SIGEP - COMISSÃO BRASILEIRA
DE SÍTIOS GEOLÓGICOS E PALEOBIOLÓGICOS |
PROPONENTE
(preferencialmente deve ser o candidato a autor principal) |
1) CO-AUTORES: (Informar em ordem de importância: Nome completo, instituição, e-mail): João Marinho Milhomem Neto, Universidade Federal do Pará/PET-Geologia/SESu/MEC, milhomem@ufpa.br Eric Sandro Ferreira da Silveira, Universidade Federal do Pará/PET-Geologia/SESu/MEC, ericsilveira2@ig.com.br Nilson Mesquita, Cimentos do Brasil S/A (CIBRASA), nilsonmesquita@nassau.com.br |
2) NOME do SÍTIO (nome consagrado; se não existir, proponha um nome conciso que indique o tipo de sítio e/ou o local): (a) SUGESTÃO DE TÍTULO DO ARTIGO A SER ESCRITO (deve ser conciso e, preferencialmente, integrar o nome do Sítio): Mina B-17/Capanema-PA (b) SUGESTÃO DE SUBTÍTULO DO ARTIGO A SER ESCRITO (deve ser conciso e complementar ao título): Expressivo registro de uma paleolaguna do Cenozóico brasileiro
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3) TIPO DE SÍTIO:
[
]Astroblema [ ]Espeleológico
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4) LOCALIZAÇÃO
4.2. Coordenadas geográficas (Lat/Long) do centro da área: 10 10`S, 47013`W 4.3. Nome do local: Mina B-17 |
5) JUSTIFICATIVAS (para a inclusão como PATRIMÔNIO MUNDIAL DA HUMANIDADE): A inclusão da mina B-17 como patrimônio da humanidade justifica-se por se tratar do mais expressivo registro de uma paleolaguna do Cenozóico marinho do Brasil. A espessa seção de 20 metros, exibe um conjunto fossilífero singular no território brasileiro, cujas variações qualitativas e quantitativas aliadas às variações de aporte terrígeno revelam flutuações relativas do nível do mar, sistema deposicional similar ao atual existente entre os estados do Amapá e Maranhão. Aliado a isso, também a mina B-17 guarda o único registro fossilífero de cirrípedes balanomorfos da América do Sul. Estes crustáceos estão preservados em posição de vida, tridimensionais e com vestígios da coloração original. |
6) .BREVE DESCRIÇÃO DO SÍTIO: A Formação Pirabas ocorre descontinuamente nos estados do Pará, Maranhão e Piauí, sendo que suas principais ocorrências estão registradas no nordeste do estado do Pará. O arranjo de seus depósitos evidencia domínio geral de padrão progradacional, revelado pela superposição de fácies progressivamente mais costeiras, associadas à sistema deposicional contendo ilhas barreiras. Devido seu abundante e variado conteúdo fossilífero conter formas típicas de determinados subambientes possibilitou sua divisão em três fácies ecológicas: Castelo(mar aberto), Capanema(laguna) e Baunilha Grande(mangue), cujas áreas de ocorrência mais significativas são a Ilha de Fortaleza, a mina B-17 e a Ilha de Baunilha, respectivamente. A mina B-17 está localizada dentro do município de Capanema, nordeste do Estado do Pará. A espessa seção aflorante é composta por uma alternância de litofácies carbonáticas de coloração cinza, entre margas, calcilutitos, bioesparitos não estratificados, biocalcirruditos e argilitos, além de arenitos maciços no topo da seção, depositados em ambiente de plataforma restrita/lagunar de baixa energia, com relativas flutuações do nível do mar, que teve conexão com um sistema estuarino. O pacote sedimentar, com cerca de 20m de espessura, representa a ocorrência mais expressiva da ecofácies Capanema da Formação Pirabas, guarda uma grande abundância de microfósseis, paleoinvertebrados e paleovertebrados, cujos elmentos mais comuns são foraminíferos, ostracodes, corais anermatípicos, briozoários, moluscos e crustáceos decápodes, eurihalinos que associados sugerem ambiente lagunar eutrófico e bem oxigenado, de águas rasas, quentes, pouco agitadas, límpidas, com baixa taxa de sedimentação, afetado por ação de ondas e com salinidade oscilante entre normal, abaixo e acima da normal. Na seção colunar da mina B-17 ocorre um nível estratigráfico com 32cm de espessura, sem estruturação interna, rico em microfósseis, que guarda uma concentração fossilífera de cirrípedes balanomorfos, único registro deste grupo como fóssil no Cenozóico da América do Sul. Estes crustáceos são fixos a