PROPOSTA de SÍTIO GEOLÓGICO DO BRASIL PARA REGISTRO NO
PATRIMÔNIO MUNDIAL(WORLD HERITAGE COMMITEE - UNESCO)

COMISSÃO BRASILEIRA DE SÍTIOS GEOLÓGICOS E PALEOBIOLÓGICOS
(DNPM-CPRM-SBG-ABC-SBP-IPHAN-IBAMA-SBE-ABEQUA)

Data da proposta: 25 de Setembro de 2001.

PROPONENTE -

Nome: Thomas Ferreira da Costa Campos
Endereço: Departamento de Geologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Fax: (84) 215-3806
Telefone: Trabalho (84)215-3808 ou Residencial (84)219-2271
email: tcampos@geologia.ufrn.br


1.Sugestão de AUTOR(ES) para eventual descrição detalhada do sítio:

Thomas Ferreira da Costa Campos (Departamento de Geologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte;  Fone (84) 215-3808; e-mail: tcampos@geologia.ufrn.br)

Lauro Stoll Valenti Nardi (Instituto de Geociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Fone: (51) 316-6364, e-mail: lnardi@if.ufrgs.br)


2.NOME do SÍTIO (use nome consagrado. Se este não existir, proponha um nome conciso que indique o tipo de sítio e/ ou o local):

  Dioritos Almofadados do Rio Espinharas


3. TIPO DE SÍTIO: ____[ ]Espeleológico _______[ ]Paleontológico ______[ ]Geomorfológico

[ ] Paleoambiental ____[X]Ígneo ______________[ ]Sedimentar ________[ ]Metamórfico

[ ] Mineralógico ______[ ]Estratigráfico _______[ ]Tectono-estrutural ___[ ]Metalogenético

[ ] História da Geologia [ ]Astroblema _________[ ]Outro:___________________________

[ ] Marinho-submarino______________ Obs.[ ]Inclui vestígios arqueológicos


4. LOCALIZAÇÃO

 4.1. Município/UF: São José de Espinharas, Paraíba;

 4.2. Lat/long (centro da área):??????

Em UTM: Zona:??  9253.910 N 679100 E

 4.3. Nome do local:  Fazenda Suécia.


5. JUSTIFICATIVAS para a inclusão como PATRIMÔNIO MUNDIAL:

Excelentes e raros exemplares de processo de mistura heterogênea de magmas, tanto pela sua grande dimensão como pela qualidade de afloramento. Este processo pode ser visualizado através de enclaves dioríticos microgranulares com aspectos almofadados, e contactos do tipo cúspide entre as rochas dioríticas e quartzo-monzoníticas a graníticas. 
Devido à área encontrar-se em terreno privado (Fazenda Suécia-PB), e de fácil acesso corre-se o risco do afloramento vir a se tornar uma pedreira para brita. Salienta-se que uma pequena parte deste afloramento já foi destruído, devido tanto a atividade garimpeira predatória em busca de schelita, como pela exploração de pedra para construção civil (brita e pedra de construção).


6.BREVE DESCRIÇÃO DO SÍTIO:

