Transamazônico
Ciclo geodinâmico mais importante na formação da crosta continental da Plataforma Sul-Americana, desenvolvido no Paleoproterozóico, entre 2,26 Ga e 1,86 Ga.
Registros geocronológicos indicam que o Ciclo
Orogênico Transamazônico (definido por
Hurley et al.,
em 1967), amplamente distribuído, foi provavelmente o mais importante evento de
formação da crosta continental. A curva de crescimento continental derivada de
medições Sm/Nd indica que no final do Ciclo Transamazônico esta era de ~80% e no
fechamento do Ciclo Brasiliano, no final do Neoproterozóico, era de ~ 98%. Os
cinturões colisionais transamazônicos datados em cerca de 2,1 - 1,9 Ga, podem
indicar um período de formação de um supercontinente (Atlântica?), cuja quebra
produziu os fragmentos cratônicos que mais tarde se aglutinaram para formar
Rodínia (Cordani
et al. 2000).
No Cráton do São Francisco o Ciclo Transamazônico inicia em ~2,5 Ga com a
fragmentação ou tafrogênese de uma massa continental e desenvolvimento da
margem passiva Minas (Supergrupo Minas) que se estende para norte do cráton,
tendo como potencial representante a base do Grupo Jacobina. O clímax da
convergência dá-se a 2,1 Ga. No sul do Cráton São Francisco o orógeno (Cinturão
Mineiro) entra em colapso já por volta de 2,06 Ga. No norte, na Bahia, o avanço
do front orogênico em direção ao antepaís persiste até o intervalo compreendido
entre 2,0 e 1,9 Ga. As colisões que terminaram no período Orosiriano podem ter
conduzido à formação de um hipotético supercontinente (Atlântica), sobre o qual
desenvolveu-se, no período Estateriano, por volta de 1,75 Ga, uma rede de riftes
ensiálicos (Tafrogênese Estateriana). Neles depositaram-se sedimentos
continentais intercalados com lavas ácidas e capeados por depósitos marinhos do
Supergrupo Espinhaço,em Minas Gerais e Bahia, e Grupo Araí, em Goiás (Alkmim,
2004).
Nas partes norte e nordeste do Escudo das Guianas o Ciclo Transamazônico é
caracterizado por um primeiro evento, entre 2,26 Ga e 2,11 Ga, com formação de
terrenos granito-greenstone e predomínio de acreção continental de material
derivado do manto e por um segundo evento, entre 2,0 Ga e 1,86 Ga, com processos
de retrabalhamento crustal predominante (Tassinari
et al., 2000).
Cronologia mais detalhada do Ciclo Transamzônico foi obtida na Guiana
Francesa, onde sua evolução é apresentada em termos de um crescimento crustal
de multi-estágios com reciclagem arqueana e acreção paleproterozóica juvenil e
retrabalhamento. A evolução iniciou com a formação de uma crosta oceânica
juvenil em 2,26 -2,20 Ga. Entre 2,18 e 2,13 Ga ocorreu período de dominante
magmatismo tipo TTG sincrônico com a geração de greenstone belts. Entre 2,11 e
2,08 Ga ocorreu magmatismo granítico e localmente intrusões gabróicas em
resposta ao fechamento de bacias de arcos vulcânicos, contemporâneo com um
processo de migmatização. Entre 2,08 e 2,06 Ga é definido um episódio
tectônico. No Suriname esse episódio é relacionado à formação de faixas
granulíticas entre 2,07 e 2,05 Ga (Delor
et al. 2003).
[Ver na
distribuição de eras no Brasil - Paleoproterozóico]
[Ver Texto complementar de Brito Neves:
CICLOS
TANSAMAZÔNICO E BRASILIANO]
[Ver distribuição de terrenos paleoproterozóicos em
[Autor: Schobbenhaus,C.]-
Em:24/1/2018
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