substratos rígidos nos ambientes intermarés, estuarinos e lagunares,não favoráveis à fossilização de elementos de sua biota. Na mina B-17 estão preservados tridimensionalmente, em posição de vida e com o biócromo (pigmento que dá a cor) preservado. Estas feições atestam evento de mortandade em massa, onde esta concentração fossilífera foi acumulada por ação de ondas de tempestade. Tais indivíduos foram provavelmente preservados em depósitos abaixo do nível de base das ondas de tempestade, por se tratarem de indivíduos sésseis da epifauna, cuja preservação in situ implica necessariamente na ausência de correntes de fluxo junto ao substrato. |
7) SITUAÇÃO ATUAL DE CONSERVAÇÃO E ÓRGÃO RESPONSÁVEL PELA PROTEÇÃO: As rochas da mina B-17 constituem uma importante jazida de calcário e são, atualmente explotadas para a indústria de cimento, pela Cimentos do Brasil S/A(CIBRASA). A atividade mineradora traz grandes benefícios sociais e econômicos para a região onde se situa. A solução encontrada para a preservação do conteúdo fossilífero tem sido um acordo entre os responsáveis pela mina e o Laboratório de Paleontologia (LabPaleo) da Universidade Federal do Pará(UFPa), onde sempre que há um desmonte, os paleontólogos são chamados para proceder coleta de exemplares, antes que os mesmos sejam destruídos ou soterrados nos rejeitos da mina. Para esta operação são envolvidos o coordenador, bolsistas e laboratórios do LabPaleo/UFPa, que usufruem de todo o apoio da CIBRASA. Experiências similares tem sido positivas no Brasil ao longo do tempo, tais como nas bacias de São José de Itaboraí (RJ) e Pernambuco-Paraíba (PE), em minas de calcário e evaporitos, respectivamente. Os autores sugerem ações integradas de instituições e órgãos para adoção de medidas de proteção, salvaguardando os interesses econômicos da CIBRASA, que detém os direitos de exploração mineral da área. |
8)
BIBLIOGRAFIA REFERENTE AO SÍTIO PROPOSTO (indicar em
destaque trabalhos dos candidatos a autor e co-autores): Távora, V.A.; Pontes, K.G.A. & Mesquita, N. 2005. Sistemática e Tafonomia dos Cirrípedes Balanomorfos da Formacão Pirabas (Eomiceno)- Estado do Pará. Arquivos do Museu Nacional, 63(3):459-470. Távora, V.A. & Araújo, T.C.C.2005. Tafonomia dos Foraminíferos da Ecofácies Capanema da Formação Pirabas (Mioceno Inferior), Estado do Pará. Paleontologia em Destaque, 49:28. Távora, V.A.; Imbeloni, E.F.F.; Cacela, A.S.M. & Baia, N.B.2004. Invertebrados. In: Rossetti, D.F. & Góes, A.M. (Eds.), O Neógeno da Amazônia Oriental, Editora do Museu Paraense Emílio Goeldi, Belém, p.111-131. Távora, V.A. & Marra, C.E.M.P.2003.Paleoecologia dos invertebrados da ecofácies Capanema da Formação Pirabas (Mioceno Inferior), Estado do Pará. Paleontologia em Destaque, 44:24-25. Martins, P.S. & Távora, V.A.2003.Isótopos estáveis de Carbono e Oxigênio em crustáceos decápodes e cirrípedes balanomorfos da ecofácies Capanema da Formação Pirabas (Mioceno Inferior), Estado do Pará. Paleontologia em Destaque, 44:40. Távora, V.A.; Mesquita, N.; Souza, S.R.; Cacela, A.S.M. & Teixeira, S.G. 2002. Sistemática e tafonomia dos crustáceos decápodes da ecofácies Capanema da Formação Pirabas (MIoceno Inferior), Estado do Pará. Revista Brasileira de Geociências, 32(2):223-230. Távora, V.A. & Souza, S.R.2000.Primeiro registro fóssil de Portunus spinimanus e Tetraxanthus rathbunae no Brasil- Formação Pirabas no Estado do Pará. In: CONGRESSO BRASILEIRO SOBRE CRUSTÁCEOS, 1, São Pedro, Programa e Resumos, Sociedade Brasileira de Carcinologia, p.191. Távora, V.A.; Souza, S.R. & Mesquita, N.2000. Um evento de mortandade em massa de crustáceos decápodes na Formação Pirabas (Eomioceno)- Estado do Pará. In: CONGRESSO BRASILEIRO SOBRE CRUSTÁCEOS, 1, São Pedro, Programa e Resumos, Sociedade Brasileira de Carcinologia, p.115. |
De: Celia Regina de Gouveia Souza [mailto:celia@igeologico.sp.gov.br]
Enviada em: quarta-feira, 26 de julho de 2006 11:11
Cc: 'Vladimir Távora'; João Marinho Milhomem Neto; Eric Sandro Ferreira da
Silveira; Nilson Mesquita
Assunto: RE: proposta SIGEP: MINA B-17/CAPANEMA-PA
Caros Colegas,
Coaduno com as reflexões de todos vocês.