A área proposta para a criação do sítio geológico designada de Dioritos Almofadados do Rio Espinharas situa-se na província Borborema na região do Serido, abrange cerca de 1 km2 e faz parte do plutonito de Rio Espinharas-PB (Fig.1a, b e c), que por sua vez é composto por 3 tipos de rochas dominantes: sienogranito biotítico de idade Brasiliana (601 ± 29 Ma), diorito e quartzo-monzonito (porfiróide a não porfiróide) hornblêndico-biotítico. O contato entre estas rochas granitóides faz-se, no geral, de maneira difusa, a exceção do contato do diorito com o granito biotítico que é brusco. O padrão geoquímico das diferentes rochas granitóides, de seus minerais e de seus enclaves máficos microgranulares apresentam variações lineares de elementos maiores e traços, sugerindo a existência de um processo controlado por mecanismo de mistura heterogênea entre um magma básico e um ácido, seja por ação da difusão química como da acresção de material.
Os dioritos almofadados ou enclaves máficos microgranulares apresentam uma composição diorítica enriquecida em potássio e ocorrem amiúde em todas as rochas deste plutonito, possuem dimensões milimétrica à métrica Os contatos dos enclaves com a rocha hospedeira encontram-se controlado pelo tipo desta última, sendo geralmente difuso, localmente nítido, do tipo elipsóidal, endentado a cúspide e mais raramente sub-ângular (Fig.2 e 3). Os enclaves de maiores dimensões apresentam-se compostos, contendo outros enclaves de diferentes composições. Alguns enclaves existentes no seio granito biotítico mostra-se com contatos bruscos, sob a forma de "almofadas" (Fig.2, 4 e 5), nestas "almofadas" geralmente o endocontato é mais fino e mais máfico do que o seu interior. No geral, a forma dos enclaves está condicionada localmente pelo fluxo magmático na rocha hospedeira durante a sua cristalização. Por vezes aparecem megacristais de feldspato tanto no seio destes enclaves como cruzando o contato dos enclaves com a rocha hospedeira (Fig.6). Petrograficamente os enclaves são constituídos essencialmente por anfibolios, biotita, plagioclásio, apatita e mais raramente quartzo, feldspato potássico, zircão, epídoto e piroxénio. Tanto nas rochas hospedeiras como nos enclaves pode-se ainda observar textura poicilítica no plágioclásio, no anfibólio, na microclina, mais raramente na biotita. 
O padrão e modelamento geoquímico das rochas granitóides, enclaves, e seus minerais, em conjunto com a ubiqüidade da textura poicilítica nos diferentes minerais, e com a existência de: a) anfibólios cavernosos com extinção heterogênea (patch extinction); b) megacristais de microclina com inclusões ao longo de faces de crescimento; c) megacristal de plagioclásio envolvido por cristais de microclina (textura anti-rapakivi) bem como plagioclásios com zonamento complexo (alternância de zonas mais anortíticas e mais albíticas) e cristais esqueléticos de plagioclásio; d) cristais aciculares de apatita; e) enclaves máficos microgranulares de forma elipsoidal ou arredondada com contato lobado, edentado a cúspide, ocasionalmente com endocontato de granulação fina; sugerem tanto o arrefecimento rápido do magma básico no seio do magma ácido, como a interação físico-química entre os dois magmas, o que corrobora com as evidências de campo, geoquímicas e petrográficas de que os Dioritos Almofadados do Plutonito de Rio Espinharas-PB formaram-se a partir da mistura física de um magma básico com um magma granítico.


7. SITUAÇÃO ATUAL DE CONSERVAÇÃO E ÓRGÃO RESPONSÁVEL P/PROTEÇÃO:

O estado de conservação atual é ótimo. Contudo, pequena parte do afloramento encontra-se parcialmente destruído devido à atividade garimpeira predatória. Não existe nenhum órgão oficial que proteja a área, visto que esta pertence a uma entidade privada, nomeadamente Fazenda Suécia (PB).

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De: Manfredo Winge [mailto:mwinge@terra.com.br]
Enviada em: quarta-feira, 7 de maio de 2003 15:25
Assunto: NOVAS PROPOSTAS

Ao Presidente e demais membros da COMISSÃO SIGEP
apresento meu parecer sucinto referente as PROPOSTAS DE NOVOS SÍTIOS disponibilizadas no site da Sigep:

A- APROVO COM VISTAS AO REGISTRO EM BANCO DE DADOS NA INTERNET E POSTERIOR ANÁLISE E EVENTUAL SELEÇÃO PARA PUBLICAÇÃO EM LIVRO:
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B- APROVO COM RESSALVAS:
........................................
3- Dioritos Almofadados do Rio Espinharas - Thomas Ferreira da Costa Campos- tcampos@geologia.ufrn.br; Lauro Stoll Valenti Nardi - lnardi@if.ufrgs.br; TRATA-SE DE UMA BRECHA PLUTÔNICA DECORENTE DE MISTURA DE MAGMAS (SEGUNDO O PROPONENTE), PORTANTO O NOME NÃO É CONVENIENTE
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Manfredo Winge

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-----Mensagem original-----
De: Thomas Campos [mailto:tcampos@geologia.ufrn.br]
Enviada em: quinta-feira, 2 de outubro de 2003 18:02
Para: Manfredo Winge; Lauro Stoll Valentin Nardi
Assunto: PROPOSTA de SÍTIO GEOLÓGICO DO BRASIL PARA REGISTRO NO PATRIMÔNIO MUNDIAL
Prioridade: Alta

