SIGEP - COMISSÃO BRASILEIRA DE SÍTIOS GEOLÓGICOS E PALEOBIOLÓGICOS |
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1. NOME do SÍTIO(*): Pico do Itambé, Serro, MG
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2. PROPONENTE Endereço curriculum Lattes: http://lattes.cnpq.br/7243858021350862 Marque a alternativa correta
abaixo: Data da proposta: 01 / 07 / 2008 |
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4. CASO TENHA
ESTUDADO O SÍTIO e esteja se candidatando a descrevê-lo com artigo
científico, informe: Kerley Wanderson Andrade, IGC/CPMTC/UFMG, kwandrade@yahoo.com.br Leila Benitez, IGC/CPMTC/UFMG, leilabenitez@gmail.com (*)Autor principal é o proponente; Informar co-autores previstos em ordem de importância com Nome Completo, Instituição, e-mail |
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5. TIPOLOGIA DO SÍTIO (marque com X os tipos e com XX o tipo mais característico do sítio):
Observação: [ ] Inclui vestígios arqueológicos - [X] Interesse Histórico/Cultural
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6. LOCALIZAÇÃO:
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7. JUSTIFICATIVAS(*): O Pico do Itambé, com seus 2.060 m de altitude, é o ponto culminante de toda Serra do Espinhaço, que se desenvolve na direção norte-sul em Minas Gerais e Bahia, e um dos picos mais elevados de ambos esses estados. O interesse histórico-cultural do sítio é ressaltado pelo fato de que dois dos mais famosos “viajantes” europeus do século XIX, os naturalistas prussianos Spix & Martius (1828) fizeram pela primeira vez sua escalada até o cume, e o descreveram com minúcias (Figura 1). O pico pode ser notavelmente apreciado da cidade de Diamantina, marco na história da mineração de diamantes (e ouro) no Brasil. A rara beleza paisagística da região, onde o pico se destaca na paisagem, inclui além dos montes diversas cachoeiras e cascatas, e possui em seus domínios muitas nascentes de drenagens das bacias dos rios Jequitinhonha e Doce. Esses e outros atributos justificaram a criação, para tal área, do Parque Estadual do Pico do Itambé em 1998.
Figura 1: A Serra do Espinhaço, destacando o Pico do Itambé, retratado na visão dos naturalistas europeus Spix & Martius (1828). Da obra de Spix & Martius (1828), alguns recortes que relevam o interesse pelo sítio proposto, inclusive em termos mineralógicos: “Outra excursão instrutiva foi para nós a ascensão do Itambé... Nos seus desfiladeiros, brota o pequeno Rio Capivari, e muito perto toma início, reunindo dois braços, o Jequitinhonha, portador de ouro e diamantes... Com felicidade, escalamos também o último colosso, e com o magnífico panorama, de cima do platô desenrolou-se a vastidão montanhosa do Serro Frio... Ele é composto inteiramente de xisto quartzítico... de granulação fina que, nas alturas, contém aqui e acolá, grandes quantidades de fragmentos de quartzo arredondados, à maneira de brechas... É surpreendente o fato de nele haverem achado diamantes, em considerável altura”.
(*)Para a inclusão como PATRIMÔNIO MUNDIAL DA HUMANIDADE |
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8. BREVE DESCRIÇÃO DO SÍTIO(*): O Pico do Itambé, ponto culminante da Serra do Espinhaço, situa-se cerca de 30 km a leste da histórica cidade de Diamantina (Figura 2). A altitude do pico segundo o mapa geográfico do IBGE (1977) é de 2.002 m, mas foi corrigida pelos proponentes para 2.060 m (Chaves et al. 2007). Tal área situa-se no domínio serrano designado de Espinhaço Meridional, logo ao norte da pequena cidade de Santo Antônio do Itambé, embora o pico em si esteja incluso no município de Serro.
Figura 2: Vista do Pico do Itambé desde a cidade histórica de Diamantina.
