Vulcanismo Rodeio Velho do Arroio Carajá, Caçapava do Sul, RS
SÍTIO DISPONÍVEL PARA
CANDIDATURA À DESCRIÇÃO USANDO FORMULÁRIO
e observando que o sítio a ser descrito deve ser o mesmo sítio já aprovado
quanto a área abrangida, tipologia... Se houver diferenças significativas, deve
ser proposto novo sítio
Manfredo Winge
3. Arroio Carajá, Caçapava do Sul, Rio Grande do Sul Wilson Wildner; Ricardo Cunha Lopes; Evandro Fernandes de Lima |
Ígneo |
Um dos mais bem preservados exemplos de manifestações vulcânicas do limite Neoproterozóico-Paleozóico. |
ANEXO:
Vulcanismo Rodeio Velho do Arroio Carajá
Evandro F. de Lima, Wilson Wildner, Ricardo Cunha Lopes, Carlos Augusto Sommer, Breno Leitão Wiachel
Manifestações vulcânica andesíticas na forma de traps, intercalados concordantemente com arenitos arcosianos relacionados a deposição da Formação Santa Bárbara, foram denominadas pôr Ribeiro et al. (1966) como Membro Rodeio Velho. Tais manifestações, embora cartografadas em mapeamentos geológicos rescentes, não foram ainda estudadas com o devido detalhamento, resumindo-se ao posicionamento geográfico e a descrições sumárias de suas ocorrências, situadas ao sul da Mina de Camaquã (região de Caçapava do Sul - RS), na localidade de Rodeio Velho, e a sul do Passo do Correio. Este evento vulcânico representa as últimas manifestações vulcânicas ocorridas durante o Cambro-ordiviciano, no final do Ciclo Orogenético Brasiliano, associado aos depósitos terrígenos das bacias do Camaquã e Santa Bárbara .O Membro Rodeio Velho, foi descrito por Ribeiro et al. (1966) como um evento vulcânico formado pôr um mínimo de três derrames de andesitos vesiculares, com uma espessura estimada de cerca de 100 metros, , isentos de evidências de atividades explosivas e mostrando superfícies onduladas. Trabalhos recentes efetuados sobre este vulcanismo, Lima et al. (1995), tem demostrado uma complexa estruturação destes depósitos, com a preservação de estruturas de derrames de lavas compostas dos tipos em corda e aa, e que são aqui detalhadas, identificando-se estruturas de fluxo inflado e do tipo festão em corda. Os derrames ocorrem na forma de lóbulos lenticulares medindo entre 0.5 e 2.0 metros de espessura, contendo lôbulos ocos decimétricos nas porções distais. O topo e a base dos derrames são altamente vesiculados, compondo até cerca de 40% dos depósitos, muitas vezes contendo amígdalas na forma de pipes concentrados nas porções basais. As texturas e estruturas identificadas nestes depósitos representam formas características de derrames de lavas toleíticas hawaianas do tipo pahoehoe, cujas descrições representam o ponto central deste trabalho. a formação de feições vulcânicas singulares como lôbulos de lava, esta diretamente relacionada a viscosidade do magma quando da sua extrusão, bem como da sua taxa de efusão, tendo sido descritos no Arquipélago Hawaiano e nas províncias quaternárias basálticas da Austrália (Hon et al. 1994).Estes autores descrevem que tubos de lavas, estão diretamente relacionados a fluxos laminares inflados de lavas do tipo pahoehoe, normalmente de baixo volume (0.1 - 10km3), apresentando superfícies de derrames que são típicas, geradas pelas diferenças de velocidade e de suprimento de lavas. A medida que ocorre uma diminuição no suprimento na área fonte o fluxo naturalmente decresce, promovendo um rápido resfriamento da crosta externa do derrame. Em um primeiro momento, a crosta resfriada apresenta uma alta plasticidade, funcionando como uma película que serve para reter o fluxo de lavas que vão se