âmbito do Quadrilátero Ferrífero (região central do Estado de Minas Gerais), seguindo de forma mais ou menos contínua para o norte até os limites norte do Estado da Bahia com o Estado do Piauí (Fig. 1). É edificada, sobretudo, por rochas do Supergrupo Espinhaço de idade paleo/mesoproterozóica que se assentam sobre rochas cristalinas e supracrustais do Arqueano e/ou do Paleoproterozóico.

O segmento meridional da Serra do Espinhaço (SdEM) mostra-se separado e ligeiramente deslocado da parte setentrional (Fig. 1) e ressalta-se desde as imediações de Belo Horizonte por pouco mais de 300 km para norte, definindo um relevo rugoso de altitude média de 1250 metros acima do nível do mar. A SdEM, incluindo a Serra do Cabral a oeste e a Serra Negra a leste, é delimitada aproximadamente pelas coordenadas geográficas 17° 30` e 20° de latitude sul e 42° 30' e 44° 30' de longitude W (Fig. 2).

As rochas predominantes no edifício da SdEM são representadas especialmente por metarenitos e subordinadamente por pelitos, metaconglomerados e carbonatos.

A existência de profunda discordância angular e erosiva entre o Supergrupo Espinhaço e os grupos Macaúbas e Bambuí na borda noroeste da SdEM foi cartografada por Pflug (1965), Pflug & Schöll (1975) e posteriormente em detalhe por Köster (1984). Nessa área, os tilitos e litologias associadas do Grupo Macaúbas recobrem diferentes formações do Supergrupo Espinhaço sobre uma superfície previamente estruturada por dobras e falhas, e bem preservada da deformação tardia do Ciclo Brasiliano. Isso também foi observado por Kalt (1991) na extensão sul dessa mesma faixa que propôs a existência de evento compressivo por volta de 1.3 a 1.0 Ga (Ciclo Uruaçuano, já reportado por Brito-Neves et al. 1979).

A mesma opinião foi defendida por Cordani et al. (1992), com base nas datações geocronológicas (Rb/Sr e U/Pb) da região de Lagoa Real (borda oriental da Serra do Espinhaço Setentrional da Bahia), atribuindo idade ao Ciclo Espinhaço entre 1500 e 1200 Ma.

A discordância angular e erosiva entre unidades neoproterozóicas do Grupo Bambuí e unidades mesoproterozóicas do Grupo Macaúbas foi reconhecida também através de perfis geofísicos (Romeiro-Silva et al. 2000).

As rochas básicas pós-tectônicas da Suíte Pedro Lessa que se acham encaixadas em rochas do Supergrupo Espinhaço representam também um excelente marcador da Orogênese Espinhaço, ou seja, de uma orogênese mesoproterozóica no âmbito da SdEM. Estas rochas ocupam cerca de 2.5 % da superfície atual da SdEM (Hoppe 1986) e seccionam diversas estruturas tectônicas moldadas em rochas do Supergrupo Espinhaço (Hagedorn 1997, Renger et al. 1997). Estas rochas revelaram idade de 906 ± 2 Ma (U/Pb em zircão e badeleyta, Machado et al. 1989) e ademais cortam também rochas glaciogênicas do Grupo Macaúbas (Almeida-Abreu et al. 1997) que têm idade estimada em cerca de 1.05 Ga (D’Agrella Filho et al. 1990).

Os grupos Macaúbas e Bambuí compõem o Supergrupo São Francisco (Pflug & Renger 1973) embora esses autores tenham sugerido que os mesmos representariam fácies adjacentes de uma única bacia. Trabalhos posteriores, no entanto, demonstraram que esses grupos são compostos por litologias de ambientes sedimentares e climáticos completamente distintos e porisso o abandono do termo Supergrupo São Francisco foi sugerido por Almeida-Abreu (1993).

O Grupo Bambuí cobre uma extensa área do Cráton do São Francisco, estendendo-se até seus domínios marginais, onde bordeja os orógenos que limitam essa unidade cratônica nos Estados de Minas Gerais, Bahia e Goiás. É dominado por rochas carbonáticas e pelíticas depositados numa ampla bacia epicontinental. A idade das rochas desse grupo é atribuída ao Neoproterozóico, no intervalo entre 900 e 700 Ma (Fairchild et al. 1996).

O Grupo Macaúbas, por sua vez, tem ocorrência restrita a estreitas faixas bordejando o ocidente da SdEM, circundando a Serra do Cabral, e com uma distribuição mais ampla a norte e nordeste da Serra. Deve ser ressaltado que, pelo menos parte das rochas atribuídas a esse grupo ao nordeste da SdEM, são, de fato, rochas do Supergrupo Espinhaço, conforme a datação em zircões de metariolitos (1752 ± 2 Ma) da região de Desembargador Otoni apresentadas por Machado et al. (1989).

A presença de espessos pacotes de ritmitos (com ou sem dropstones) sobre ou intercalados nos diamictitos são observados ao longo da borda ocidental da SdEM (Karfunkel & Hoppe 1988), tão bem como ao longo da borda oriental da Serra do Cabral. Nesta área, os ritmitos apresentam espessuras superiores a 50 m e podem ser seguidos por dezenas de quilômetros e mostram, freqüentemente, feições típicas de varvitos (Walde 1976).

Desde Isotta et al. (1969) a origem glacial da Formação Jequitaí do Grupo Macaúbas vem sendo aceita pela comunidade científica. A integração e correlações regionais desta unidade com outros depósitos glaciogênicos da Serra do Espinhaço Setentrional (Formação Bebedouro), do sul do Estado de Minas Gerais (Formação Carandaí), além de outros depósitos que bordejam os orógenos circundantes do Cráton do São Francisco foram apresentados por Karfunkel & Hoppe (1988). Esses autores, com base na estratigrafia regional, propuseram uma glaciação continental sobre todo o Brasil central por volta de 1.000 Ma.

Por outro lado, D'Agrella Filho et al. (1990) com base em dados de paleomagnetismo e datações geocronológicas (Ar/Ar, Renne et al. 1990) obtidos em rochas básicas não metamórficas do leste do Cráton do São Francisco, indicaram que o referido cráton passou pelas paleolatitudes 40º a 65º entre 1.0 e 1.1 Ga e propuseram que o evento glacial ocorreu entre 1.01 e 1.08 Ga. em decorrência da posição paleolatitudinal da região.

Pedrosa-Soares et al. (2000), por sua vez, propuseram uma idade mínima de 950 Ma para os depósitos glacio-marinhos do Grupo Macaúbas, considerando os resultados de datações de zircões detríticos de unidade quartzítica da Faixa Araçuaí.

Revisões e discussões acerca do Grupo Macaúbas podem ser obtidas também em Pflug & Renger (1973), Pflug & Schöll (1975) e Karfunkel et al. (1985).

 

Localização da área abordada

Os vales glaciais do Rio Manso (Fig. 3) e do Galvão (Fig. 4) localizam-se no nordeste da SdEM (Fig. 2), o primeiro situado a cerca de 30 km de Diamantina e o segundo a cerca de 70 km. Deve ser destacado que esse domínio da SdEM situa-se em um compartimento do orógeno que sofreu menor deformação tectônica, conforme observado por Almeida-Abreu & Pflug (1994). O reflexo disso pode ser visto nos resultados da análise gravimétrica (Blitzkov et al. 1980) onde quase nenhum espessamento crustal remanescente acha-se indicado, o que propiciou menor vigor em movimentos epirogenéticos positivos em decorrência da compensação isostática, processo pós-tectônico de longo termo inerente às cadeias de montanhas. Isso explica porque apenas nesse domínio da Serra do Espinhaço encontram-se vales glaciais preservados, embora em vários outros domínios do orógeno ainda aflorem rochas de depósitos glaciogênicos.

Deve ser destacado também que os depósitos de morainas laterais, de fundo e frontais afloram em altitudes entre 800 e 700 m acima do nível do mar (Fig. 5 e 6), tanto no Vale Glacial do Rio Manso, como no Vale Glacial do Galvão. Ambos os vales fluviais atuais assentados nas calhas desses vales glaciais são afluentes do Rio Jequitinhonha. O primeiro é um afluente de primeira ordem da sua margem direita e o segundo um tributário do Rio Caeté-Mirim que também representa um afluente de primeira ordem da margem esquerda do Rio Jequitinhonha

 

A idade da glaciação

A idade da “Glaciação Macaúbas” também tem sido motivo de polêmica. Uhlein et al. (1999), Pedrosa-Soares et al. (2000) e Cukrov et al. (2005) indicam idades menores de 900 milhões de anos para a "Glaciação Macaúbas", no entanto as rochas glaciogênicas são cortadas por rochas básicas da Suíte Pedro Lessa em diferentes domínios da SdEM (p. ex., em área da Fig. 4). Rochas dessa suíte datadas pelo método U/Pb em zircões e badeleyta revelaram idade de 906 ± 2 Ma (Machado et al. 1989).

Um corpo dessas rochas básicas com grandes blocos de rocha fresca aflora na margem direita do Rio Jequitinhonha em local denominado Água Verde (Lindenberg et al. 1997), encaixado em rochas glaciogênicas do Grupo Macaúbas. As relações de campo são claras, inclusive comprovadas por colegas da USP em visita guiada por nós em anos anteriores (Profs. B. B. do Brito Neves e W. Teixeira; Prof. V. Girardi e colegas de Universidade Italiana). Em ambas as ocasiões foram coletadas amostras desse corpo.