No que se refere à evolução geomorfológica, na concepção de King (1956) a Serra do Espinhaço na região de Diamantina teria seu topo mais ou menos nivelado entre as cotas 1.250-1.300 m constituindo a superfície de aplainamento “Pós-Gondwana”, desenvolvida no Cretáceo Superior. Sobre essa superfície o mesmo autor reconheceu morrotes quartzíticos alongados e isolados, remanescentes de um outro ciclo de aplainamento, mais antigo, os quais são balizados por um horizonte máximo de altitude por volta de 1.800 m (a superfície “Gondwana”, do Cretáceo Inferior). Entretanto, King (1956) observou que a altitude da zona do Itambé era bastante superior a essa, e destacou a respeito: “É possível que a região tenha sido atingida por pequenas falhas. Este fato viria explicar a excessiva altitude do pico do Itambé (2.038 m) que nos pareceu muito alto, mesmo para um remanescente do ciclo Gondwana”. Estudos pertinentes sobre a geomorfologia da área estão sendo desenvolvidos pelos autores, visando elucidar tal questão. A geologia da área é ainda pouco conhecida, provavelmente por seu difícil acesso. O proponente do sítio a estuda desde a década de 1980 (Uhlein & Chaves 1989), e um novo mapa geológico 1:50.000 da região foi recentemente elaborado (Chaves et al. 2007). Nesse contexto, ressalta-se também o levantamento na escala 1:100.000 do “Projeto Espinhaço” (Tupinambá et al. 1996). O Supergrupo Espinhaço (Formação Sopa-Brumadinho) com deposição no Proterozóico (1,7-1,4 Ga), é a unidade metassedimentar que aflora na serra (Figura 3), superpondo seqüências gnáissicas e xistosas arqueanas. Na citada formação predominam quartzitos finos, recristalizados e fortemente deformados na base, com intercalações de filitos e metaconglomerados, estes provavelmente diamantíferos (existem registros de lavras abandonadas sobre depósitos coluvionares). Os níveis dessas últimas rochas aparentam ser mais abundantes e espessos em direção ao topo da seqüência, onde podem atingir quase 10 m, e assim nas proximidades do pico eles são abundantes.
Figura 3: Detalhe do Pico do Itambé constituído por maciço quartzítico-conglomerático do Supergrupo Espinhaço.
A cobertura vegetal nativa é constituída por campos rupestres de altitude e por cerrados. Nos fundos de vales ocorrem manchas de solos e aluvião, de maior fertilidade, onde se desenvolvem exuberantes matas pluviais intermontanas, e os campos de altitude representam áreas endêmicas de diversas espécies raras de orquídeas. Dentre as espécies animais presentes e constantes na lista oficial brasileira de extinção, destacam-se a onça parda e o lobo guará. O acesso ao pico, na atualidade, é feito através de uma trilha em bom estado de conservação que parte de um pequeno sítio a cerca de 9 km ao norte de Santo Antônio do Itambé.
(*)Anexar ao e-mail até 2 fotos significativas do sítio e, se disponíveis, links ou até capítulo de tese ou de artigo do proponente sobre o sítio |
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9. VULNERABILIDADE DO SÍTIO A ATIVIDADES DE MINERAÇÃO OU DEGRADAÇÃO AMBIENTAL*: Desde meados do século XVIII, as áreas circunvizinhas a Serro/Santo Antonio do Itambé constituíram-se num centro de mineração de ouro e diamantes, embora de menor porte e importância quando comparado ao da região de Diamantina, a oeste. Nas proximidades do Pico do Itambé existem registros de lavras antigas, abandonadas há mais que 50 anos. Entretanto, na atualidade não há nenhum indício de atividades de garimpagem ou mineração (mesmo clandestina) no local, e com a criação do Parque Estadual tais atividades encontram-se inteiramente controladas.
(*)Caso o sítio esteja sob riscos iminentes ou já existentes de depredação ou de destruição natural, informe sucintamente quais são e as causas. |
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10. SITUAÇÃO ATUAL DE CONSERVAÇÃO E ÓRGÃO RESPONSÁVEL PELA PROTEÇÃO: O Parque Estadual do Pico do Itambé foi criado em 21/01/1998, envolvendo os municípios de Serro (930 ha), Santo Antônio do Itambé (2.926 ha) e Serra Azul de Minas (840 ha), com forte apoio das comunidades vizinhas. O parque é parcialmente restrito à visitação pública, sendo gerido pelo IEF – Instituto Estadual de Florestas. Esse órgão do Estado de Minas Gerais tem por finalidade executar a política florestal do Estado e promover a preservação e a conservação da fauna e flora, o desenvolvimento sustentável dos recursos naturais renováveis, bem como a realização de pesquisas científicas em biomassa e biodiversidade.