acumulando pôr sob esta membrana, formando os fluxos inflados. São estruturas típicas destes derrames, estruturas do tipo pahoehoe, criadas em resposta as pressões internas geradas pelo aporte constante de lava. Após uma cristalização de cerca de 2 a 5 cm da porção externa dos derrames, o comportamento passa a ser gradativamente mais rígido, imprimindo uma resistência ao fluxo da lava, gerando o rompimento e a fragmentação das porções frontais dos lóbulos inflados, formando depósitos de lavas em bloco ou do tipo aa. Cas & Wright (1987), analisando a construção de lôbulos de lava, consideram que ocorre um fluxo laminar incandescente que desloca-se gradualmente desenvolvendo a cristalização de uma carapaça a qual forma um teto e porções laterais ao fluxo, forçando a lava a inicia a escolher caminhos preferenciais mais restritos, os quais podem resultar na geração de canais ou tubos de lava, os quais servem como dutos para o escoamento da demanda de efusão. Quando cessa o suprimento de magma ao longo deste, ou ocorre o rompimento da crosta do tubo, o escoamento da porção líquida interna pode deixar canais internos ocos. O escoamento de lava pode levar a formação de novos tubos, que poderão coalescer, cortar-se ou se deslocar paralelamente, determinando um complexo padrão. O deslocamento de fluxos espessos e rápidos de lavas geralmente acarretam a geração de tubos com tendência retilínea, enquanto que deslocamentos mais lentos de fluxos pouco espessos tendem a formar padrões meandrantes. estruturas do tipo festão em corda, representam a superfície enrugada de forma assimétrica da porção superior dos derrames, a qual é gerada pelo amarrotamento de uma fina crosta quente e flexível que recobre os fluxos inflados, caracteristicamente ao longo de canais assimétricos onde ocorrem fluxos não-newtonianos, gerando um enrugamento assimétrico da superfície externa do derrame ainda plástico. As vesículas do tipo pipe, ou amígdalas se preenchidas, são de ocorrência comum próximo a base dos derrames do tipo pahoehoe, conforme descritas pôr Walker (1987), servindo como um sensível indicador geopetal e de paleomergulhos. formam-se apenas em lavas cujo mergulho do substrato não ultrapasse os 4o, as distâncias das áreas de vent parecem não ter influências sobre sua geração; apresentam-se normalmente com 3 a 8 mm de seção transversal, e 2 a 3 cm de comprimento. iniciam tipicamente a alguns centímetros da base dos derrames, sugerindo que sejam formadas pelos gases exsolvidos no magma, e não trapeados da superfície do terreno ou da atmosfera.
Referências Bibliográficas:
Hon, K.; Kauahikaua, J.; Delinger, R, and Mackay, K. 1994. Emplacement and inflation of pahoehoe sheet flows: Observations and measurements of active lava flows on Kilauea Volcano, Hawaii. Geol. Soc. Am. Bulletin, 106, p.351-370.
Walker, G.P.L. .1987. Pipe vesicles in Hawaiian basaltic lavas: Their origin and potential as paleoslope indicators. Geology, 15,p.84-87.
CAS,R.A.F.; WRIGHT, J.V.1987. Volcanic Successions - modern and ancient: a geological approach to processes, products and successions. 1 ed.London, Allen & Unwin, 528p.
Ribeiro, M.; Bocchi, P.R.; Figueiredo filho, P.M. e Tessari, R.I. 1966. Geologia da Quadrícula de Caçapava do Sul, R.G.do Sul - Brasil. DNPM, (Boletim especial no 127).
Lima, E.F.de,; Wildner, W.; Lopes, R.C. da C.; Sander, A. e Sommer, C.A. (1995) Vulcanismo neoproterozóico associado às bacias do Camaquã e Santa Barbara - RS: uma revisão. In:Simp. Sul-Bras. Geol.,6, Enc. Geol. Cone Sul,1,Porto Alegre, Resumos ..SBG, 197-199.