Uma idade maior do que 906 Ma encontra suporte nos trabalhos de D´Agrella Filho et al. (1990) e de Renne et al. (1990), considerando que esses autores indicam uma idade de aproximadamente 1.05 Ga para a “Glaciação Macaúbas”. Ademais, a idade reportada para a deposição do Grupo Bambuí situa-se entre 900 e 700 Ma (Fairchild et al. 1996) e considerando que as rochas desse grupo não são cortadas pelas rochas básicas da Suíte Pedro Lessa, suportam também uma idade maior que 906 Ma para o evento glacial em apreço.

Este fenômeno glacial em ~1050 Ma assume uma importância particular por tratar-se do primeiro registro glacial pós-2.2 Ga desde que Harland et al. (1989) e Eyles (1993) consideram depósitos de 900 – 800 Ma como os primeiros registros glaciais pós-Huroniano. Eyles (1993) acentuou que “no well-dated glacial deposits are recorded for a lengthy Mid-Proterozoic interval from about 2200 to c. 800 Ma and this may reflect non-recognition, non-preservation or relatively high average global temperature in response to CO2 induced by ‘greenhouse’ conditions”.

 

O Vale Glacial do Rio Manso

Inicialmente deve lembrado que os diamictitos que ocorrem no âmbito da região em apreço já foram motivo de caracterização como rochas de origem glacial e, portanto, tratam-se de tilitos ou de rochas glaciogênicas de outros ambientes. Os tilitos da região podem ser assim descritos, sucintamente: predominam clastos de diferentes tipos de quartzitos–(meta) arenitos que podem ser laminados ou maciços; puros, micáceos, felspáticos ou ferruginosos; finos, médios, ou grossos; às vezes exibem outras feições (p. ex., estratificações cruzadas, dobras cm a dm, clivagem ou foliação. Freqüentes são também clastos de granito, gnaisse, quartzo e carbonatos. Eventualmente encontram-se clastos de filito, micaxistos, rocha ultramáfica, clorita-xistos, rocha manganífera, ardósia, argilito, siltito e minerais opacos. O diâmetro dos clastos é variável de milímetros até 60 cm ou raramente maiores, sendo os tipos de dimensões superiores a 20 cm de (meta)arenitos ou granitóides. O grau de arredondamento varia de muito anguloso a bem arredondado com claro predomínio de termos sub-angulosos a angulosos. A matriz é geralmente pelítico-arenosa (na relação aproximada 2:1) embora observem-se termos essencialmente pelíticos ou predominantemente arenosos. A parte pelítica é representada sobretudo por palhetas de sericita e argilo-minerais, as vezes com “grãos” (palhetas) de clorita. A fração arenosa é composta por grãos de quartzo arredondados a angulosos de dimensões sub-centimétricas a micrométricas, com notável contribuição de fragmentos líticos e de feldspatos (plagioclásios e microclina), assim como minerais opacos (geralmente hematita a goetita). Eventualmente a matriz dos diamictitos é maciça e muito compacta, no entanto uma laminação (foliação) é comum na maioria dos depósitos e mostra-se orientada de acordo com o “sítio de deposição”. Quando representam “tills basais” a foliação é horizontal a suavemente inclinada e está de acordo com o observado por Brodzikowiski & van Loon (1987: 336) em tills basais de idade Drenthiana da Polônia. Quando se tratam de morainas laterais, a foliação é paralela às rochas encaixantes.

A geologia do vale do Rio Manso (Fig. 3) ressalta marcadores estratigráficos espetaculares no que se refere a idade relativa de eventos tectônicos e deposicionais no âmbito da SdEM.

Observe a pronunciada discordância angular entre as rochas da Formação Sopa-Brumadinho e da Formação Duas Barras, esta última definida como depósitos de Molassa do Orógeno Espinhaço (Renger & Almeida-Abreu 2000, Almeida-Abreu & Renger 2002). As relações mostradas entre essas duas unidades ressaltam de forma clara o seguinte: (a) as rochas do Supergrupo Espinhaço achavam-se devidamente estruturadas e tinham sido submetidas a pronunciada erosão antes da deposição das rochas da Formação Duas Barras; (b) após a deposição da Formação Duas Barras não ocorreu nenhum evento tectônico importante nessa área, do contrário o arranjo estratigráfico observado (ver seção E-F) não estaria preservado com a atual configuração.

Discordância angular e erosiva mais evidente é marcada pela relação das rochas glaciogênicas do Grupo Macaúbas com as rochas das formações Sopa-Brumadinho e Duas Barras. Observe nas seções A-B, C-D e G-H que os tilitos acham-se encaixados em uma ou outra dessas duas formações, depositados após uma incisão de centenas de metros de profundidade. Ou seja, um vale aberto, moldado em rochas dessas duas formações, foi entulhado por rochas glaciogênicas típicas, conforme pode ser observado nas figuras 7 e 8.

Observe também que o arranjo estratigráfico – estrutural entre as formações Duas Barras e Sopa-Brumadinho exerceu forte controle na geometria dos depósitos glaciogênicos desde que após seguir por um longo trecho na direção norte-sul, sofre uma pronunciada inflexão para oeste, justo quando atinge o contato entre essas duas formações do Supergrupo Espinhaço. Isto, aliado às informações que serão descritas a seguir, indicam o desenvolvimento de um vale glacial-tronco com fluxo geral de sul para norte, oriundo e moldado, portanto, na SdEM.

O contato dos tilitos com as rochas do Supergrupo Espinhaço, onde preservado, ressaltam-se como discordantes. No lugar denominado Água Espalhada (seta nas Fig. 15 e 16), as rochas da Formação Sopa-Brumadinho formam uma parede (escarpa) íngreme com mais de uma dezena de metros de altura, “revestida” (coberta) por tilitos com poucos decímetros a 1-2 metros de espessura (Fig. 9, 10, 11). O contato entre o tilito e o metarenito é irregular sobre uma superfície fortemente inclinada (45º a 70º), enquanto o acamamento do metarenito é, em geral, sub-horizontal (Fig. 10). A paisagem da figura 9 permite visualizar o flanco ocidental do Vale Glacial do Rio Manso, onde as irregularidades da superfície de erosão atual permitem aflorar, ora os tilitos que representam o depósito de moraina lateral (Fig. 11), ora o seu substrato que é representado pelos metarenitos da Formação Sopa-Brumadinho (Fig. 9)

Tratando do vale glacial propriamente dito, pode ser observado no mapa geológico da figura 3 e nas suas seções, tão bem como nas fotografias aéreas que recobrem a área em análise (Fig. 12, 13, 14, 15e 16) que o mesmo é amplo (com 1,5 a 2,5 km de largura), profundo (chegando a mais de 200 metros de profundidade relativo às rochas encaixantes do Supergrupo Espinhaço) e conformação em “U”. Não é racional admitir que esse vale foi esculpido pelo Rio Manso, considerando o porte desse Rio (Fig. 3, 5, 12, 13, 14, 15 e 16) versus as dimensões do vale reportada anteriormente. Ademais, como pode ser visto naquelas mesmas figuras, o Rio Manso “abandona” o Vale Glacial por um longo trecho, justo no domínio onde o vale ainda acha-se muito “entulhado” por rochas glaciogênicas do Grupo Macaúbas. Portanto, o vale em descrição foi moldado e preenchido por rochas glaciogênicas da Glaciação Macaúbas e o modelado recente da paisagem trabalha sobre as diferentes suscetibilidades das rochas ao intemperismo químico do clima tropical que atua de forma mais efetiva nas rochas glaciogênicas ricas em carbonatos, granitóides e xistos do que sobre as rochas quartzíticas encaixantes, recuperando assim um pouco da paisagem original do vale glacial, inclusive de alguns pequenos vales tributários.

Deve ser lembrado que as dimensões desse vale, i. e., largura, profundidade e espessura dos depósitos glaciogênicos, configuram um vale glacial-tronco no conceito de Vivian (1975). Outros registros também evidenciam tratar-se de um vale glacial-tronco como os depósitos de outlet concentrados especialmente na área onde se acha assentada a cidade de Couto de Magalhães de Minas. A figura 17 mostra a face de uma pedreira esculpida em tilitos, rocha que foi utilizada para a composição do asfaltamento da rodovia Diamantina – Turmalina no fim dos anos 80 do século passado. A espessura desses tilitos alcança, na pedreira, 17 metros, mas considerando a espessura em sub-superfície, a espessura mínima do depósito é superior a 100 metros, desde que um poço artesiano perfurado pela COPASA na sede do município (ponto 1 na Fig. 3) atingiu 91 metros de profundidade dentro de “rochas tilíticas” sem alcançar o substrato quartzítico. Nos poços dos pontos 2 e 3 da figura 3 essa grande espessura dos tilitos é também comprovada, além de mostrar “lentes” espessas de carbonatos intercalados nesses tilitos, o que vem sugerir também tratar-se da zona terminal de um vale glacial antigo, desde que as escavações das línguas de geleiras promovem a instalação de lagos transitórios de caráter sazonal e/ou “interglacial”. A caracterização do ambiente dos carbonatos dessas lentes através de isótopos de oxigênio por Queiroz et al. 2004 indicou deposição em águas frias, típicas de domínios glaciais (ou periglaciais).