Caro Manfredo

Sinceramente eu não vejo onde vocês descobriram a tal brecha plutônica nos afloramentos do plutonito de Rio Espinharas, pois nem no texto nem nas fotografias que lhe enviei existe alguma sugestão para tal hipotese. Se o que vocês afirmam for verdade, gostaria que me provasem cientificamente a existência deste fato, e que levou o comitê a afirma que o nome de dioritos almofadados do Rio Espinharas não se coaduna com o texto apresentado. Saliento ainda que em toda a literatura que trata de mistura de magma é utilizado o termo "pillow-like structure" para corpo magmáticos de composição máfica que se esfriam bruscamente quando em contacto com magmas de composição mais félsica e mais viscoso.
Por favor, para mais esclarecimento consultem as seguintes publicações: Campos, T.F.C., Neiva, A.M.R. & Nardi, L.S.V., 2002: Geochemistry of the Rio Espinharas hybrid complex, northeastern Brazil. LITHOS, 64: 131-153, bem como a minha tese de doutorado arquivada na biblioteca do Instituto de Geociências da UFRGS e entitulada Geoquímica de rochas granitóides e seus minerais do batólito de Serra Negra do Norte-RN e Rio Espinharas-PB, Nordeste do Brasil.
Atenciosamente e sempre ao vosso dispor
Thomas Campos
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Geochemistry of the Rio Espinharas hybrid complex, northeastern Brazil, Pages 131-153
T. F. C. Campos, A. M. R. Neiva and L. V. S. Nardi
Abstract | Full Text + Links | PDF (873 K)
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-----Mensagem original-----
De: Manfredo Winge [mailto:mwinge@terra.com.br]
Enviada em: quarta-feira, 8 de outubro de 2003 16:30
Assunto: RES: PROPOSTA de SÍTIO GEOLÓGICO DO BRASIL PARA REGISTRO NO PATRIMÔNIO MUNDIAL

Prezado Thomas,
antes de mais nada, minha posição é de que a sua proposta deva ser aprovada: o sítio, objeto de sua tese, mostra feições (conforme podemos ver na sua foto anexa) de importante(s) processo magmático da história geológica da região.

Com relação à minha (não da comissão) sugestão de mudar a designação "Diorito almofadado": - o termo almofada (pillow structure) já está consagrado para as típicas estruturas de derrames vucânicos sub-aquáticos em um contexto geológico/geotectônico muito especial, daí a minha restrição quanto ao uso desse termo, apesar de que em uma mistura de magmas de basicidade contrastante poderem ser criadas formas semelhantes ("pillow like structure") e em um processo semelhante ao subaquático com injeção de magma básico em uma câmara magmática ácida.
Por outro lado, o termo brecha plutônica que usei realmente tambem é problemático pois "breccia" pressupõe envolvimento de fragmentos (já rígidos), geralmente angulosos, solidificados do mesmo magma (autólitos) ou de outras rochas (xenólitos). No caso de injeção múltipla de magmas em que se misturam "fragmentos" de magma básico resfriado por magma ácido 300-400 graus(?) mais frio, realmente o termo "brecha plutônica" é questionável, ainda mais quando grande parte das feições não são tipicamente fragmentárias, mas sim em apófises e vênulas com entrada de magma ácido (reaquecido??) no magma básico (parcialmente solidificado?), conforme sugere a sua foto.
Sugestões de título para decisão dos autores (há tempo até a publicação!!): Pseudo-pillows dioríticas..; Enclaves dioríticos de mistura magmática.. ; Diorito "almofadado" (entre aspas)..; "Pillows" plutônicas .... Lembrar tambem que, conforme o volume 1, para cada sítio (capítulo) se terá um título sucinto e um sub-título que enfatiza a importância do Sítio; assim, talvez caiba expressar de forma mais completa a importância da feição no subtítulo.
Aproveitando: não sei se vc já me mandou as coordenadas limites em lat-long (Geográficas) de retângulo envolvente à área (precisão de minuto está OK): coordenadas UTM exigem a disponibildade de mapa local e indicação da Zona UTM para situarmos a área.

Abraços
Manfredo
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De: Thomas Campos [mailto:thomascampos@geologia.ufrn.br]
Enviada em: quarta-feira, 9 de maio de 2007 07:22
Assunto: Res: ENC: Email aos proponentes de Sítios ainda não descritos

Em relação ao Sítio 108 Dioritos do Rio Espinharas, ele está quase pronto para a publicação. Só falta refazer as fotos (aumenta a resolução).
Acredito que até´O próximo dia 15 de Maio lhe estarei enviando O texto para ser publicado no volume III do SIGEP.
Um Grande abraço,

Thomas