(*)Caso o sítio esteja sob riscos iminentes ou já existentes de depredação ou de destruição natural, informe sucintamente quais são e as causas. |
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11. BIBLIOGRAFIA REFERENTE AO SÍTIO PROPOSTO(*): (*)Chaves,M.L.S.C.; Benitez,L.; Andrade,K.W. 2007. Geologia da Serra do Espinhaço na região do Pico do Itambé (Serro, MG). In: Simpósio de Geologia de Minas Gerais, 14, Diamantina. Anais do..., p.35.
IBGE. 1977. Folha SE-23-Z-B-I, Rio Vermelho, 1:100.000. Rio de Janeiro, 1 mapa.
King,L.C. 1956. A geomorfologia do Brasil Oriental. Revista Brasileira de Geografia, 18:147-265.
Spix,J.B.v. & Martius,C.F.P.v. 1828. Reisen in Brazilien in dem Jahren 1817 bis 1820 gemacht. München: Gedruckt bei I.J.Lentner.
Tupinambá,M.; Baars,F.J.; Uhlein,A.; Grossi-Sad,J.H.; Knauer,L.G. 1996. Mapa Geológico da Folha Rio Vermelho, Minas Gerais, Brasil. Projeto Espinhaço, Convênio COMIG/UFMG, Belo Horizonte.
(*)Uhlein,A. & Chaves,M.L.S.C. 1989. Geologia da borda nordeste da Serra do Espinhaço Meridional (região de Mendanha a São Gonçalo do Rio Preto, MG). In: Simpósio de Geologia de Minas Gerais, 5, Belo Horizonte. Extend Abstracts..., p.175-179.
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12. FOTO E SINOPSE DO CURRICULUM VITAE DO(S) CANDIDATO(S) A AUTOR(ES)(*):
Mario Luiz de Sá Carneiro Chaves – Nasceu no Rio de Janeiro em 1957. Graduou-se em Geologia pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (1981). Realizou pós-graduações na Universidade Federal do Rio de Janeiro (Mestrado, 1987), na Universidade de São Paulo (Doutorado, 1997) e tem um Pós-doutorado na Universidade Federal de Minas Gerais (2005). Atualmente é Professor Associado do Instituto de Geociências da Universidade Federal de Minas Gerais, onde ingressou em 1984. Suas principais linhas de pesquisa incluem: Mapeamento Geológico, Prospecção Mineral e Mineralogia, desenvolvidas no Centro de Pesquisa Prof. Manoel Teixeira da Costa (IGC/UFMG), e coordena estudos nas áreas de geologia, mineralogia e prospecção de diamantes. É Editor Regional da Revista Geociências, UNESP (Rio Claro/SP) e Pesquisador CNPq.
Leila Benitez – Natural de Cambé (PR), é geógrafa pela Universidade Estadual de Londrina (2000), onde foi professora de geomorfologia (2001-2002). Mestre em Geologia pela Universidade Federal de Minas Gerais, concluiu sua dissertação em 2004 estudando a gênese/datação de depósitos diamantíferos quaternários. Atualmente desenvolve doutoramento nesta Universidade, e pesquisa macro características de lotes de diamantes das províncias diamantíferas mineiras, visando a definição de metodologia que possa auxiliar na identificação da procedência desses lotes, uma das exigências para emissão do “Certificado Kimberley”. Tem atuado em diversos projetos de pesquisa, principalmente na área de mapeamento geológico/mineralogia com o Prof. Mario L.S.C. Chaves, participando das propostas, já aceitas, de criação dos sítios “Morro da Pedra Rica” e “Canyon do Talhado”, ambos em Minas Gerais.
Kerley Wanderson Andrade – Nascido em Contagem (MG), é estudante do Curso de Graduação em Geologia do IGC – Universidade Federal de Minas Gerais, com previsão de término do curso para julho/2008. Teve experiência prévia como guia de ecoturismo na região da Serra da Canastra durante o período 2000-2003. Desde 2005, é Bolsista de Iniciação Científica no grupo de pesquisas coordenado pelo Prof. Mario L.S.C. Chaves, onde atua na área de geologia, prospecção e mineralogia do diamante, sendo ainda co-responsável pelo Laboratório de Minerais Pesados (CPMTC/IGC). Participou das propostas, já aceitas, da criação dos sítios geológicos “Morro da Pedra Rica” e “Canyon do Talhado”, ambos em Minas Gerais.