Típico de depósitos de morainas frontais é a organização estrutural explícita na Pedreira de Couto Magalhães de Minas, ou seja, a dispersão das foliações e as falhas associadas caracterizam uma organização “tectônica” promovida pelos avanços sucessivos do fronte de geleira, conforme Queiróz (2002) que ilustrou o processo com a figura 18. Estas superfícies de cavalgamentos são reconhecidas pela continuidade de planos que seccionam todo o fronte dos depósitos, individualizando domínios com variações sutis nos tamanhos e tipos de seixos e, principalmente, separando conjuntos com foliações (glacio-dinâmicas) de atitudes diversas. Pelo menos três superfícies de cavalgamentos mostram-se explícitas, exibindo planos com orientações ligeiramente diferentes e, provavelmente, tiveram o seu desenvolvimento devido a sucessivos episódios de avanço e recuo do glaciar na sua zona terminal, como exemplificado na Fig. 18.

As variedades de clastos e da composição da matriz dos tilitos da pedreira mencionada são também notáveis. Clastos de granitos, gnáisses, carbonatos, metaultramáficas e de quartzitos são freqüentes e abundantes, mostrando diferentes tamanhos, geralmente angulosos a sub-angulosos. Estas variedades de tipos litológicos e as dimensões dos clastos são também típicas dos depósitos de outlet de geleiras de vale-tronco e considerando a procedência da geleira (agente responsável pelo transporte dos depósitos), ou seja, oriunda do alto da SdEM no final do Mesoproterozóico, os clastos materializam as rochas e litologias que afloravam no alto do edifício orogênico, i. e., do Orógeno Espinhaço, naquele tempo. Isto levou Almeida-Abreu et al. (2001) a propor um esboço da paleo-geologia da SdEM no final do Mesoproterozóico (Fig. 19).

Pelo exposto, nesta oportunidade sugerimos também o tombamento da Pedreira de Couto Magalhães de Minas, que representa um depósito de moraina frontal da zona terminal de geleira de vale glacial.

 

O Vale Glacial do Galvão

O Vale Glacial do Galvão acha-se assentado no flanco nordeste da Serra do Espinhaço Meridional a 750 m acima do nível do mar, no Distrito de Inhaí, distando cerca de 70 km de Diamantina para o norte (Fig. 2 e 6). Integra o vale do Rio Caeté-Mirim, que representa um afluente de primeira ordem da margem esquerda do Rio Jequitinhonha. O Vale Glacial do Galvão apresenta-se, atualmente, como um pequeno tributário da margem esquerda do Rio Caeté-Mirim no trecho desse rio conhecido como Galvão (Fig. 4 e 6).

Como pode ser observada na figura 4, a geologia da área é simples e assemelha-se, em termos da exposição e distribuição de unidades litoestratigráficas, com a área de Couto de Magalhães de Minas, assim como nas relações estratigráficas discordantes entre as rochas glaciogênicas do Grupo Macaúbas e as rochas da Formação Duas Barras, conforme revelado nas seções A-B, C-D, E-F e G-H da figura 4. Na área do mapa geológico, assim como nas adjacências, observa-se que corpos de rochas básicas da Suíte Pedro Lessa cortam, além das rochas do Supergrupo Espinhaço, rochas do Grupo Macaúbas, reforçando que a idade do evento glacial deve situar-se em torno de 1.05 Ga. como sugerido por D´Agrella Filho et al. (1990).

As seções mencionadas têm suas localizações indicadas no mapa geológico da figura 4 e demonstram que, na verdade, aparecem outros vales glaciais tributários preservados no âmbito da área abordada, embora a acessibilidade aos mesmos seja difícil e as suas “paisagens geomorfológicas” já se encontram, em muito, desfiguradas pelos processos erosivos.

Por outro lado, diferente do Vale Glacial do Rio Manso, o Vale Glacial do Galvão tem dimensões pequenas, incluindo largura, altura e comprimento. No entanto, o grau de preservação dos seus flancos, depósitos de morainas laterais e, por extensão, da sua geometria, i. e., geomorfologia, é efetivamente espetacular (Fig. 20, 21, 22, 23, 24). Note nas figuras 23 e 24 as fotos da parede que sustenta o vale estão exibindo a “carapaça” de tilitos que compõe o depósito de moraina lateral e nas irregularidades negativas da superfície dessa parede faz aflorar os arenitos da Formação Duas Barras que encaixam o vale glacial. O acamamento desses arenitos é sub-horizontal ou de mergulhos baixos, enquanto o contato tilito versus arenito assenta-se sobre um plano de 60º a 75º.

O Vale Glacial do Galvão é linear, de direção 110º Az e mostra fluxo “glacial” e fluvial para sudeste. Sua largura varia de 200 a 250 metros e exibe uma extensão não superior a 1600 m, encravado em rochas do Supergrupo Espinhaço que definem paredes sub-verticais com 80 a 150 m de altura até a saída para o talvegue do Rio Caeté-Mirim (Fig. 4 e seções).

O substrato do vale acha-se completamente coberto por sedimentos recentes, predominando material arenoso, com concentrações maiores ou menores de sedimentos argilosos (geralmente saturados em matéria orgânica) e cascalhos. No seu limite a montante, uma rampa de forte inclinação (45º ou maior) une os dois flancos do vale até uma altura superior a 100 m desde a base, e que representa o topo do relevo local (Fig. 21). Os depósitos que revestem o fundo do vale aparentemente são pouco espessos, pois 3 pequenas lagoas indicam um substrato impermeável a poucos metros de profundidade e não trata-se do nível superior do lençol freático da área considerando que o nível do Rio Caeté-Mirim encontra-se a muitos metros abaixo do nível das lagoas. Na primeira visita, o vale chama a atenção pela exuberância da paisagem de pronunciadas escarpas ruiniformes limitando um vale estreito de relevo suave, amplamente recoberto por relva, nalguns trechos dominado por aglomerados de plantas típicas do cerrado e localmente por tufos de vegetação densa, de médio porte, que margeiam porções mais úmidas. A despeito das suas dimensões e da pluviosidade média anual da região (cerca de 1300 mm), a vazão fluvial desse vale é desprezível, mesmo durante os períodos de chuvas intensas no local.

Portanto, e considerando os tipos de rocha que sustentam o relevo, é pouco provável, ou mesmo impossível, que essa drenagem fluvial tenha esculpido o vale descrito, como pode ser observado nas figuras 4, 6, 25, 26, 27 e 28. Por outro lado, não há qualquer indicação de que uma drenagem maior (p. ex., o Rio Caeté-Mirim) tenha utilizado esse pequeno trecho no seu curso em tempos passados, considerando a morfologia local e, principalmente, a ausência de depósitos tipicamente fluviais coerentes com as dimensões do vale. As figuras 25, 26, 27 e 28 são fotografias aéreas na escala de 1:20.000 que recobrem a área do Galvão (compare com o mapa geológico da figura 4) e ressaltam bem o relevo e as diferentes litologias aflorantes.

O Vale Glacial do Galvão tem uma clássica configuração em “U” (Fig. 20 e 22) sendo suas paredes laterais sustentadas por diamictitos laminados, compostos por fragmentos quase que exclusivamente de quartzitos, raramente com clastos de pelitos. A cabeceira do vale também é sustentada por diamictitos e sua forma rampada abraçando ambos os flancos íngremes do vale culmina com a formação de um amplo anfiteatro suspenso configurando um desenho típico dos cirques glaciais. Os diamictitos, nos flancos do vale, exibem espessuras de vários metros a decímetros, mostrando contato brusco e de forte inclinação com os metarenitos de atitudes sub-horizontais do Supergrupo Espinhaço (Fig. 23 e 24), sendo os mergulhos desses contatos convergentes para o centro do vale. A laminação associada aos diamictitos tem orientação paralela às paredes do vale (~ 110º Az) e que não coincide com a orientação das foliações tectônicas conhecidas da região. O processo de cisalhamento determinado pelo movimento contínuo das geleiras junto aos depósitos de tills basais e às morenas laterais leva ao desenvolvimento de foliações paralelas ao movimento Brodzikowiski & van Loon (1987) e está de acordo com as observações no Vale do Galvão e em outros depósitos glaciogênicos da região. Essas morainas laterais tem forma e dimensões típicas das “moraines laterales du troisième type” de Vivian (1975: 442). Por outro lado, as dimensões dos elementos do Vale Glacial do Galvão, incluindo largura, altura, extensão, espessura dos depósitos glaciogênicos (morenas laterais) estão de acordo com as dimensões de vales glaciais tributários do Sistema Glacial dos Alpes Suíços e Franceses (Vivian 1975). A situação de vale glacial tributário é definida também pela altitude do seu pavimento de fundo relativo ao vale do Rio Caeté-Mirim, onde um desnível de mais de uma dezena de metros é ressaltado.

Por sua vez, nas margens do Rio Caeté-Mirim, incluindo a margem junto à desembocadura de Vale Glacial do Galvão, os clastos dos depósitos glaciogênicos mostram grande variedade litológica, i. e., quartzitos, pelitos, quartzo, gnaisses, granitos e rochas metamórficas xistosas, sendo estas três últimas litologias de rochas exóticas em um raio superior a 100 km, evidenciando, juntamente com a configuração morfológica do conjunto, tratar-se de depósitos de morenas de vale glacial tronco, ou seja, o vale do Rio Caeté-Mirim acha-se assentado sobre um antigo vale glacial de 1ª ou 2ª ordem (Fig. 29), no entanto a atividade fluvial quaternária desfigurou quase que completamente suas feições morfológicas, erodindo a maior parte dos depósitos glaciogênicos.