Abraços,
Celia
Dra. Celia Regina de Gouveia Souza
Representante da ABEQUA
De: Celia Regina de Gouveia Souza [mailto:celia@igeologico.sp.gov.br]
Enviada em: quinta-feira, 27 de julho de 2006 13:11
Assunto: RE: Avaliação de propostas..
Concordo com a inclusão de todos esses sítios. São muito interessantes. Acho também que os dois primeiros deveriam também paleoambientais.
Sítios:
* MINA B-17/CAPANEMA-PA>
* BACIA CALCÁRIA DE SÃO JOSÉ DE ITABORAÍ - RJ
* ARMAÇÃO DOS BÚZIOS - RJ
Abraços, Celia
Dra. Celia Regina de Gouveia Souza
Pesquisadora Científica VI - Instituto Geológico-SMA
Concordo com a proposta de
sítio apresentada pelo Prof. Vladimir. E destaco que, independentemente, de se
tratar de uma área de mineração, é necessário, sim, ter o sítio descrito e
cadastrado na SIGEP, dada a sua singularidade, como bem destacou o autor: “
mais expressivo registro de uma paleolaguna do
Cenozóico marinho do Brasil”
Naturalmente, o processo de mineração que conduz à descoberta do
fóssil, pode revelar locais da frente de lavra com tendência à maior
incidência da presença fossilífera. E nesse sentido, entendo que é possível
conciliar o desenvolvimento da mineração com a preservação do sítio. Nesse
caso, a partir do diagnóstico de um especialista-paleontólogo, é possível ter
um entendimento com a empresa de mineração titular da área sobre a necessidade
de reservar para proteção permanente uma pequena área/afloramento de
representatividade do Sítio. E isso não é impossível. Cito o exemplo de uma
grande mineração de cobre no Chile, onde há o registro de um magnífico sítio
mineralógico perfeitamente preservado e cuidado pela empresa que se orgulha de
levar ao conhecimento de todos os visitantes.
Emanuel
Representante do DNPM
Seguindo as normas da SIGEP, comunico, com satisfação, que a sua proposta de descrição foi aprovada por ampla margem de votos de membros da SIGEP conforme pode ser visto na própria página da proposta https://sigep.eco.br/propostas/Mina_B_17_Capanema_PA.htm.
Assim, O SÍTIO "MINA B-17/CAPANEMA-PA ", passa a ser relacionado na lista de sítios aprovados, sob número 121 (https://sigep.eco.br/quadro.htm#1).
Isto considerado, aguardamos a elaboração do artigo com o qual se registrará em definitivo o sítio junto à SIGEP, juntamente com o elenco de propostas de preservação como patrimônio geológico, para publicação no volume II de SÍTIOS GEOLÓGICOS E PALEONOTLÓGICOS DO BRASIL.
As instruções para os autores pode ser vista em: https://sigep.eco.br/InstrucoesAutores.htm. Qualquer dúvida a respeito favor nos contactar.
Com vistas a publicação do volume II, o mais breve possível, estamos fixando o prazo de entrega dos novos trabalhos até outubro próximo.
Manfredo Winge
Representante da SBG
p/corpo editorial
c/c SIGEP
AVALIAÇÃO FINAL DE PROPOSTA
DE DESCRIÇÃO DE SÍTIO GEOLÓGICO - PALEOBIOLÓGICO
Nome do Sítio:
Mina B-17/Capanema-PAConsiderando os pareceres, comentários e réplicas constantes na página da proposta, as instituições membros da SIGEP, assim se pronunciam, através de seus representantes, quanto à proposta em epígrafe
INSTITUIÇÃO | REPRESENTANTE(S) | PARECER Favorável / Não favorável Abstenção / Não se pronunciou(aram) |
Academia Brasileira de Ciências – ABC | Diógenes de Almeida Campos | |
Associação Brasileira de Estudos do Quaternário – ABEQUA | Célia Regina de Gouveia Souza |
Favorável
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Departamento Nacional de Produção Mineral – DNPM | Emanuel Teixeira de Queiroz |
Favorável |
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis– IBAMA | Ricardo José Calembo Marra | |
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN | Isolda dos Anjos Honnen Carlos Fernando de Moura Delphin Célia Maria Corsino |
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Serviço Geológico do Brasil – CPRM | Carlos Schobbenhaus |
Favorável |
Sociedade Brasileira de Espeleologia – SBE | Mylène Luíza Berbert-Born Clayton Ferreira Lino |
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Sociedade Brasileira de Geologia – SBG | Manfredo Winge |
Favorável
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Sociedade Brasileira de Paleontologia – SBP | Antônio Carlos S. Fernandes |
Favorável
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