(*)Sinopse do currículo do candidato a autor com uma fotografia pequena tipo 3x4. Cada "minicurrículo" deverá ter no máximo 120 palavras e servirá, juntamente com uma versão em inglês a ser publicada para a publicação futura, como apêndice do artigo se a candidatura for aprovada e o artigo aceito para publicação. |
RESERVADO À SIGEP: DATA APROVAÇÃO DA PROPOSTA: 16/07/08 - MINUTA PREVISTA PARA: 31/08/08 |
COMENTÁRIOS,
CRÍTICAS E SUGESTÕES DA SIGEP
E DA COMUNIDADE GEOCIENTÍFICA
E RÉPLICAS DO PROPONENTE
Sou favorável à aprovação dos sítios propostos, tendo em vista
seu valor geomorfológico e cênico, e também histórico no caso do primeiro. Além
disso, encontram-se em áreas protegidas, um ponto que considero de significativa
importância para a aprovação de um sítio e a sua conservação.
Atenciosamente,
Antonio Carlos S. Fernandes (Representante da SBP na SIGEP)
Prezados Colegas,
Não estou certa da relevância desses dois sítios (além da beleza cênica e um
pouco de história...) e, dentre eles, menos ainda o da cachoeira .
..........
Celia
De: ricardolatge@petrobras.com.br [mailto:ricardolatge@petrobras.com.br]
Enviada em: segunda-feira, 14 de julho de 2008 11:38
Assunto: Re: RES: Propostas de sítios: "Pico do Itambé" e "Cachoeira da Casca
d'Anta", MG - AVALIAÇÃO PRELIMINAR
Companheiros
Sou favorável a inclusão do sítio Pico do Itambé, Serro, MG no SIGEP
Ricardo
Representante da PETROBRAS na SIGEP
..........................
Além do valor geológico do Pico do Itambé, gostaria de ressaltar aqui seu valor histórico-cultural por tratar-se de um marco geográfico importantíssimo. Seu destaque em altura na paisagem guiou os que cruzaram as Minas Gerais durante parte de nossa história colonial e, com certeza, também, os deslocamentos dos povos indígenas.
Esses marcos geográficos são muitas vezes chamados de “referências culturais”, pois são referenciados por inúmeras pessoas pela sua importância na paisagem, pelo valor afetivo que despertam, pela sua relação estreita com alguma cidade, pelo seu valor como elemento de contemplação, etc. No caso específico da região de Serro e Diamantina, há que se valorizar também a relação do Pico com estas cidades históricas tombadas e com o percurso do Caminho dos Diamantes, trecho da Estrada Real. (Diamantina, de onde se distingue tão claramente o Pico é, também, patrimônio mundial pela UNESCO.)
Concordo plenamente com a questão já destacada pelo representante da SBP: o fato do Pico do Itambé encontrar-se em área protegida é mais um dado a favor de sua inclusão.
Considero que o sítio deva ser incluído para “compor base de dados de nossos MONUMENTOS GEOLÓGICOS”, conforme definição da SIGEP.
Atenciosamente
Isolda Honnen - Iphan
Manfredo e demais,
Votos que faltam:
Sítios do Itambé e Cachoeira da Casca: Aprovados com restrições
(as mesmas colocadas em e-mail anterior do Manfredo, principalmente no que se
refere à Cachoeira da Casca).
Celia
Representante ABEQUA
AVALIAÇÃO FINAL DE PROPOSTA
DE DESCRIÇÃO DE SÍTIO GEOLÓGICO - PALEOBIOLÓGICO
Nome do Sítio:
Pico do Itambé, Serro, MGConsiderando os pareceres, comentários e réplicas constantes na página da proposta, as instituições membros da SIGEP, assim se pronunciam, através de seus representantes, quanto à proposta em epígrafe
INSTITUIÇÃO | PARECER Favorável Não favorável Abstenção Restrições/Exigências Não se pronunciou[Em banco] |
Academia Brasileira de Ciências – ABC | |
Associação Brasileira de Estudos do Quaternário – ABEQUA | Favorável |
Departamento Nacional de Produção Mineral – DNPM | |
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística-IBGE | |
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis– IBAMA | |
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN | Favorável |
Petróleo Brasileiro SA - PETROBRÁS | Favorável |
Serviço Geológico do Brasil – CPRM |
Favorável |
Sociedade Brasileira de Espeleologia – SBE |
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Sociedade Brasileira de Geologia – SBGeo |
Favorável |
Sociedade Brasileira de Paleontologia – SBP |
Favorável |