O mapeamento geológico de detalhe da região (cerca de 250 km2, parte na escala 1:40.000 e parte na escala 1:25.000) por graduandos (Lindenberg et al., 1997) e mestrando (Fraga, 1999), sob a orientação dos dois primeiros proponentes deste sítio geológico, permitiram reconhecer a presença freqüente de depósitos glaciogênicos no talvegue e nas margens das drenagens dessa área, seja no vale principal (Rio Jequitinhonha, p. ex., Mendanha, Inhaí e Tocos), seja nos seus tributários de primeira e segunda ordens e isto foi confirmado no mapeamento de áreas contíguas (Queiróz, 2002, área mapeada com cerca de 300 km2), manifestando-se pois como uma feição regional e isso reforça que senão todo, pelo menos boa parte do sistema de drenagem atual sobrepõem-se ao sistema de cursos dos glaciares da Glaciação Macaúbas. Sobreposição semelhante é observada no sistema de drenagem dos Alpes ocidentais que seguem os glaciares da glaciação Quaternária (conforme várias figuras apresentadas por Vivian 1975). Esses vales, também como na SdEM, tiveram notável controle estrutural.

 

Considerações Finais

Em face do baixo potencial de preservação de fácies glaciais terrestres reportado anteriormente, pode-se supor que a Serra do Espinhaço esteve por longos períodos sob ou aproximadamente no nível do mar desde o término da Orogênese Espinhaço, ou seja, desde o Mesoproterozóico, de forma a preservar muito dos depósitos terrestres da Glaciação Macaúbas e mesmo remanescentes de alguns dos seus vales glaciais. Como a SdEM preserva, no alto de sua superfície, remanescentes de rochas do Grupo Bambuí, e no nordeste da serra muitas coberturas cenozóicas ainda acham-se preservadas, compondo extensas chapadas, é deduzido que o ataque da denudação mesozóica e quaternária removeu primeiramente esses depósitos. Mesmo o rio da principal bacia hidrográfica das porções central, leste e nordeste da SdEM (o rio Jequitinhonha), mostra terraços com cascalho fluvial em altitudes de cerca de 200 metros acima do leito atual e isto sugere que o curso atual dos rios de toda essa bacia hidrográfica foi estabelecido após incisões quaternárias(?), talvez em decorrência das flutuações do nível de base das glaciações do Quaternário.

Os depósitos sedimentares do Grupo Macaúbas registram um evento glacial no Mesoproterozóico tardio. Depósitos glaciogênicos supostamente da mesma idade (Karfunkel & Hoppe 1988 e referências citadas nesse trabalho) afloram a cerca de 800 km para o norte na Chapada Diamantina, representados pela Formação Bebedouro. Outros depósitos glaciogênicos correlacionáveis estratigraficamente ao Grupo Macaúbas afloram no sul e oeste do Cráton do São Francisco, representados pelo Grupo São João Del Rei e pela Formação Ibiá, respectivamente (Karfunkel & Hoppe 1988).

Todas as unidades de origem glacial acima referidas ocupam domínios de parte das margens do Cráton do São Francisco e assentam-se e/ou bordejam faixas orogênicas de idade pré-Mesoproterozóico tardio.

Portanto, a Glaciação Macaúbas e eventos cronocorrelatos no âmbito do Cráton do São Francisco representam glaciações do tipo alpinas em conseqüência da passagem dessa área continental por altas paleolatitudes entre 1010 e 1080 Ma, nos termos propostos por D’Agrella-Filho et al. (1990).

Esse lapso de tempo de cerca de 70 milhões de anos é significantemente extenso para promover vários ciclos glaciais-interglaciais. Assim, não podemos afirmar que os sedimentos glaciogênicos do Grupo Macaúbas representam depósitos de um 1° ciclo, do único ciclo ou de um último ciclo glacial imposto á região no Mesoproterozóico tardio. No entanto, deve ser destacado que 2 eventos (ou pulsos) glaciais foram reconhecidos em depósitos de tilitos na área de Jequitaí por Gravenor & Monteiro (1983) e Queiróz (1999).

Podemos visualizar, em rápido exercício mental, que depósitos glaciogênicos do(s) primeiro(s) ciclo(s) foram, após severo re-equilíbrio isostático durante longo período interglacial, completamente erodidos e assim as unidades do Grupo Macaúbas representam registro do ciclo glacial tardio. Por outro lado, pode-se supor que a espessa pilha de sedimentos glaciogênicos de ciclos mais jovens foi erodida restando apenas depósitos do primeiro ciclo glacial.

As glaciações e eventos de sedimentação glaciais registrados ao longo da história da Terra são bastante irregulares e não se mostram, pelo menos sistematicamente, em fase com outros fenômenos geológicos de longo termo. Por sua vez, observa-se que os longos períodos de atividade glacial foram concentrados no Neoproterozóico, Paleozóico tardio e Cenozóico tardio. Por exemplo, nos últimos 36 milhões de anos e especialmente no Pleistoceno (últimos 2,5 milhões de anos) a Terra foi sujeita a vários ciclos glaciais (Harland et al. 1989, Eyles 1993) de diferentes durações e intensidades.

São muitos os fatores e fenômenos que agem ou desencadeiam uma glaciação, alguns desses fatores não são aplicáveis, enquanto outros tiveram efeitos que podem ser negligenciados para as condições paleoclimáticas do Pré-cambriano. Por exemplo, os longos períodos sem qualquer registro glacial no Mesoproterozóico indicam que as “Freqüências de Milankovitch” não foram eficientes no desencadeamento de glaciações, provavelmente devido ao seu reduzido efeito em condições de altas taxas de CO2 atmosférico (Young 1991).

Também o conhecido efeito da absorção da energia solar pelas plantas, resultando em temperaturas mais elevadas da superfície (Dutton & Barron 1997) não pode ser considerado como um maior ou menor controle de glaciações do Pré-cambriano.

Por outro lado, os ciclos orbitais da Terra parecem ter sido bem diferentes durante o Pré-cambriano (Williams 1989), especialmente a obliqüidade e a taxa de rotação da terra. Entretanto a pressão de CO2 atmosférico tem sido considerado o principal fator no controle da temperatura da superfície ao longo da história da Terra (Kasting 1989) e por conseqüência, controlando os eventos glaciais e glaciações.

A taxa da pCO2 atmosférico é extremamente sensível ao degassing versus intemperismo de silicatos, estando sujeita a variações de duas vezes a mil vezes (considerando a taxa atual de CO2 na atmosfera) numa escala de tempo de apenas 7500 anos a 10 milhões de anos (Berner & Berner 1997).

Simulações de modelo de circulação geral, considerando um oceano global (sem continentes), efetuadas por Jenkins (1993) mostraram o efetivo aumento da temperatura de superfície da terra. Em outra simulação Jenkins (1996) observou que uma taxa de rotação mais rápida da terra promove o efetivo resfriamento da temperatura da superfície, especialmente entre 50° a 70° de latitude, devido ao menos eficiente transporte de calor para os pólos.

O efeito da orografia no resfriamento de uplifted plateaus foi dimensionados por Ruddiman et al. (1997), enquanto Edmond & Huh (1997) dimensionaram o efeito de faixas montanhosas tectonicamente ativas como causa no aceleramento da diminuição do COatmosférico.

A interação dos dados e modelos climáticos acima apostos permitem compreender, no cenário geral da evolução da Terra, as causas, i. e., a conjugação de fatores, que determinaram a Glaciação Macaúbas.

Antes, no entanto, deve ser ressaltado que a foredeep e a foreland basin relacionadas à Orogênese Espinhaço, foram preenchidas pelas unidades dos grupos Conselheiro Mata e Inhaí, respectivamente (Almeida-Abreu & Renger 2002). Embora representem depósitos sin- a pós-tectônicos, as quantidades e distribuição de rochas rudíticas são negligenciáveis o que vem sugerir uma menor diferença de relevo entre o substrato (nível de base) dessas bacias flexurais sin-tectônicas com a pilha tectônica adjacente quando comparado aos orógenos fanerozóicos. Isso, provavelmente, deve ter sido conseqüência do menor vigor crustal, considerando a temperatura do sistema litosférico mais elevado no Pré-cambriano uma vez que a produção de calor dentro do planeta tem decrescido desde o Arqueano Inferior (Jeanloz & Morris 1986).

Portanto, a emergência continental antes do final do Mesoproterozóico está de acordo com a proposta de Moores (1993). Desta forma, a Glaciação Macaúbas foi a conseqüência de uma conjugação de fatores que podemos considerar como principais: o relevo da Serra do Espinhaço aliado à posição latitudinal (45° - 65°, D’Agrella-Filho et al. 1990) do Cráton do São Francisco durante esse evento (“fator adiabático”). No cenário de uma taxa de rotação mais rápida da terra, o menos eficiente transporte de calor para os pólos (Jenkins 1996) deve ter contribuído para posicionar a snow-line, nos domínios de latitudes moderadas a altas, em altitudes baixas ou pelo menos abaixo das altitudes das áreas montanhosas.

A composição do Supercontinente Rodinia no final do Mesoproterozóico (Rogers 1996) deve ter influenciado também nas condições climáticas e atmosféricas que propiciaram a Glaciação Macaúbas. Como observado por Young (1991) e Eyles (1993) os supercontinentes formados ao longo da história tectônica da Terra mostram-se, pelo menos em parte, em fase com glaciações.

Sem dúvida o mais eficiente processo de redução do COatmosférico é via intemperismo de silicatos, especialmente com a exposição de largos platôs (Ruddiman et al. 1997) e em faixas montanhosas tectonicamente ativas (Edmond & Huh 1997). Assim, a generalizada emergência continental do final do Mesoproterozóico (Moores 1993) durante a formação do Supercontinente Rodinia, devem ter propiciado a efetiva redução da pressão de CO atmosférica, desencadeando a Glaciação Macaúbas.

 

 

A ciência é um modo de buscar princípios de ordem no mundo natural ... tem dois componentes separados: (1) evidência objetiva, baseada em observação ou em experimento ou na combinação de ambos – os dados; (2) a estruturação dos dados através do estabelecimento de conexões significativas entre eles. As grandes descobertas da ciência não consistem na adição de novos fatos, mas na percepção de novas relações entre eles, na revelação de forma, de ordem e de significado no aparente caos factual. ... Os fatos são os sólidos blocos de construção, os elementos estruturais, teimosos e concretos, com os quais são erigidas as teorias e contra os quais se esfacelam os sonhos. H. Curtis, Biologia, 1977: 10

 

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Cópia de artigo submetido ao Lateinamerika Kolloquium

(Anexo ao email De: Pedro Angelo Almeida Abreu [mailto:pangelo@ufvjm.edu.br]
Enviada em: segunda-feira, 11 de junho de 2007 15:29)

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Mesoproterozoic  glacial  valleys  preserved  on  the  Espinhaço  Mountain Ridge,  Minas  Gerais,  Brazil

Almeida-Abreu, P. A.1, Renger, F. E.2 & Fraga, L. M. S.1

(1) UFVJM, Faculdade de Ciências Agrárias, Diamantina-MG, pangelo@ufvjm.edu.br;  (2) UFMG, Instituto de Geociências, Belo Horizonte-MG, frenger@terra.com.br

 Introduction

The southeastern border of the São Francisco Craton (eastern-central Brazil) is limited by the Espinhaço mountains (Serra do Espinhaço), which represent a Mesoproterozoic orogenic belt (Fig. 1). The southern part of the Espinhaço range (sSdE) extends over 300 km in central Minas Gerais (Fig. 1), built up mainly by rocks of the Paleo- to Mesoproterozoic Espinhaço Supergroup, which cover crystalline rocks and schists of Archean or Paleoproterozoic age. Principal lithologies are sandstones or quartzites, shale, conglomerate and carbonate rocks occur in minor amounts. Intrusive basaltic rocks of the Pedro Lessa Suite (906 ± 2 Ma, U/Pb in baddelleyite, Machado et al. 1989) cut several fold and fault structures of the Espinhaço Supergroup (Renger et al. 1997), revealing its post tectonic intrusion. Therefore, those rocks represent an excellent time marker for the Espinhaço Orogeny, that is, of a Mesoproterozoic orogeny.

Rocks of glacial origin (tillites and rhythmites) have been recognized in the Serra do Espinhaço (Fig. 1) since the 1920’s and gathered in the Macaúbas Formation by Moraes et Guimarães (1931) together with other lithologic sequences. Later on, some authors questioned the glacial origin of those rocks. However, records of abrasion and glacial sedimentation were identified in different areas together with diamictites of the Macaúbas Group (Isotta et al. 1969, Gravenor et Monteiro 1983, Karfunkel et Hoppe 1988).

 

The Macaúbas Glaciation

Age, paleogeography and causes of Macaúbas Glaciation have been discussed during the last three decades. Geochronological and paleomagnetic data (D’Agrella-Filho et al. 1990) suggest that the glacial event was a consequence of a pole wandering bringing the São Francisco Craton to high paleolatitudes at about 1,05Ga. Basaltic rocks of the Pedro Lessa Suite cut also glaciogenic rocks of the Macaúbas Group (Almeida-Abreu et al. 1997), reinforcing the 1.05 Ga age of the glacial event. The passage of the craton at paleolatitudes between 45°-65°N would have provoked the glaciation and the return of the area to lower latitudes would have provided conditions for the deposition of the carbonate rocks of the overlying Bambuí Group (Fig. 1). Geological studies (Almeida-Abreu et al. 1997, Fraga 1999, Queiroz 2002) of the glaciogenic deposits of the Macaúbas Group allowed the paleogeographic reconstitution of the glacial event, which can be characterized as a typical alpine glaciation, which had the sSdE as its dispersion centre.

The glacial event at ~1.05 Ga seems to be the first glacial register after 2.2Ga, since Harland et al. (1989) e Eyles (1993) consider deposits of 900 – 800Ma as first glacial register of post-Huronian age.

 

The Glacial Valleys of the southern Serra do Espinhaço

It is well known that the long term preservation potential of terrestrial glacial facies and landforms is low, however detailed geological mapping to the northeast of the sSdE revealed remnants of glacial valleys shaped by glaciogenic sediments (Almeida-Abreu et Renger 2002), e.g., tillites as frontal and lateral moraine deposits, containing large quantities of sedimentary, igneous and metamorphic rocks deriving from sSdE.

The Galvão Glacial valley (GGv) cuts quartzites of the Espinhaço Supergroup at 750 m above sea level 70 km north of the town Diamantina (Fig. 1 and 2). The GGv is today a tributary of the Caeté-Mirim River in the Inhaí district (Fig. 3). As the flanks and beds of all tributaries of that river show outcrops of tillites, as well as in local domains of the major rivers of this region, we can suppose that the present drainage is superimposed on the Mesoproterozoic glacial pattern.

The GGv is linear, striking 110°Az, and shows glacial e fluvial flux to SE. It is 200 to 250m wide and about 1600m long, shaped by sub-vertical (60°- 75°) walls 80 to 150m high until reaching the Caeté-Mirim River (Fig. 3). Its geomorphology is exceptionally well preserved. The sidewalls of the U-shaped valley are recovered by tillites (Fig. 3 – note that bedding of those arenites is subhorizontal or of low angle, whereas the contact between tillite and arenite dips 60º a 75º) and form at the end an amphitheater, which characterizes the cirque of glacial valleys. The lateral moraines exhibit typical forms and dimensions of a tributary glacial valley (moraines laterales du troisième type, according to Vivian 1975: 442).

Like the GGv, the Rio Manso Glacial valley (RMGv) is sculptured in quartzites of the Espinhaço Supergroup about 30 km northeast of Diamantina. It is wide (1,5 to 2,5 km), deep (the walls reach more than 200 m and configuring the U-shape) and extent at least 25 km N-S (Fig. 4). The dimensions of the valley, including thickness of the glaciogenic deposits, indicate it as a trunk glacial valley (Vivian 1975). The town Couto de Magalhães de Minas lays on the frontal moraine and others outlet deposits of the RMGv, with more than 100 m thickness (Fig. 5).

The quarry near Couto de Magalhães de Minas exposes the outlet deposits (Fig. 5) with glacio-dynamic structures, including foliations and thrusts (Queiroz 2002), characterizing a frontal moraine deposits, exhibiting structures related to the advance and retreat of mountain glaciers in its terminal zone.

Drill holes revealed thick lenses of carbonate rocks intercalated within the tillites, suggesting that the site represents the terminal zone of an old glacial valley, since the excavation provoked by glacier tongues facilitate the installation of temporary lakes of seasonal or interglacial character. Stable isotope studies in carbonate rocks (Queiroz et al. 2004) suggest deposition in cold water, typical of glacial or periglacial environment.

The glaciogenic deposits of the RMGv, including lateral moraine and outlet deposits and its tributary glacial valleys, indicate a general flow from south to north down the mountains of the sSdE. The tillites contain clasts of different types of quartzites or arenites, as well as granite, gneiss, quartz and carbonate rocks, and occasionally phyllites, mica-schist and ultramafic rocks (Fig. 5). The lateral moraine deposits of the GGv and RMGv define the valley walls that show unconform contacts with the regional quartzites of the Espinhaço Supergroup. The sharp contact between tillites and quartzites are convergent into the valley dipping 45° to 70°, whereas bedding of the quartzites shows lower dip-angles in different directions (Fig. 6).

 

Conclusions

            Due to the low preservation conditions of terrestrial glacial facies, it may be supposed that the Serra do Espinhaço after the "Macaúbas Glaciation" was for long periods of time below or approximately at sea level as revealed by the Neoproterozoic deposits of the Bambuí Group and by the Cenozoic deposits so that glacial remnants and even some glacial valleys were preserved. Therefore, the attack of the Mesozoic and Quaternary denudation removed those deposits first.

            The Macaúbas Glaciation was probably the result of the conjugation of the pronounced relief of the Serra do Espinhaço itself allied with high paleolatitude of the São Farncisco Craton (45° - 65°, according to D’Agrella-Filho et al. 1990) during the time of the event (adiabatic factor). The most efficient process to reduce atmospheric CO2 is the weathering of silicates, especially with exposure of large platforms (Ruddiman et al. 1997) and within mobile belts (Edmond & Huh 1997). An overall continental uplift at the end of the Mesoproterozoic (Moores 1993) during the formation of the Rondinia Supercontinent may have favored an effective reduction of atmospheric CO2 pressure, provoking the Macaúbas Glaciation. It should be remembered that supercontinents formed during Earth history show at least in part glacial phases (Young 1991, Eyles 1993).

The clasts of tillites, the unconform contacts and the glacial valleys by itself indicate that the Serra do Espinhaço was a mountain ridge already at the end of the Mesoproterozoic, and that the event of the Macaúbas Glaciation was of the alpine type. On the other hand, the clasts indicate that tectonic slices of different lithologies and stratigraphic levels occupied domains on top of the Espinhaço Orogen. It can be visualized that the study of the tillite clasts and its distribution around the sSdE will permit to outline the late Mesoproterozoic paleogeology of the Orogen. A detailed study of those clasts and heavy minerals contained in the matrix of the tillites could be a new approach for geological knowledge concerning Precambrian orogens.

 

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Young, G.M. 1991: Geosci. Can., 18: 100 – 108;

 Contact  person: Prof. Dr. Pedro Angelo Almeida-Abreu; Address: Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri - Faculdade de Ciências Agrárias, Rua da Glória, 187 39100-000 Diamantina-MG Brasil, Telephone: (+55 38) 35311811-273, Fax: (+55 38) 35311030 e-mail: pangelo@ufvjm.edu.br


De: Manfredo Winge [mailto:mwinge@terra.com.br]
Enviada em: terça-feira, 12 de junho de 2007 15:48
Assunto: RES: Proposta Vale Glacial do Galvão, Diamantina-MG - Voto
 
Prezado Pedro Ângelo,
 
em primeiro lugar, parabens pela eleição à reitoria da FAFEID informada em seu email.
 
Com relação à Sinopse solicitada pela SIGEP para comprovar a EXISTÊNCIA DE UM VALE GLACIAL PROTEROZÓICO TOPOGRAFICAMENTE PRESERVADO na região da Figura 2 (anexa), informo que ela, a SINOPSE, NÃO veio ANEXADA ao email de 20/12/2005 conforme o colega afirma abaixo; naquele email somente vieram ANEXADOS os arquivos das figuras que copiei acima (Figuras 1,2 e 3). Aliás nunca tinha recebido, até a presente data, o texto anexado (PropostaValGlaGalvao2.doc) nesse seu email abaixo transcrito e creio que nenhum colega o recebeu pois teria me repassado para transcrever na página da proposta.
 
Desta forma, para que toda a comunidade geocientífica tenha conhecimento dessas novas informações e que todos os membros da SIGEP tenham mais elementos para decidir a respeito da sua proposta, serão disponibilizados essa sinopse e também o artigo submetido ao Lateinamerika Kolloquium na página da própria proposta (https://sigep.eco.br/propostas/Vale_Glacial_Galvao.htm) onde estão transcritos, também, todos os emails relevantes que se referem às discussões pertinentes à esta proposta de sítio e de sua descrição.
 
Com relação à figura 19 que discuti em email anterior, você diz que "Na verdade isto não é uma mapa da geologia da região e sim um esquema da paleogeologia da Serra do Espinhaço Meridional nos idos do final do Mesoproterozóico, esquematizado a partir da distribuição dos fragmentos de rochas encontrados nos tilitos que bordejam a serra e/ou encontrados nos tilitos dos paleovales glaciais. Na verdade, nessa concepção, milhares de metros de rochas já foram devidamente retiradas da Serra pelos processos de erosão impostos desde o final do Mesoproterozóico.", ou seja, segundo os proponentes os cavalgamentos registrados em mapa e em perfil não estariam ligados à tectônica brasiliana, neoproterozóica, mas sim à orogênese mesoproterozóica ou "Uruaçuana". Mas, mesmo assim, os vales glaciais seriam desenvolvidos em uma superfície bem mais acima da que a que está representada como "Superfície de erosão atual" na seção A-B (em baixo do mapa), colocando, de acordo com o perfil, em cheque a possibilidade de existirem vales glaciais topograficamente preservados. Além disso, as figuras 07 e 08 parece registrar um metatilito (? sem legenda..) deformado e metamorfisado o que seria incompatível com rochas (sem metamorfismo) de um vale glacial preservado topograficamente.
 Cordiais saudaçoes
Manfredo
Manfredo Winge
Representante da SBG na SIGEP:
Comissão Brasileira de Sítios Geológicos e Paleobiológicos do Brasil

De: Pedro Angelo Almeida Abreu [mailto:pangelo@ufvjm.edu.br]
Enviada em: terça-feira, 19 de junho de 2007 15:56
Para: Manfredo Winge; 'Wagner Souza Lima'; 'Angelo Spoladore'; 'Antonio Carlos Sequeira Fernandes'; 'Antônio Ivo de Menezes Medina'; 'Carlos Fernando de Moura Delphim'; 'Carlos Schobbenhaus'; 'Célia Regina de Gouveia Souza'; 'Clayton Ferreira Lino'; 'Diogenes de Almeida Campos'; 'EmanuelTeixeira de Queiroz'; 'Gilberto RuyDerze'; 'Isolda dos Anjos Honnen'; 'José Eloi Guimarães Campos'; 'Marcello Guimarães Simões'; 'Max Cardoso Langer'; 'Mylène Luíza Cunha Berbert-Born'; 'Ricardo José Calembo Marra'; 'Ricardo Latgé Milward de Azevedo'; 'Rodrigo Miloni Santucci'; 'Rogério Loureiro Antunes'; 'Diogenes de Almeida Campos'; 'Célia Regina de Gouveia Souza'
Cc: 'Friedrich EwaldRenger'; 'Lúcio Mauro Soares Fraga'; Carlos Maurício Noce; Carlos Alberto Rosiére; paaabreu@ig.com.br
Assunto: Re: Proposta Vale Glacial do Galvão, Diamantina-MG - Voto
 

Prezado Manfredo,

 

Inicialmente agradeço as congratulações e a atenção pela resposta, lembrando que nossa  instituição, desde setembro de 2005, passou a ser a UFVJM (Univ. Fed. dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri).

 

Sobre as questões apostas abaixo, lamento pelo equívoco do envio do texto "PropostaValGlaGalvao2", mas em face da limitação de espaço no computador guardo apenas os textos das mensagens sem os arquivos anexados e, portanto, entendia que o referido documento teria chegado ao seu domínio na data reportada.

 

No que se refere à figura 19, reiteramos que a mesma representa um esquema da paleogeologia da Serra do Espinhaço Meridional do final do Mesoproterozóico, esquematizado a partir da distribuição dos fragmentos de rochas encontrados nos tilitos da Glaciação Macaúbas. Esta glaciação foi estabelecida sobre um faixa orogênica que já havia sofrido ciclo(s?) de erosão pois as profundas discordâncias angulares e metamórficas entre as unidades do Sg. Espinhaço e unidades glaciogênicas do Gr. Macaúbas foram amplamente discutidas e demonstradas em vários trabalhos (p. ex., Almeida-Abreu. & Pflug 1994: Zbl. Geol. Paläont., 1/2: 21-44; Almeida-Abreu et al. 1997: 9. Simp. Geol. Minas Gerais: 12-13; Almeida-Abreu & Renger 2000: J. S. Am. Earth Sci., 13: 693-696; Almeida-Abreu et al. 2001: Anais do VIII Simp. de Estudos Tectônicos da SBG: 127-130; Almeida-Abreu & Renger 2002: Rev. Bras. Geociências, 32 (1): 1-14; Almeida-Abreu & Renger 2007: Stratigraphy and facies of the southern Serra do Espinhaço, Minas Gerais, Brazil. Z. dt. Ges. Geowiss., 158/1: 9–29, Stuttgart).

 

O soerguimento da Serra do Espinhaço (compensação isostática do orógeno) antes da glaciação é demonstrado também pela geocronologia (traço de fissão em muscovita - Siga Jr. et al. 1987: 4. Simp Geol. MG: 29-44; e pela presença de rochas de alto grau metamórfico em níveis crustais mais altos que o seu ambiente de formação em 1.1 Ga - Teixeira et al. 1990: 36. Congr. Bras. Geol.: 2711-2722).

 

Nos desculpem o desabafo, mas temos o direito de nos espantarmos com o pouco caso aos dados geológicos: na região de Espinosa (norte de MG), o nível de erosão atingiu as rochas do Complexo Basal antes da deposição das unidades do Grupo Macaúbas e isto é conhecido desde Moraes et al. (1937: DNPM, Serv. Fomento Prod. Miner., Bol 19, 192 p.);  a ausência de seixos das rochas metabásicas pós-tectônicas (que cortam indiscriminadamente estruturas tectônicas das unidades do Sg. Espinhaço – isto pode ser visto nos mapas do Proj. Espinhaço, elaborados por diferentes autores – que datadas - U/Pb em zircão e badeleíta, Machado et al. 1989, 5. Simp Geol. MG, 171-174 - revelaram idades de 906 ± 2 Ma) nos tilitos do Grupo Macaúbas demonstram, portanto, que essas unidades glaciais foram depositadas antes da intrusão das mesmas (i. e., antes de 906 Ma); Ademais, alguns autores reconheceram e mapearam rochas metabásicas encaixadas em metassedimentos da base do Grupo Macaúbas a SE de Inhaí e a NW de Itacambira, assim como na região de Domingas (Almeida-Abreu et al. 1997: 9. Simp. Geol. Minas Gerais: 12-13); a leste e a sudeste de Inhaí afloram unidades de origem sedimentar, provavelmente representando a molassa do Espinhaço, onde foram encontrados grãos clásticos de lazulita (Hettich 1973: PhD thesis, Univ. Freiburg, 42 p. – tem cópia da tese no C. G. Eschwege) e esse mineral, no domínio da S. do Espinhaço é conhecido apenas nos xistos do Grupo Costa Sena (Supergrupo Rio Paraúna) o que vem indicar que rochas do embasamento do Supergrupo Espinhaço já estavam expostas no fim do Mesoproterozóico, provavelmente compondo thrust sheets.

 

PERGUNTAMOS: Os dados acima apostos foram contestados alguma vez?? Existem dados que comprovem o contrário?? Sendo os dados verdadeiros, estes não comprovam uma orogênese do Mesoproterozóico?? A quem poderia interessar discutir essas questões sob o ponto de vista estritamente científico e não pessoal?? Sem qualquer arrogância, nós bem sabemos que a aceitação – por comprovação científica – dos dados acima apostos, determinaria que muitos modelos geológicos regionais em voga deixassem de ser considerados.

 

A tectônica Brasiliana não desorganizou (ou reorganizou) as unidades geológicas do norte e nordeste da Serra do Espinhaço Meridional e todos os mapas geológicos dessa região, independente dos autores que os elaboraram, demonstram isso. Deve ser lembrado que os remanescentes de vales glaciais estão preservados justamente nesses domínios, em cotas altimétricas de 700 a 750 metros a.s.l. em encostas da Serra do Espinhaço. O alto da Serra  (altitude média de 1250 metros a.s.l.) não preserva qualquer afloramento de rocha glaciogênica, assim como em toda a faixa oriental do orógeno, lócus do maior espessamento pela deformação e, portanto, onde a compensação isostática foi mais pronunciada e, por conseqüência, a atuação da erosão. Para um melhor entendimento, é oportuno que coloquemos o texto abaixo do trabalho recentemente publicado por Almeida-Abreu & Renger (2007), o qual anexamos a esta mensagem como pdf:

“Although the orogenic process was completed at about 1.3 Ga (Siga Jr. et al. 1987; Machado et al. 1989; Teixeira et al. 1990; Cordani et al. 1992), allowing the action of several erosional cycles till present, the Espinhaço Range is still very well preserved. Remnants of rocks of different environments and geological periods, which mark the principal episodes of an orogenic evolution, permit the visualization of the whole cycle of the Espinhaço Range: installation of a rift that evolved to a passive continental margin, which later was submitted to tectonic inversion, generating flexural peripheral basins during the collisional phase.

Historically, the sSE had been considered a mountain range composed essentially of quartzitic rocks and bordered by rocks of older or newer geological units. Actually, the Precambrian rocks that border the sSE belong to the Espinhaço System, except rocks of the glacial Macaúbas Group s.s., as proved by stratigraphic, paleogeographic and geochronological records, as well as by structural features (Karfunkel & Hoppe 1988).

The majestic and traditional mountain edifice strictly taken as the Serra do Espinhaço is constituted by rocks of only two geological environments of the Espinhaço System: the Guinda Group representing the large alluvial plain at the western border of the marine basin and the Conselheiro Mata Group, outcropping only in its western part and composed of sediments of an external flexural basin (foredeep trough).

After the alpine type “Macaúbas glaciation,” which had the sSE as its dispersion center, the whole region was covered by an epicontinental sea between about 900 and 750 Ma (Fairchild et al. 1996), represented by the Bambuí Group. On the other hand, after fragmentation of the Gondwana continent and the opening of the South Atlantic, the Espinhaço region was submitted to a long sedimentation process when sediments of the Cretaceous/Tertiary(?) São Domingos Formation and related units were deposited.

Although the sSE suffered several erosional cycles (e.g., the Macaúbas glaciation, the uplifting at the end of the Neoproterozoic Brasiliano event and the Phanerozoic erosion since late Mesozoic or lower Cenozoic times till present) the sSE remained for long periods below sea level and/or had been covered by younger sediments.

Therefore the erosion first hit rocks of the Macaúbas and Bambui groups and Mesozoic sediments before attacking rocks of the Espinhaço System and for this reason the Espinhaço Supergroup rocks are relatively well preserved”.

 

Por fim, tratando das figuras 07 e 08, lembramos que representa parte de um afloramento de moraina frontal – na terminação do vale glacial do Rio Manso. A deformação sin-sedimentar nesse ambiente (tão bem como nas paredes e fundos dos vale glaciais), tem sido reconhecida e descrita em rochas de ambientes glaciais cenozóicos e com vasta descrição em livros textos e artigos científicos que tratam do assunto. A deformação sin-sedimentar das unidades do afloramento das figuras 7 e 8 foi reconhecida e descrita por Queiróz, (2002: M.Sc. Diss., IGC/UFMG), relacionada a sucessivos eventos de avanço e recuo da terminação da geleira.

 

Saudações a todos, acompanhado de um fraternal abraço.

 

Pedro Angelo


De: Celia Regina de Gouveia Souza [mailto:celia@igeologico.sp.gov.br]
Enviada em: quarta-feira, 25 de julho de 2007 13:23
ssunto: Re: Votos - Propostas em estudo ...

Seguem os votos da ABEQUA em relação aos sítios que não havia dado o parecer.

VALE GLACIAL DO GALVÃO, DIAMANTINA-MG - FAVORÁVEL. Me abstenho das discussões travadas sobre esse sítio, embora ache que o proponente tem plena competência e conhecimento da área para decrever o sítio e interpretar os fenômenos que aponta.

.........
Celia


De: Carlos Schobbenhaus [mailto:schobben@df.cprm.gov.br]
Enviada em: quarta-feira, 7 de novembro de 2007 17:06
Assunto: Re: ANÁLISE E VOTO -
 
1. Meu parecer sobre a proposta  VALE GLACIAL DO GALVÃO, DIAMANTINA,MG :
"As evidências apresentadas pelo  proponente não  são suficientes para demonstrar a existência de um paleovale glacial. Logo, abstenho-me de votar"
Carlos Schobbenhaus
Representante da CPRM na SIGEP

De: ricardolatge@petrobras.com.br [mailto:ricardolatge@petrobras.com.br]
Enviada em: sexta-feira, 18 de janeiro de 2008 13:50
Assunto: Re: Parecer e votos das Propostas

Seguem minhas avaliações sobre às propostas de sítios para os quais não havia opinado:
- .............
- Vale Glacial do Galvão, Diamantina-MG - o texto está por demais longo, com muitos detalhes, entremeado por interpretações estratigráficas motivadoras de controversas científicas. Não achei fácil acompanhar a argumentação oferecida pelos autores. Como não conheço a área e na condição de membro avaliador da proposta do SIGEP me resta sugerir aos autores que reapresentem a proposta destacando de forma mais clara e concisa os elementos geológicos e geomorfológicos que suportam tal singular situação geológica - um vale glaciogênica pré-cambriano. Recomendo que incluam nessa reapresentação as fotos e mapas que julguem mais relevantes a suportarem suas interpretações. Minha posição é de me abster em relação à proposta, da forma em que está apresentada.

Saudações
Ricardo
Representante da Petrobras na SIGEP


De: wsallun@igeologico.sp.gov.br [mailto:wsallun@igeologico.sp.gov.br]
Enviada em: quinta-feira, 3 de abril de 2008 16:48
Assunto: Vale Glacial do Galvão, Diamantina-MG
............
Realmente o texto está confuso. Difícil de acompanhar.
Quanto a idade da glaciação e os depósitos associados eu não vejo muita dúvida, pois estão devidamente estudados. De qualquer forma, isto não importa pois o enfoque do sítio é a existência do vale glacial preservado.
O caso é a existência ou não de um Vale Glacial.
Isto, para mim que não conheço a fundo a região, me parece duvidoso. Acredito que o texto e as discussões devem ser focadas nisto.
Se realmente é um vale glacial, comprovadamente, serei favorável., mas do jeito que está NÃO SOU FAVORÁVEL.
Talvez a forma de escrever os argumentos ajude uma melhor compreensão.
Acredito que antes de ser um sítio eleito a questão da existência do vale deve estar consolidada.
William
William Sallun Filho
Representante da SBE na SIGEP


De: Manfredo Winge [mailto:mwinge@terra.com.br]
Enviada em: quinta-feira, 3 de abril de 2008 17:29
Para: Pedro Angelo Almeida Abreu (pangelo@fafeid.edu.br); Friedrich Ewald Renger (frenger@netuno.lcc.ufmg.br); Lúcio Mauro Soares Fraga (luciofraga@fafeid.edu.br)
Assunto: ENC: Vale Glacial do Galvão, Diamantina-MG

Prezado Pedro Ângelo e demais proponentes,
para o seu conhecimento encaminho - e-mail abaixo - as considerações do colega William Salun, representante titular da SBE na SIGEP, sobre a proposta de vocês.
Conforme parecer do Schobbenhaus também falta-nos, na forma de um resumo tipo "extended abstract" solicitado desde o início, a demonstração clara e inequívoca sobre a existência de um tal vale glacial com cerca de 1 ba preservado na topografia atual.
Manfredo Winge
Representante da SBG na SIGEP
2008 - ANO INTERNACIONAL DO PLANETA TERRA - AIPT


De: Manfredo Winge [mailto:mwinge@terra.com.br]
Enviada em: segunda-feira, 17 de novembro de 2008 12:04
Cc: 'Friedrich Ewald Renger (frenger@dedalus.lcc.ufmg.br)'; 'Lúcio Mauro Soares Fraga (luciofraga@fafeid.edu.br)'; 'Pedro Angelo Almeida Abreu (pangelo@fafeid.edu.br)'
Assunto: ENC: Vale Glacial do Galvão, Diamantina-MG - CANCELAR PROPOSTA??
Prioridade: Alta

Prezados colegas da SIGEP,
tendo em vista a não resposta ao e-mail abaixo e considerando a improbabilidade de manutenção de um vale glacial de um bilhão de anos topograficamente preservado em região que sofreu peneplanações cretácica e terciária (superfícies Pós-Gondwana e Sulamericana), além de todo o desbaste erosivo até os dias de hoje, proponho o cancelamento dessa proposta.
Caso algum colega queira se manifestar a favor e/ou dar outra solução, peço que informe c/c para todos
Cordiais saudações
Manfredo
c/c proponentes
Manfredo Winge
Representante da SBGeo na SIGEP


De: Emanuel Teixeira de Queiroz [mailto:emanuel.queiroz@dnpm.gov.br]
Enviada em: terça-feira, 2 de dezembro de 2008 19:10
Para: Manfredo Winge
Assunto: RES: Vale Glacial do Galvão, Diamantina-MG - CANCELAR PROPOSTA??
Manfredo,
Concordo com a sua justificativa. Essa proposta gerou muita polêmica,  discussão e não houve avanço que levasse a um final feliz. Entendo que não há condição de permanecer.
Emanuel
Representante do DNPM na SIGEP


De: Manfredo Winge [mailto:mwinge@terra.com.br]
Enviada em: quarta-feira, 3 de dezembro de 2008 09:14
Para: 'Emanuel Teixeira de Queiroz'
Cc: 'Friedrich Ewald Renger (frenger@dedalus.lcc.ufmg.br)'; 'Lúcio Mauro Soares Fraga (luciofraga@fafeid.edu.br)'; 'Pedro Angelo Almeida Abreu (pangelo@fafeid.edu.br)'
Assunto: RES: Vale Glacial do Galvão, Diamantina-MG - CANCELAR PROPOSTA??
Certo, Emanuel.
Anotado no site da proposta https://sigep.eco.br/propostas/Vale_Glacial_Galvao.htm
Já se conta com 3 votos Não favoráveis, 3 Abstenções e 1 Favorável, o que, parece-me, já poderia indicar o CANCELAMENTO da PROPOSTA. Entretanto, talvez devamos dar um tempo (1 semana?) para outras manifestações vista a importância da decisão.
Manfredo
c/c proponentes e C/CO membros da SIGEP
Manfredo Winge
Representante da SBGeo na SIGEP


De: ricardolatge@petrobras.com.br [mailto:ricardolatge@petrobras.com.br]
Enviada em: quarta-feira, 3 de dezembro de 2008 19:15
Cc: 'Emanuel Teixeira de Queiroz'; 'FriedrichEwald Renger'; 'Lúcio Mauro Soares Fraga'; 'Pedro Angelo Almeida Abreu'
Assunto: Re: RES: Vale Glacial do Galvão, Diamantina-MG - CANCELAR PROPOSTA??

 Companheiros
Não conheço a área proposta, nem me sinto em condições de julgar tecnicamente a partir dos argumentos que circularam entre nós.
A nossa atividade carrega um grau de incerteza superior a de outras profissões. Como estamos a elaborar interpretações sobre um passado remoto do planeta e com a qual esperamos convecer o cidadão comum a acreditar em nossas "verdades" é no mímino razoável esperar que a hipóteses por nós aprovadas reflitam algum consenso. Não me parece ser o caso do sítio Vale Glacial do Galvão  Assim, firmo posição contrária, por enquanto, à inclusão da proposta no SIGEP.
Saudações
Ricardo
Representante da Petrobras na SIGEP


De: fernande [mailto:fernande@acd.ufrj.br]
Enviada em: quinta-feira, 4 de dezembro de 2008 10:25
Cc: 'Friedrich Ewald Renger'; ' Lúcio Mauro Soares Fraga'; 'Pedro Angelo Almeida Abreu'
Assunto: Re: ENC: Vale Glacial do Galvão, Diamantina-MG - CANCELARPROPOSTA??

Prezados colegas,
tendo em vista as justificativas apresentadas pelo Manfredo, opino pela exclusão do sítio.
Atenciosamente,
Antonio Carlos S. Fernandes
Representante da SBP na SIGEP


De: Celia Regina de Gouveia Souza [mailto:celia@igeologico.sp.gov.br]
Enviada em: quinta-feira, 4 de dezembro de 2008 13:19
Assunto: Re: ENC: Vale Glacial do Galvão, Diamantina-MG - CANCELAR PROPOSTA??

 

Também concordo com a exclusão.
Celia
ABEQUA

De: william sallun filho [mailto:wsallun@gmail.com]
Enviada em: quinta-feira, 4 de dezembro de 2008 14:44
Assunto: Re: ENC: Vale Glacial do Galvão, Diamantina-MG - CANCELAR PROPOSTA??

 

Concordo com a exclusão.

 William Sallun Filho

Representante da SBE na SIGEP


De: Manfredo Winge [mailto:mwinge@terra.com.br]
Enviada em: quinta-feira, 4 de dezembro de 2008 16:05
Para: 'Antonio Carlos Sequeira Fernandes (fernande@acd.ufrj.br)'; 'Carlos Fernando de Moura Delphim (carlosfernando.pgc@iphan.gov.br)'; 'Carlos Schobbenhaus (schobben@df.cprm.gov.br)'; 'Célia Regina de Gouveia Souza (celia@igeologico.sp.gov.br)'; 'Célia Regina de Gouveia Souza (celiagouveia@gmail.com)'; 'Clayton Ferreira Lino (cflino@uol.com.br)'; 'Diogenes de Almeida Campos (dac@abc.org.br)'; 'Diogenes de Almeida Campos (diogenes.campos@dnpm.gov.br)'; 'Emanuel Teixeira de Queiroz (emanuel@dnpm.gov.br)'; 'Gilberto Ruy Derze (gilberto.derze@dnpm.gov.br)'; 'Isolda dos Anjos Honnen (isoldah@iphan.gov.br)'; 'Jaime Franklin Vidal Araújo (franklin.araujo@ibge.gov.br)'; 'João Wagner de Alencar Castro (jwacastro@gmail.com)'; 'José Eloi Guimarães Campos (eloi@unb.br)'; 'Marcello Guimarães Simões (btsimoes@ibb.unesp.br)'; 'Marcos Antonio Leite do Nascimento (mnascimento@re.cprm.gov.br)'; 'Max Cardoso Langer (mclanger@ffclrp.usp.br)'; 'Mylène Luíza Cunha Berbert-Born (berbert@terra.com.br)'; 'Ricardo Latgé Milward de Azevedo (ricardolatge@petrobras.com.br)'; 'Rodrigo Miloni Santucci (rodrigo.santucci@dnpm.gov.br)'; 'Rogério Loureiro Antunes (rlantunes@petrobras.com.br)'; 'Sidney Ribeiro Gonzalez (sidney.gonzalez@ibge.gov.br)'; 'Wagner Souza Lima (wagnersl@petrobras.com.br)'; 'William Sallun Filho (wsallun@gmail.com)'
Cc: 'Friedrich Ewald Renger (frenger@dedalus.lcc.ufmg.br)'; 'Lúcio Mauro Soares Fraga (luciofraga@fafeid.edu.br)'; 'Pedro Angelo Almeida Abreu (pangelo@fafeid.edu.br)'
Assunto: RES: ENC: Vale Glacial do Galvão, Diamantina-MG - CANCELAR PROPOSTA??

 

Prezados colegas da SIGEP,

tendo em vista as avaliações e reavaliações de membros da SIGEP, conforme expostas no site, a proposta ficou com 6 votos NÃO FAVORÁVEIS e 1 abstenção. Consequentemente a proposta está CANCELADA.

Manfredo

c/c proponentes

 

Manfredo Winge
Representante da SBGeo na SIGEP


PLANILHA DE

AVALIAÇÃO FINAL DE PROPOSTA
DE DESCRIÇÃO DE SÍTIO GEOLÓGICO - PALEOBIOLÓGICO

Nome do Sítio:  Vale Glacial do Galvão, MG
Proponente:  Pedro Angelo ALMEIDA-ABREU; Friedrich Ewald RENGER; Lúcio Mauro Soares FRAGA 

Considerando os pareceres, comentários e réplicas constantes na página da proposta, as instituições membros da SIGEP, assim se pronunciam, através de seus representantes, quanto à proposta em epígrafe

INSTITUIÇÃO

PARECER
Favorável
Não favorável 
Abstenção
Restrições/Exigências
Não se pronunciou

Academia Brasileira de Ciências – ABC  
Associação Brasileira de Estudos do Quaternário – ABEQUA Não favorável
Departamento Nacional de Produção Mineral – DNPM Não favorável
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística-IBGE  
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis– IBAMA  
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN  
Petróleo Brasileiro SA - PETROBRÁS Não favorável
Serviço Geológico do Brasil – CPRM

Abstenção

Sociedade Brasileira de Espeleologia – SBE

Não Favorável

Sociedade Brasileira de Geologia – SBG Não favorável
Sociedade Brasileira de Paleontologia – SBP

Não favorável